Meu caro Jorge Pinho,
antes de mais, as minha desculpas pelo
atraso na resposta, o meu computador lia mensagens, mas não as enviava. Três
notas rápidas:
1. onde foi buscar a ideia que eu
estava de acordo com os salários baixos que algumas empresas praticam? Não há
uma palavra do mail que o diga ou sequer permita entender. É aliás esta uma das
várias razões que me levam a defender a urgente criação de um Sindicato, e não
de uma Ordem. Um Sindicato luta (em princípio, claro) pelos direitos dos
trabalhadores. Uma Ordem é uma coisa muito diferente e no horizonte vemos já a
fila de mandarins que esperam chegar a bastonários. Mais do que um programa,
vemos interesses. Os Sindicatos podem ser muita coisa, mas algo é certo: patrões
neles não vemos. Os donos de empresas podem participar em associações (como a
APA, por exemplo, que já existe), não em Sindicatos. Note que, como arqueólogo
independente, o que tenho contra as empresas tem que ver não com o facto de
serem empresas, cujo objectivo é naturalmente o lucro, mas com o que acontece ao
que para a maioria delas é um subproduto, a Arqueologia. Com as excepções que
conhecemos e uma delas é certamente a Arqueohoje.
2. Depois, a questão da FNAC. Não pense
que sou um admirador acrítico da coisa. Mas o exemplo que escolhi derivou da sua
referência. Muito parecida à questão das cenouras ou do leite, que a extrema
direita (note bem que isto não é consigo) tanto usa. Se o leite holandês é mais
barato (e as cenouras francesas também) o que é que faz uma família portuguesa?
o patriotismo é bonito, mas perigoso e ideologicamente ambíguo. Quando
envolve os salários de pessoas que ganham mal (não só os arqueólogos que vivem
neste País) então há opções. Não tenho nada contra a defunta Valentim de
Carvalho, mas lá que os preços que praticava eram escandalosos, lá isso eram. E
quando quero comprar um livro, vou à FNAC ou ao Corte Inglês, onde sempre há 10%
de desconto... que os tempos vão maus para todos...
3. finalmente, a história do gauchismo.
Não me leve a mal, que eu também não. Como disse, a FNAC foi fundada por dois
activistas do Maio de 68 e a ideia estava longe de ser má. Foram «vítimas» do
seu próprio sucesso e a ideologia eventualmente esquecida perante o grande
sucesso financeiro. É a vida, como dizia o outro.
Claro que todas as empresas exploram os
seus assalariados. É a lógica do sistema em que tantos votam com regularidade.
Quem os defende (melhor ou pior)? Bem, a mim parece-me que os Sindicatos. E tudo
volta ao mesmo...
Acabamos por aqui, de
acordo?
Cumprimentos
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