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[Archport] Res: Re: Fnac

Subject :   [Archport] Res: Re: Fnac
From :   "Paulo Monteiro" <pmonteiro@ntasa.pt>
Date :   Tue, 16 Mar 2010 11:58:39 -0000

Eu tenho esta pecha de não conhecer as pessoas que lidam com a arqueologia em Portugal (para lá dos que foram meus professores, devem contar-se pelos dedos de duas mãos as pessoas que são assinantes desta lista e que eu conheço cara a cara) a não ser por aquilo que elas escreveram, em artigos ou livros.

Perguntava então ao professor Vitor Gonçalves quem são os mandarins que se perfilam no horizonte na esperança de serem bastonários desta putativa ordem agora em discussão e que interesses são esses que vislumbra por detrás desta convocatória que, recordo, é pública e apela à participação de todos. E gostava de uma resposta com hombridaden se lhe fosse possível.

Eu sei que a má língua, a aleivosia, a inveja, a mediocridade, a difamação histriónica, o cinismo e as afirmações dúbias e/ou herméticas e paternalistas são tudo ganga que cobre desde há muito esta longa noite das facas longas em que vivem os actores da arqueologia portuguesa, mas que tal, só assim para variar, começar a chamar os bois pelos nomes da forma como cada um os vê?

Talvez esta atmosfera ficasse um pouco mais limpa e pudéssemos começar a discutir ideias ao invés de pessoas.






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De: archport-bounces@ci.uc.pt
Para: ARCHPORT
Enviada em: Tue Mar 16 11:37:37 2010
Assunto: Re: [Archport] Fnac

Meu caro Jorge Pinho,
antes de mais, as minha desculpas pelo atraso na resposta, o meu computador lia mensagens, mas não as enviava. Três notas rápidas:
1. onde foi buscar a ideia que eu estava de acordo com os salários baixos que algumas empresas praticam? Não há uma palavra do mail que o diga ou sequer permita entender. É aliás esta uma das várias razões que me levam a defender a urgente criação de um Sindicato, e não de uma Ordem. Um Sindicato luta (em princípio, claro) pelos direitos dos trabalhadores. Uma Ordem é uma coisa muito diferente e no horizonte vemos já a fila de mandarins que esperam chegar a bastonários. Mais do que um programa, vemos interesses. Os Sindicatos podem ser muita coisa, mas algo é certo: patrões neles não vemos. Os donos de empresas podem participar em associações (como a APA, por exemplo, que já existe), não em Sindicatos. Note que, como arqueólogo independente, o que tenho contra as empresas tem que ver não com o facto de serem empresas, cujo objectivo é naturalmente o lucro, mas com o que acontece ao que para a maioria delas é um subproduto, a Arqueologia. Com as excepções que conhecemos e uma delas é certamente a Arqueohoje.
2. Depois, a questão da FNAC. Não pense que sou um admirador acrítico da coisa. Mas o exemplo que escolhi derivou da sua referência. Muito parecida à questão das cenouras ou do leite, que a extrema direita (note bem que isto não é consigo) tanto usa. Se o leite holandês é mais barato (e as cenouras francesas também) o que é que faz uma família portuguesa? o patriotismo é bonito, mas perigoso e ideologicamente ambíguo. Quando envolve os salários de pessoas que ganham mal (não só os arqueólogos que vivem neste País) então há opções. Não tenho nada contra a defunta Valentim de Carvalho, mas lá que os preços que praticava eram escandalosos, lá isso eram. E quando quero comprar um livro, vou à FNAC ou ao Corte Inglês, onde sempre há 10% de desconto... que os tempos vão maus para todos...
3. finalmente, a história do gauchismo. Não me leve a mal, que eu também não. Como disse, a FNAC foi fundada por dois activistas do Maio de 68 e a ideia estava longe de ser má. Foram «vítimas» do seu próprio sucesso e a ideologia eventualmente esquecida  perante o grande sucesso financeiro. É a vida, como dizia o outro.
 
Claro que todas as empresas exploram os seus assalariados. É a lógica do sistema em que tantos votam com regularidade. Quem os defende (melhor ou pior)? Bem, a mim parece-me que os Sindicatos. E tudo volta ao mesmo...
Acabamos por aqui, de acordo?
Cumprimentos
 
----- Original Message -----
Sent: Saturday, March 13, 2010 4:33 PM
Subject: [Archport] Fnac

Caro professor,
pelas suas palavras, as quais não estranho, parecem depreender que o mundo empresarial, do qual alguns de nós dependem, não sofre de maleita alguma e que ganhar 30 euros à hora é justissimo para meros arqueólogos que somos? Pois permita-me discordar, com todo o respeito que me merece.
De facto, poderemos concordar num único aspecto apenas. Que o exemplo fnac poderá ter sido algo exagerado... mas ( e nestas coisas há sempre um mas...), o que actualmente se verifica é que os próprios funcionários da bela Fnac ganham quase tanto ou até tanto que alguns profissionais de arqueologia. Ora, se acha que tudo o que se passa é justissimo em termos remuneratórios, então (e estou claramente certo disso) vivemos certamente em mundos diferentes. Dai as diferenças de opinião serem muitas em arqueologia. Uns ganham muito e outros... bem, vão vivendo. Mas tudo isso é que é justo. Coitadinhas das empresas de
arqueologia...  Bem, que país este.
Cumprimentos.


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