[Archport] Mais sobre o cais em Angra

[Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>]

REVELA VASCO CORDEIRO
Cais de cruzeiros de Angra em estudo até Junho

Publicado na União, quarta-Feira, dia 24 de Fevereiro de 2010

O estudo para a construção do Terminal de Cruzeiros de Angra do
Heroísmo deve ser apresentado até ao final do primeiro semestre deste
ano, revelou o secretário regional da Economia, Vasco Cordeiro.

“O estudo técnico que está em elaboração tem em conta a construção de
uma gare, o impacto ambiental e a preservação dos achados
arqueológicos que se encontram depositados no fundo da Baía de Angra
do Heroísmo”, assegurou.

O secretário regional da Economia falou segunda feira à noite em Angra
do Heroísmo perante cerca de 150 pessoas que participaram no primeiro
de uma série de debates promovidos pelo Instituto Histórico da Ilha
Terceira sobre a intenção do executivo regional de construir um
terminal de cruzeiros na baía da cidade património mundial.

Este ciclo de debates, denominado ‘Angra Cidade Transatlântica - Que
futuro’, decorre até Junho, com a participação de personalidades do
mundo político, económico, empresarial e cultural, tendo em vista
apurar o impacto da construção de um terminal de cruzeiros na baía que
acolheu as naus dos Descobrimentos.

Vasco Cordeiro frisou que a construção do terminal não representa “um
ato de imitação do que foi feito noutras ilhas”, salientando que a
escolha resulta “do potencial que encerra a relação da cidade
Património Mundial com o mar, contribuindo para a sua valorização”.

“O principal impacto dos turistas de cruzeiros não é na hotelaria mas
no comércio e na restauração”, afirmou, acrescentando que o Terminal
de Cruzeiros de Angra do Heroísmo se integra “numa estratégia regional
como destino turístico de cruzeiros, incluindo os temáticos” que terão
por base os portos de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.

Os participantes neste debate, mais do que questionar se a obra deve
ou não ser realizada, quiseram saber porque se escolheu Angra do
Heroísmo para construir o cais de cruzeiros, se ele não coloca em
perigo os achados arqueológicos existentes na baía e se existe um
estudo de viabilidade económica.

Relativamente aos achados arqueológicos, Vasco Cordeiro assegurou que
“a lei criada pelo governo regional para a sua protecção vai ser
rigorosamente cumprida”.

No que se refere à viabilidade económica de um cais de cruzeiros em
Angra do Heroísmo, o secretário regional da Economia salientou que “os
primeiros dados” indicam que ela existe.

“Sem esse estudo, que garanta que o investimento tem retorno, não
haverá qualquer financiamento da União Europeia e nós queremos que o
apoio seja dado e, por isso, os dados estão ainda a ser trabalhados”,
afirmou.

Depois de recordar que a promessa de construir o terminal de cruzeiros
em Angra do Heroísmo não foi contestada pelos partidos da oposição em
dois actos eleitorais sucessivos, Vasco Cordeiro defendeu que esta
obra “visa objectivamente privilegiar Angra do Heroísmo, valorizando
também a promoção e projecção do destino Açores”.

Com esta opção, Angra do Heroísmo ficará com a vertente de
passageiros, enquanto o Porto Oceânico da Praia da Vitória será
vocacionado para o movimento de cargas.





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Planear = Experimentar
Publicado na União, quarta-Feira, dia 24 de Fevereiro de 2010, por Artur Lima

Na passada 2.ª feira, assisti a um debate promovido pelo Instituto
Histórico da Ilha Terceira, onde participou o Secretário da Economia,
sobre a construção do Cais de Cruzeiros em Angra do Heroísmo.


Três notas prévias: Felicitar o Instituto Histórico pela iniciativa;
Saudar o governante que acedeu ao convite; Manifestar satisfação pela
excelsa sala de terceirenses que ali se formou para discutir o
assunto.
A intenção de fazer a obra foi usada pelo PS em duas campanhas
eleitorais. Em qualquer dos casos (e ainda hoje) ninguém conhece os
estudos, nem os projectos que terão levado o Governo a dizer: - o cais
de cruzeiros é em Angra e ponto final!
Aliás, ficamos a saber que depois da decisão política é que se estão a
fazer os estudos. Ou seja, o PS disse primeiro que ia fazer um cais de
cruzeiros, mas só agora é que está a estudar a sua viabilidade.
Alegadamente, esta obra passará por uma estratégia regional de
dinamização do turismo de cruzeiros. Alegadamente…
Lembro-me que há 4/5 anos atrás a mesma convicção que agora é
manifestada relativamente a Angra, foi defendida face à localização de
tal terminal na Praia da Vitória. Lembram-se de alguém com altas
responsabilidades públicas dizer que iriam aumentar o terrapleno do
Porto da Praia para recepção de cruzeiros? E a gare marítima de
passageiros, não está construída no Porto da Praia?
Para mim, enquanto terceirense, não me satisfaz esta política de
dividir o mal pelas aldeias para contentar todas as capelinhas. Isto
é, não quero que se faça em Angra ou na Terceira, porque já se fez em
Ponta Delgada, ou em São Miguel. Defendo a intervenção pública numa
ilha desde que integrada numa estratégia de desenvolvimento sustentado
da Região. Só assim faz verdadeiramente sentido o investimento
público.
Desta discussão tiramos algumas conclusões: desde logo que o cais de
cruzeiros, politicamente, agora, é para fazer em Angra; não existem
quaisquer estudos prévios que indiquem como será feita a obra e qual a
sua viabilidade; ninguém consegue explicar o binómio custo-benefício
do cais, nem tão-pouco dizer quanto custará!?
Ou seja, estamos perante mais uma experiência. E o que nos tem custado
tanto (mesmo muito) são as experiências em demasia, em vez do
planeamento atempado e rigoroso. Definitivamente, para este Governo,
planear é igual a experimentar!