Entre estudos sísmicos, geotécnicos e outros quejandos,
há um sério problema que ainda não vi por ninguém referido e que me parece, mais
do que os outros, ser, por si só, impeditivo da transferência do Museu Nacional
de Arqueologia: chamam-se iões de cloro livres e existem no pavimento e
paredes da cordoaria nacional. Não é por acaso que a cordoaria nacional
está implantada onde está. Os nossos antepassados pretendiam fazer cordas
duráveis e faziam-nas ! Usavam a urina e o cloreto de sódio. A
higrospicidade do cloreto de sódio não deixava que as cordas ressequissem. Mas
isto era quando se faziam cordas na Cordoaria Nacional. Agora pretende-se
instalar lá um museu, mas os iões livres de cloro continuam a existir, quer
trazidos pelos ventos, quer por capilaridade a partir do solo e libertos pelo
pavimento e paredes. Principal inimigo dos metais, designadamente os
ferrosos ou os bronzes são os iões de cloro responsáveis pela cadeia cloreto
cúprico, cloreto cuproso, óxido cúprico, tudo potenciado pela humidade
atmosférica, essencial a este tipo de corrosão; é simplesmente devastador para
os metais, mesmo os nobres, quando em ligas pobres. É evidente que os nossos
governantes não podem saber todas estas coisas, para isso têm os assessores.
Independentemente de todos os outros estudos, bastaria
esta real ameaça, para que ninguém de bom senso pretendesse instalar na
Cordoaria Nacional qualquer tipo de museu (a não ser de cordas !) e muito menos
o Museu Nacional de Arqueologia.
Em verdade custa-me muito acreditar que um arqueólogo
possa defender esta transferência.
Os meus respeitos à comunidade científica
F.E.Rodrigues Ferreira
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