Re: [Archport] O nome de Santarém.
Por si no la conoce, le paso la lectura más reciente de esta inscripción, que parece va más en su línea:
[- - -]
Aponio [- - - / C]apitoni II / [vir(o)] col(oniae) . Aug(ustae) . [- - - / pr]aef(ecto) fabrum [fla]mini col(oniae) . Aug(ustae) . l[(uliae) S(callabis) ? / fla]mini provinc(iae) . [Lu/sita]niae divi Aug(usti) / divae Aug(ustae) / [A(ulo) Vite]llio.· L(ucii) . j(ilio) . G(aio) . Vipstanio / co(n)s(ulibus) d(ecreto) d(ecurionum)
Procede de nuestra
Hispania Epigraphica On Line, nº reg. 23107, y recoge la lectura de J.M. Garcia en
RAP (1991) nº 546 =
HEp 4, 1994, nº 1084 (y habría que ver
AE 1999, 870). Aunque debe aún quedar como posible la lectura anterior, de 1966. Si tuviéramos delante una buena fotografía podríamos ayudarle más (no se carga el artículo en
http://www.csarmento.uminho.pt/docs/ndat/rg/RG076_21.pdf).
En todo caso, el nombre de la colonia debería llevar antes el
Iulia que el
Augusta (lo que ya hacía difícil la propuesta del Sr. Garcia),
como en todos los casos que conocemos y en el de la
propia Mérida (lo que a mi juicio dificultaría la misma mención de ésta si se quisiera leer el
I(ulia) detrás), y contener necesariamente la denominación
Scallabis al final, como es lo habitual y sabemos por otras inscripciones.
Lo mejor, me parece, es quedarse con lo que dice Plinio, que la define bien: "
quinta (colonia) est Scallabis quae Praesidium Iulium vocatur" (
NH, IV.117). Por tanto el nombre oficial completo debió ser
Colonia Praesidium Iulium Scallabi/s. Y esto aún en época flavia (perdón por la
vindicatio pliniana y la autocita de
este trabajo de 1996, espec. págs. 213-219). Es difícil que después cambiara de nombres o añadiera algún epíteto más.
Saludos, Alicia M. Canto
João de Castro Nunes <joaocastronunes@gmail.com> escribió:
> O nome romano de Santarém
>
>
> *
>
> Falar de Santarém, em termos arqueológicos, leva-nos
> necessariamente à época romana, pois aí começa, a bem dizer, o seu percurso
> histórico por, segundo a tradição, ter sido a cabeça do conuentus
> scallabitanus, o qual, do primitivo nome do burgo, tirou a respectiva
> adjectivação.
> Se linguisticamente não há qualquer relação entre o seu primeiro
> nome conhecido, ou seja, Scallabis, pré-romano com toda a evidência, e o
> nome que, desde a Idade-Média, chegou aos dias de hoje, Santarém, o certo é
> que se trata inquestionavelmente do mesmo povoado, pese às muitas dúvidas
> que tem suscitado a sua localização.
> Por mim, estou plenamente convencido que a terra em que nos
> encontramos, Santarém, é a mesma que um dia se chamou Scallabis e,
> intermediamente, foi designada por Praesidium Iulium e Colonia Augusta
> Iulia.
> Para o tentar provar ou sequer defender este ponto de vista, não
> vou recorrer aos materiais arqueológicos propriamente ditos, os quais, nesta
> matéria, nada adiantam, em primeira análise, por muitos ou poucos que eles
> sejam; o mais que podem mostrar é que, em determinada época, a localidade
> foi mais intensamente ou menos intensamente povoada. Nada provam, no
> entanto, quanto à sua identificação. Esta haverá que partir, antes de mais,
> das fontes historiogáficas, escritas ou epigrafadas, e da sua correcta
> interpretação.
> Só então será a vez de os materiais arqueológicos fazerem ouvir a
> sua voz em abono ou desabono da tese ou teses em confronto, com base na sua
> abundância ou escassez e, bem assim, na sua pertinência ou falta dela.
