[Archport] COMUNICADO DA AAP - FESTA DA ARQUEOLOGIA 2010
FESTA DA ARQUEOLOGIA 2010
COMUNICADO DA DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES
No fim-de-semana de 3 e 4 de Julho teve lugar no Museu Arqueológico do
Carmo a primeira "Festa da Arqueologia", uma iniciativa promovida pela
Associação dos Arqueólogos Portugueses, que contou com o forte apoio
logístico da Junta de Freguesia do Sacramento, e também com o apoio de
outras entidades, como a Guarda Nacional Republicana e a Oficina de
Museus. Esta Festa não teria porém sido possível sem a participação
activa de um conjunto de associações, universidades, empresas,
instituições e museus de Arqueologia, que aceitaram o nosso convite
para participar nesta iniciativa inédita em Portugal.
As instituições representadas foram as seguintes (por ordem de
disposição dentro da nave da antiga igreja do Carmo, que seguiu uma
ordem cronológica segundo os vários períodos estudados pela
Arqueologia, desde a Pré-História ao período Contemporâneo): a empresa
de Arqueologia Neoépica, com uma apresentação sobre os métodos
utilizados pelos arqueólogos nos seus trabalhos de campo; o Centro de
Interpretação do Abrigo do Lagar Velho, no qual o Doutor Francisco
Almeida demonstrou a forma como as populações do Paleolítico
fabricavam os seus utensílios de pedra lascada; Museu de Arte
Pré-Histórica de Mação, no qual Pedro Cura reconstituiu vários
ateliers do período neolítico, mostrando os vários métodos utilizados
para o fabrico de bens e utensílios, tais como vasos de barro e
cestos; o Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de Oeiras, que
apresentou uma maqueta do povoado fortificado calcolítico de Leceia e
as várias monografias de carácter arqueológico que tem vindo a
publicar; o Museu Nacional de Arqueologia, que mostrou os vários
objectos que constituem a sua maleta pedagógica, e permitiu a várias
centenas de visitantes fabricarem uma réplica de um objecto de
ourivesaria proto-histórica; o Centro de Arqueologia da Faculdade de
Letras de Lisboa, que apresentou os seus trabalhos de investigação
mais recentes, da Pré-História à época Romana, e mostrou como se
preenchia uma ficha de objecto arqueológico, entre outras actividades;
a empresa de Arqueologia e Património Atalaia Plural montou o projecto
"Arqueologia a Brincar", o qual permitiu às crianças participar na
escavação simulada de três contextos arqueológicos de épocas
diferentes, no que foi uma das mais bem sucedidas acções destinadas às
crianças; o Serviço Educativo do Museu Arqueológico do Carmo montou
uma original visita-jogo, "Pede o teu caderno de Campo e vem descobrir
mistérios arqueológicos"; a Divisão de Arqueologia Náutica e
Subaquática do IGESPAR mostrou os mais recentes achados feitos nos
últimos anos ao longo da costa portuguesa, os métodos utilizados em
escavações em meio aquático, e as réplicas em tamanho natural de cepos
de âncora, canhões, e outros objectos recolhidos no fundo do mar; o
Centro de Arqueologia de Almada montou um atelier de restauro de
réplicas de ânforas em miniatura, para as crianças terem a
oportunidade do contacto directo com os métodos utilizados para
reconstituir os milhares de fragmentos de objectos cerâmicos que se
encontram em contextos arqueológicos da época Romana; o Centro de
Investigação Arqueológica da Universidade Nova de Lisboa mostrou os
resultados das investigações que tem vindo a desenvolver no Ribat de
Aljezur, bem como alguns objectos de cerâmica provenientes de
intervenções realizadas em Lisboa; o Museu Arqueológico e Etnográfico
do Distrito de Setúbal mostrou os resultados das escavações realizadas
em contextos produzidos pelo Terramoto de 1755 na cidade de Setúbal; e
o Museu da Água apresentou um conjunto de objectos que documentam os
primórdios da criação de uma rede de abastecimento público de água e a
forma como os aguadeiros reagiram a essa inovação que lhes veio tirar
o trabalho, contando com a dinâmica presença da personagem de um
aguadeiro, que animou com os seus pregões e protestos o espaço das
Ruínas do Carmo.
Na parte coberta do Museu foram ainda realizadas várias apresentações
de projectos de Arqueologia no auditório, bem como concorridas visitas
guiadas pelo Director do Museu, mas o ponto culminante desta Festa,
que despertou o maior interesse aos visitantes de todas a idades foi a
observação teatralizada do sarcófago egípcio do Museu pelo Prof. Luís
Araújo, um dos mais reputados egiptólogos portugueses, que com os seus
profundos conhecimentos e o seu bom humor, encantou todos os presentes.
Foi assim possível apresentar ao público em geral, e às famílias
portuguesas em especial, a quem este evento foi dedicado, os mais
variados aspectos da actividade dos arqueólogos portugueses, e o
enorme potencial que a Arqueologia tem não só para produzir
conhecimento científico de grande qualidade, e para recuperar
elementos patrimoniais de valor incalculável, mas também para
despertar o fascínio de pessoas de todas as idades e condições sociais
pelos seus antepassados mais remotos, e por modos de vida há muito
desaparecidos.
Foi assim um enorme prazer para todos os que participaram na
organização e realização deste evento ver o modo como as cerca de
2.500 pessoas que passaram pelo Museu Arqueológico do Carmo neste
fim-de-semana apreciaram esta primeira mostra da Arqueologia
portuguesa destinada ao grande público, e a forma como as crianças e
adultos participaram nas várias actividades lúdicas e experimentais
proporcionadas.
O elevado número de pessoas que visitaram o Museu Arqueológico do
Carmo no decurso desta Festa, a maior parte das quais pela primeira
vez, mesmo sem grandes apoios para a divulgação, revelam bem o
interesse que estas iniciativas despertam junto da população
portuguesa, e são um estímulo para que se lhes dê continuidade em
próximas ocasiões.
A Associação dos Arqueólogos Portugueses vem assim agradecer
publicamente aos seus colaboradores e a todos os indivíduos e
instituições que tornaram possível esta primeira Festa da Arqueologia,
bem como a todos os que dela usufruíram, pelo estímulo que
proporcionaram aos voluntários que nela se empenharam de alma e
coração, e muito em especial à nossa associada Dr.ª Leonor Medeiros,
que coordenou de uma forma exemplar todo o esforço de organização da
Festa. Ficou assim demonstrado que mesmo sem quaisquer subsídios e sem
grandes apoios oficiais, é possível realizar eventos deste tipo, e que
a salvaguarda e valorização de um Património Cultural que a todos
pertence é, acima de tudo, um acto de Cidadania.
O Presidente da Direcção
(José Morais Arnaud)