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[Archport] Fwd: Trabalho e pagamento em Arqueologia: uma obra no concelho de Alcácer do Sal

Subject :   [Archport] Fwd: Trabalho e pagamento em Arqueologia: uma obra no concelho de Alcácer do Sal
From :   João Magalhães Moreira <jfmmoreira@gmail.com>
Date :   Thu, 4 Feb 2010 17:26:16 +0000

Quase 10 dias depois, importa questionar: alguém aceitou este trabalho? Em que condições? Alguém mais, porventura, se preocupou com a questão do valor dos pagamentos aos arqueólogos portugueses/condições de trabalho? Alguém fez alguma coisa no sentido de melhorar quer pagamentos, quer condições de trabalho? E o mil e umas vezes falado Sindicato? E a mil e uma vez falada Ordem?


Um abraço,
João Magalhães Moreira
 
No dia 26 de Janeiro de 2010 17:34, Jorge Feio <jorgefeio77@hotmail.com> escreveu:

Foi recentemente colocado aqui um post a informar da necessidade de contratação de um arqueólogo para uma obra a cerca de 30km para Este de Alcácer do Sal.

 

Trata-se efectivamente de uma obra a cerca de 30km para sul, mais exactamente no Torrão, da responsabilidade da E. P.

 

Tendo sido contactado para o trabalho, em resposta ao envio do curriculum vitae, constatei que o empregador é uma empresa de trabalho temporário.

 

Foi-me feita a seguinte proposta: 800€ mensais, mais os duodécimos do subsídio de féria e do subsídio de Natal e ainda subsídio de alimentação. Feitos os descontos, iria receber "limpos" 880€. Teria direito a férias e a indemnização de final de contrato. O carro seria o meu, bem como o pagamento de combustível.

 

Acrescente-se que a empresa prefere arqueólogos da zona (Alvito, onde moro, fica a 23km do Torrão) para não pagar alojamento.

 

Dividindo o vencimento limpo por 30 dias, como se faz na função pública, iria receber 29,33€ por dia. Uma Fortuna!!!

 

Fazendo contas, um arqueólogo em início de carreira na função pública (o correspondente ao antigo técnico superior de 2ª) auferirá este ano cerca de 1380€ brutos mensais. Ora multiplicando por 14 meses (12+subsídio de natal+subsídio de férias) dá a bonita soma mensal de 1610€. Depois de pagos os impostos, receberá o equivalente a 1308€ mensais (recebendo a verba repartida por 12 meses) mais o subsídio de alimentação que é de 5,25€/dia e que multiplicado por 22 dias dá 115,5€. Ora 1308€+115,5€=1423,5€ (=47,45€/dia).

 

Continuando a fazer contas, 1423,5€-880€=543,5.

 

Ou seja, se alguém aceitar esta proposta irá perder, comparando o que mereceria auferir com que irá receber na realidade, apenas 543,5€ "líquidos"por mês e 6522€ ao fim de um ano.

 

Isto fora o cálculo das horas extraordinárias, onde se receberia pouco mais de metade do que é justo.

 

 

 

Como é ÓBVIO EU NÃO ACEITEI, mais não seja pela dignidade que a nossa profissão merece. Nós não somos menos que os engenheiros ou que os arquitectos para auferirmos o mesmo que um trolha numa obra das Estradas de Portugal.

 

Basta acrescentar as seguintes contas: 200€ para gasóleo + 150€ para alimentação + 200€ (no mínimo) para alojamento (para quem precisar)= 550€. Sobram 330€ para pagar o desgaste do carro e outras despesas que tenhamos.

 

Sabendo-se que as Estradas de Portugal têm arqueólogos nos quadros, será que eles concordam com estes pagamentos ultrajantes que as empresas que eles contratam para obtenção de serviços qualificados de quadros especializados propõem aos próprios colegas de profissão?

 

Se calhar concordam, a bem da estabilidade financeira de uma empresa que lucra milhões de euros todos os anos e recebe verbas a partir dos impostos que todos pagamos.

 

Eu não aceitei uma obra que irá iniciar-se pouco depois de eu terminar o acompanhamento onde me encontro. Se calhar até não vou ter trabalho durante algum tempo, mas eu quero pertencer a uma classe respeitada, que aufira os honorários que merece. Na proposta que apareceu na internet observava-se ainda um pequeno ponto onde se encontrava escrito que "a remuneração seria equivalente à experiência do arqueólogo a contratar". Como eu tenho quase 10 anos como profissional, calculo quanto irá auferir alguém com menos tempo de experiência.

 

Certamente alguém irá aceitar. É pena, pois assim nunca poderemos exigir que nos respeitem. Se ninguém aceitar, terão de aumentar o valor da proposta, porque é OBRIGATÓRIO O ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO DAQUELA OBRA.

 

Um abraço,

 

Jorge Feio

 



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