Ex.mo Senhor Doutor
Carlos Fabião, Completamente de
acordo com o senhor, e o objectivo do meu post foi o de mais uma vez se
demonstrar que, onde existe confiança mútua, a cooperação entre os vários
interessados na defesa do património poderá originar situações como a da
referida notícia. Claro que maus
exemplos, como por exemplo, o que o senhor me reportou, de lhe terem vandalizado
uma escavação arqueológica, já aconteceram e infelizmente, certamente irão
acontecer, e aí o facto do indivíduo que agiu dessa maneira criminosa ter
utilizado um detector de metais lançou sobre todos os milhares detectoristas, o
estigma de todos eles serem ?farinha do mesmo saco?. Quanto ao facto que o
senhor refere ?do dia em que um detectorista português se puder orgulhar de uma
actuação análoga?, actualmente isso é impossível, pois, e tirando o caso
especifico, do nosso projecto que está autorizado por lei, se mais alguém neste
país reportar um achado com um detector de metais, estará em maus
lençóis. É verdade que anteriormente à lei de 99, não temos muitos relatos de achados deste tipo, embora tenha a contrapor o caso de Portimão e Alvor, onde nos anos 80 e 90, vários detectoristas reportámos o achado de centenas de numismas e outros artefactos, que foram inclusivamente publicados pelo Instituto Arqueológico Alemão, e na revista Conimbriga, e alguns expostos no MNA; actualmente estão no Museu de Portimão. Achados como o do R.
Unido não são nada usuais, embora acredito que alguns casos
aconteceram. As mentalidades
mudaram muito, começando nas autarquias, que desprezavam pura e simplesmente
tudo o que fosse notícia de achado arqueológico, pois isso é um entrave ao
?betão? e aos campos de golfe: actualmente vemos que uma enorme percentagem dos
municípios já contam com arqueólogos, nos seus quadros. Seriam esses técnicos
que poderiam coordenar e orientar grupos de cidadãos que fariam prospecções em
zonas não integradas em nenhuma ZEP; a análise dos seus achados, catalogados e
georeferênciados, levaria à descoberta de imensos arqueosítios que poderiam
justificar uma intervenção dos arqueólogos. No início falei em
confiança, sem ela nada é possível, e numa escavação arqueológica, essa
confiança não tem de existir em todos os membros que nela participam? O
arqueólogo responsável não tem de ter confiança nos seus auxiliares,
voluntários, serventes e todo o pessoal envolvido? Porque não ter no
detectorista que faz a prospecção superficial? E mais, tenho a
certeza que no dia que existirem detectoristas enquadrados em projectos de
arqueologia, eles serão os principais guardiões dos locais interditos à
detecção, não permitindo o saque, por parte de elementos com intenções
criminosas. Sou um admirador do
seu trabalho em prol da Arqueologia, e envio-lhe os meus respeitosos
cumprimentos. José de Sousa
Projecto
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