Eu tenho esta pecha de não conhecer as pessoas que lidam com a arqueologia em Portugal (para lá dos que foram meus professores, devem contar-se pelos dedos de duas mãos as pessoas que são assinantes desta lista e que eu conheço cara a cara) a não ser por aquilo que elas escreveram, em artigos ou livros. De: archport-bounces@ci.uc.pt Para: ARCHPORT Enviada em: Tue Mar 16 11:37:37 2010 Assunto: Re: [Archport] Fnac Meu caro Jorge Pinho,
antes de mais, as minha desculpas pelo
atraso na resposta, o meu computador lia mensagens, mas não as enviava. Três
notas rápidas:
1. onde foi buscar a ideia que eu
estava de acordo com os salários baixos que algumas empresas praticam? Não há
uma palavra do mail que o diga ou sequer permita entender. É aliás esta uma das
várias razões que me levam a defender a urgente criação de um Sindicato, e não
de uma Ordem. Um Sindicato luta (em princípio, claro) pelos direitos dos
trabalhadores. Uma Ordem é uma coisa muito diferente e no horizonte vemos já a
fila de mandarins que esperam chegar a bastonários. Mais do que um programa,
vemos interesses. Os Sindicatos podem ser muita coisa, mas algo é certo: patrões
neles não vemos. Os donos de empresas podem participar em associações (como a
APA, por exemplo, que já existe), não em Sindicatos. Note que, como arqueólogo
independente, o que tenho contra as empresas tem que ver não com o facto de
serem empresas, cujo objectivo é naturalmente o lucro, mas com o que acontece ao
que para a maioria delas é um subproduto, a Arqueologia. Com as excepções que
conhecemos e uma delas é certamente a Arqueohoje.
2. Depois, a questão da FNAC. Não pense
que sou um admirador acrítico da coisa. Mas o exemplo que escolhi derivou da sua
referência. Muito parecida à questão das cenouras ou do leite, que a extrema
direita (note bem que isto não é consigo) tanto usa. Se o leite holandês é mais
barato (e as cenouras francesas também) o que é que faz uma família portuguesa?
o patriotismo é bonito, mas perigoso e ideologicamente ambíguo. Quando
envolve os salários de pessoas que ganham mal (não só os arqueólogos que vivem
neste País) então há opções. Não tenho nada contra a defunta Valentim de
Carvalho, mas lá que os preços que praticava eram escandalosos, lá isso eram. E
quando quero comprar um livro, vou à FNAC ou ao Corte Inglês, onde sempre há 10%
de desconto... que os tempos vão maus para todos...
3. finalmente, a história do gauchismo.
Não me leve a mal, que eu também não. Como disse, a FNAC foi fundada por dois
activistas do Maio de 68 e a ideia estava longe de ser má. Foram «vítimas» do
seu próprio sucesso e a ideologia eventualmente esquecida perante o grande
sucesso financeiro. É a vida, como dizia o outro.
Claro que todas as empresas exploram os
seus assalariados. É a lógica do sistema em que tantos votam com regularidade.
Quem os defende (melhor ou pior)? Bem, a mim parece-me que os Sindicatos. E tudo
volta ao mesmo...
Acabamos por aqui, de
acordo?
Cumprimentos
*** ******* This message contains information which may be confidential and privileged. Unless you are the addressee (or authorized to receive for the addressee), you may not use, copy or disclose to anyone the message or any information contained in the message. If you have received the message in error, please advise the sender by reply e-mail and delete the message. |
Mensagem anterior por data: Re: [Archport] Fnac | Próxima mensagem por data: Re: [Archport] Res: Re: Fnac |
Mensagem anterior por assunto: Re: [Archport] Res: Re: Digest Archport, volume 80, assunto 93 | Próxima mensagem por assunto: Re: [Archport] Res: Re: Fnac |