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[Archport] Ministério diz que Luís Raposo arrisca processo

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Ministério diz que Luís Raposo arrisca processo
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Thu, 8 Apr 2010 02:14:08 +0100

Ministério diz que Luís Raposo arrisca processo

por ANTÓNIO PEDRO PEREIRA, DN, 08/04/2010

Luís Raposo, director do Museu de Arqueologia, está firme. 

"Vou-lhe dizer em primeira mão: estou tão aberto ao diálogo que abro mão da Torre Oca se o Ministério da Cultura [MdC] pedir imediatamente um estudo geotécnico a um organismo qualificado, como o LNEC." O MdC diz que está satisfeito com todos os estudos já feitos, embora não feche totalmente a porta. Conclusão do braço-de-ferro: a 8 de Maio, Raposo pode ser o primeiro director de um museu, desde 1965, a ser exonerado como resultado de um processo disciplinar.

"De boas intenções está o inferno cheio", avisa Luís Raposo. "No limite, a Cordoaria [para onde Gabriela Canavilhas quer mudar Arqueologia, que vive nos Jerónimos] pode não estar tecnicamente apta a acolher o museu." E desconfia: "Esse compromisso foi assumido pela ministra em Dezembro, no último contacto, mas só foi pedido um parecer."

O MdC responde: "Há já vários estudos e o secretário de Estado está satisfeito com as conclusões que não apontam qualquer perigo de segurança à Cordoaria para acolher o Museu de Arqueologia. O ministério não quer empolar essa questão, que está na esfera do director do Instituto dos Museus e Conservação [IMC] com um director de um dos museus", reage através de fonte oficial. "A ideia é fazer de toda a Cordoaria a casa da arqueologia, juntando várias valências que estão fora dos Jerónimos. Sim, será garantida a segurança do edifício, mas é um processo que levará uns três anos. Mas está completamente fora de hipótese o encaixotamento do museu ou o encerramento", junta.

Ou seja, ficam garantias para algumas das dúvidas de Luís Raposo. Mas, ainda assim, "é preciso um compromisso político, não conversas". E há a questão da Torre Seca: "É fulcral. Fazemos aí conferências, exposições, é fulcral na angariação de novos públicos." "Não é assim tão fulcral como diz Luís Raposo, é um espaço que não tem tanto a ver com a manutenção do acervo", contrapõe o MdC. E avisa: "O director do Museu de Arqueologia tem instruções para entregar a Torre Seca até 8 de Maio. Se não o fizer, arrisca um processo disciplinar por parte do IMC e não do ministério, que pode concluir com a exoneração."

"A ministra já disse publicamente que quer muito fazer um Museu da Viagem. Temo que esta pressa toda tenha a ver com isso", acusa Raposo. 

"Não faz sentido", defende-se o MdC. "Isso então está numa fase ainda mais embrionária", explica-se o ministério. "A entrega da Torre Oca é meramente simbólica: só com esse gesto, ao abrigo de um protocolo, o Ministério da Defesa entregará ao MdC a Cordoaria para se começarem os trabalhos."

Luís Raposo mantém-se com dúvidas. "A entrega da Torre Oca só fazia sentido no plano do anterior ministro, Pinto Ribeiro, de esvaziar o museu rapidamente. Uma questão simbólica não me convence."

Ainda assim, o MdC diz, no entanto, que não se sabe se na audiência com a Comissão de Cultura no Parlamento, quarta-feira, Gabriela Canavilhas e Elísio Summavielle (secretário de Estado) podem avançar com um compromisso político de fazer estudos complementares. Certo é que a corda está a esticar.



"O plano B seria mais barato, mas não seria o melhor"



A história da requalificação do Museu de Arqueologia Nacional (MAN), que guarda 700 tesouros nacionais, vem de longe. Nos tempos de António Guterres (eleito em 1995), criou-se um plano a que Luís Raposo chama de "plano B". Tratava-se de ampliar as instalações do MNA nos Jerónimos.

"Esse plano foi seguido por todos os Governos até há dois anos. Diria que face aos obstáculos que se têm deparado de momento, o plano B [esse, portanto] até seria mais barato. Não digo que seria o melhor, mas era seguramente mais barato", explica Luís Raposo.

Esse plano, no entanto, foi abandonado por José António Pinto Ribeiro. O titular da pasta da Cultura no anterior Executivo de José Sócrates lançou a ideia de mudar o Museu de Arqueologia Nacional para a Cordoaria, que é tido como um dos edifícios mais compridos da Europa.

Aberto ao público em 1906, o MNA já passou pela lente de mudança de várias pessoas. Até já esteve quase para ter um espaço construído de raiz, na zona da Cidade Universitária. Mas ainda se mantém em Belém, nos Jerónimos.

Ontem, a Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura fez- -se representar por 14 deputados na visita ao museu. Maria Conceição Pereira, uma voz muito activa nesta matéria da mudança do MNA e que propôs esta visita para começar um périplo que faz parte das competências da comissão, insistiu na existência de haver "alguma preocupação e interrogações". "Com certeza que vamos questionar a senhora ministra da Cultura no dia 14", disse.

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