Em directo da sala do Museu Nacional de Arqueologia, onde estes tópicos ainda estão em discussão, fez-se um exercício interessante: quantos dos presentes são associados da APA? Cerca de metade....
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Tenho acompanhado aqui os sucessivos desenvolvimentos deste tema, não posso deixar de deixar um comentário sintético, partindo do ponto de partida de uma sequência de anteriores intervenções, nomeadamente O que é e o que deve ser a APA e alguns desenvolvimentos subsequentes.
E tenho que reiniciar a abordagem recalcitrando num tópico, para mim, estruturador.
Seja, a Arqueologia não é apenas uma profissão. E iniciaria essa abordagem colocando uma questão elementar: quando um professor de uma Universidade, titular de um projecto de investigação na área de Arqueologia, o realiza, fá-lo como professor e investigador, ou como profissional arqueólogo? Deve estar integrado numa Ordem de Professores, ou numa Ordem de Arqueólogos, ou nas duas?
Vou ainda condimentar esta questão com outra. Suponhamos que os filósofos entendiam criar uma Ordem dos Filósofos. Tal significaria que todos os outros ficariam excluídos de pensar?... Ou que os historiadores, como alguns propõem, criavam uma Ordem dos Historiadores. Tal significaria que os outros ficariam interditos no que respeita a contar histórias?...
Tenho que insistir no facto de que a Arqueologia é muito mais do que um exercício profissional. Assim sendo, trata-se de ordenar o exercício profissional.
Ordenar o exercício profissional tem, do meu ponto de vista, dois eixos estruturadores. Um é o da formulação do código de procedimentos éticos e deontológicos a que os interveniente profissionais devem estar vinculados, bem como as actividades que do ponto de vista estrito devem ser exclusivas de profissionais arqueólogos. Obviamente, a este domínio associa-se a caracterização do perfil, curricular ou académico, requerido para cada patamar da actividade profissional.
Outro é o da representação dos profissionais arqueólogos na defesa das condições mais dignas no exercício da sua profissão.
Dir-se-ia ainda que outro seria a acreditação junto da tutela. Esta questão pode ser para mim bastante perversa. Lá iremos.
Ora, do meu ponto de vista, não vejo qualquer razão para que um preconceituoso paradigma corporativo, obrigue a dissociar estes domínios. Uma associação profissional, onde o senso presida em predominância sobre interesses e questões circunstanciais, pode cumprir os três papeis, o da regulamentação ética e deontológica, o da clarificação dos patamares de intervenção profissional e o da luta pela dignificação das condições de exercício da actividade profissional, incluindo não só a independência vinculada aos princípios deontológicos, mas também as restantes condições laborais.
Ora, quando analiso a nomenclatura da APA, com algumas correcções porventura, vejo nela a entidade em que todos estes domínios se congregam. Porquê então não dirigir um assertivo apelo aos arqueólogos profissionais para que se congreguem em torno da APA e a transformem na entidade habilitada a procurar as soluções? No exercício da democracia interna, todos encontrarão o devido espaço para debater a especificidade dos seus problemas.
É óbvio também que a sequência das intervenções que fui recenseando conduzem-me à representação de uma antinomia no seio da comunidade arqueológica. Passe a metáfora, que nem é minha, de um lado da barricada estão os arqueólogos que pensam, do outro os do colherim e dos calos nas mãos, seja, os que agem. Por mim, penso que a reconciliação só será possível quando os arqueólogos que pensam assumirem que foram eles quem formou os do colherim. Só então a reconciliação será possível e só então poderemos proceder à reciclagem de um paradigma que as próprias instituições académicas reproduziram até à exaustão: arqueologia é o uso do colherim.
Entretanto, como a Arqueologia não é só um exercício profissional, temos ainda a AAP, a mais insigne e remota instituição de representação da Arqueologia junto da comunidade, com uma riquíssima história de promoção da disciplina e da investigação, que deve canalizar os seus esforços e o substrato do seu saber, para intervir, de forma estruturadora, no reforço e reorientação da APA?
Será necessária uma coisa nova? Penso que não. Numa coisa nova não se manifestariam as divergências de interesses e perspectivas que já existem?
E, assim sendo, tendo a tutela o seu domínio e esfera próprios de intervenção na ordenação jurídica do quadro em que intervêm os profissionais arqueólogos, a estes compete-lhes definir o códigos éticos e deontológicos de exercício da profissão. Que pruridos alegará a tutela para se furtar a acreditar a APA? E a AAP? Se essa for a vontade dos profissionais arqueólogos? Deve é fazer um esforço para que os arqueólogos acreditem nela. As tutelas são mais efémeras, por norma, do que as associações profissionais…
Assim sendo, não posso deixar de apelar aos arqueólogos, todos, para que se congreguem em torno da APA e da AAP. Senão conseguirem aí reconciliar os seus interesses, não vejo onde os poderão vir a reconciliar. E talvez o objectivo seja esse, tornar mais remota a reconciliação, ou conciliação.
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