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[Archport] Epigrafia latina em Milão

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Epigrafia latina em Milão
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Mon, 12 Jul 2010 17:07:16 +0100

EPIGRAFIA NA PINACOTECA AMBROSIANA

 

 

            Datado de 2009, numa edição de Electa (Milão), o catálogo da Pinacoteca Ambrosiana inclui, no seu tomo V, as «raccolte archeologiche», entre as quais se incluem inúmeras epígrafes romanas.

            António Sartori, depois de traçar delas uma panorâmica histórica, detendo-se, de modo particular, sobre o modo como a colecção se foi criando, apresenta ? com Fernando Mazzocca, Alessandro Rovella e Giorgio Zanchetti ? circunstanciado catálogo desses monumentos epigráficos, que vão desde o nº 1514 ao 1600.

            Sem luxos, são de cada epígrafe apresentados: expressiva foto, a permitir fácil leitura e análise, indicação de proveniência (quando identificável), descrição e circunstanciado comentário paleográfico e histórico de integração.

            Um manancial que, assim, fica ao dispor dos epigrafistas e que pode, por isso, suscitar comparações e comentários.

            Interessou-me, por exemplo, o altar funerário encimado com uma ampla pinha esculpida (nº 1560), dedicado pelo liberto P. Iulius Senna ao seu senhor P. Iulius Macedo, cuja actividade mercantil vem explicitada: Macedo foi negotiator sagarius e pellicarius, ou seja, negociava em vestimentas de lã (o sagum [saio] era, como se sabe, feito de lã grosseira) e de coiro. A. Sartori discorre sobre se o cognomen Macedo, de clara conotação geográfica, implicará a naturalidade macedónica, hipótese que considera não obrigatória; contudo, não deixa de ser interessante, nomeadamente para o público português, aperceber-se que este nome romano acabou por dar origem, nessa forma de nominativo, ao apelido Macedo, tão vulgar na língua portuguesa.

            Muitas placas funerárias de pequenas dimensões, destinadas mui verosimilmente a figurar em columbários, dão conta de um quotidiano infeliz: alguém viveu somente 7 anos, 1 mês e 14 dias (nº 1567 - CIL VI 30 639/5); Fortunata, por seu turno, acabou por não fazer jus ao seu nome, pois faleceu com apenas 7 anos e 6 meses (nº 1568 - CIL VI 7914); seria, sem dúvida, filha de um liberto, pois que alguém decidiu acrescentar-lhe ao nome, já depois do epitáfio gravado, o de família: Iulia. E não deixa também de ser curioso o nome de seu pai, claramente atribuído a um escravo: Amethystus ? qual preciosa ametista seria?

 

                                                                                  José d'Encarnação


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