[Archport] Fw: Fwd: MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA
Estes nossos dois últimos governos têm tido, para mim, o condão de me
lembrar que nós, entre Nós, ainda "não vimos tudo". De inspiração
tecnicamente socialista, o que pressupõe uma determinada postura de
honestidade e boas práticas, verifica-se, nessas mesmas "práticas" que
estão muito longe de fazer jus à sua pretensa orientação ideológica.
Desde o nível pouco vernáculo dos discursos parlamentares até às
decisões pouco fundamentadas e manifestamente desrespeitosas dos
saberes e dos interesses dos cidadãos, (caso aeroporto e outros),
tem-se assistido a um pouco de tudo neste folclore político que é
Portugal.
O Museu Nacional de Arqueologia é o local onde gerações de
investigadores e de interessados na arqueologia, na etnografia e na
história em geral têm depositado o seu trabalho, o seu saber e, em
muitas situações, os seus objectivos de vida.
É também um local de encontro dos investigadores nacionais nestas
áreas. É também um ponto de referência e um local de estudo.
Estamos perante um dos museus mais dinâmicos do País e quiçá dos mais
visitados por nacionais e estrangeiros.
Quando algo funciona bem não me parece que a melhor solução, para
eventualmente funcionar melhor, seja mudar os seus responsáveis. Há
que fazer o reconhecimento das qualidades das respectivas equipas
técnicas, não a título póstumo, mas na vida útil das pessoas,
conferindo-lhes meios para alcançarem melhores resultados; reconhecer
as suas capacidades, estimulando-os a vários níveis. Os técnicos que
compõem os vários organismos são a coluna dorsal da função pública; os
políticos vão e vêm ao sabor dos votos !
É para mim penoso ler na imprensa diária que se o director dos um dos
mais dinâmicos museus nacionais não executar determinada directriz,
será substituído. Lembro-me ainda, apesar de muito jovem, do Sr. Dr.
António de Oliveira Salazar tomar atitudes semelhantes. Um director
de um museu nacional é ou deverá ser um técnico com habilitação
superior, no sentido de elevado gabarito, por molde a permitir ser,
mais do que um joguete nas mãos de um político, um sólido conselheiro.
Os anos e os bons resultados obtidos por estes técnicos, também
obreiros da cultura nacional, se outra coisa não permitirem, que
sirvam para estimular os nossos governantes a tomar consciência sobre
as instituições que gerem; eles não podem saber tudo, mesmo sendo
cultos, mas que sejam suficientemente modestos para aprenderem;
ninguém pode decidir sobre algo que não conhece.
Espero vivamente que as notícias difundidas na imprensa não passem de
alarmistas e que nos âmagos dos gabinetes se defendam os interesses da
cultura e se respeitem os poucos homens que ainda trabalham com
modéstia, saber e responsabilidade.
F. E. Rodrigues Ferreira
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