>
> *
>
> Posto isto, comecemos por abordar sucintamente os critérios que
> presidiram à divisão administrativa do território hispânico, uma vez
> efectuada, no todo ou em grande parte, a sua ocupação pelo poder romano.
> É certo e sabido que, antes disso, a península ibérica era uma amálgama
> de povos e culturas da mais variada índole, cabendo a Roma a ingente tarefa
> de lhes conferir alguma unidade sob a designação genérica de Hispania.
> Dada, porém, a sua grande extensão em longitude, foi o território
> arbitrariamente dividido, para fins administrativos, em duas partes: a mais
> chegada a Roma e a mais distante, passando esta a designar-se por Ulterior,
> cujo governo coube a Júlio César, em 61 antes de Cristo, na qualidade de
> pretor.
> Desconhecendo-se em concreto o local exacto que lhe serviu de sede,
> há quem sugira, e muito bem, haver sido aqui, em Santarém, que ele
> estabeleceu o seu praetorium com base, mais que nada, na expressão
> Praesidium Iulium que textualmente lhe anda atribuída, suposição reforçada
> pela circunstância de estrategicamente o local se encontrar a meio da
> fachada atlântica a braços com recorrente agitação. Tudo parece jogar a seu
> favor.
> Neste contexto, que se vai manter até à época de Augusto, é
> prematuro para já entrar em linha de conta com a realidade virtual de uma
> Lusitânia ora situada a norte do Tejo até aos confins da Galiza, a Lusitânia
> estraboniana, ora a sul do Douro até à costa algarvia, a Lusitânia
> resultante da reorganização da uniuersa Hispania operada por Augusto e seu
> genro Agripa, uma vez obtida a sua total e definitiva pacificação por volta
> de 19 antes de Cristo.
> Esta é a Lusitânia que cumpre ter em mente para o enquadramento
> das considerações a produzir no presente estudo sobre a denominação oficial
> romana da cidade actual de Santarém.
>
> *
>
> Perante uma região tradicionalmente insubmissa e susceptível de
> múltiplas e circunstanciais alianças, pondo em causa frequentemente a
> estabilidade pretendida pelo poder romano, foi genial a solução encontrada
> por Augusto para a dominar, ora desmembrando a apregoada camaradagem das
> suas populações, como dando-lhes um novo arranjo.
> E, assim, começando por fazer do rio Douro a fronteira entre os
> povos galaicos e os seus aguerridos irmãos de entre Douro e Tejo, juntou a
> estes os pacíficos turdetanos, formando com ambos a Lusitania histórica da
> fase imperial, aquela que ora nos interessa.
> Pelo sim pelo não, em todo o caso, o avisado imperador tomou as suas
> precauções: para aquietar os galaicos, integrados na Tarraconense, pô-los
> sob a apertada vigilância de uma guarnição de elite, a Legio VII Gemina,
> implantada a leste, nas Astúrias, por forma a prevenir eventuais
> confabulações com os astures e os cântabros; e , para refrear o pendor
> belicoso do núcleo duro da restante família lusitana, sediada entre os rios
> Douro e Tejo, agrupou-os em nova província com populações de raiz
> tartéssico-turdetana familiarizadas com a paz em virtude da sua temporã
> romanização.
> Assim nasceu a Lusitânia real, a Lusitânia romana, com a capital em Mérida,
> criada expressamente por Augusto para acantonar, em regime de colónia
> largamente favorecida, os veteranos das campanhas que efectuou para a total
> e definitiva pacificação hispânica sob a tutela de Roma.
> Foi genial, foi sábia a solução imposta por Augusto. Separada dos galaicos e
> espartilhada entre fronteiras naturais e a soldadesca vigilante instalada em
> Mérida com todas as regalias e obrigações de uma cidadania de pleno direito,
> bastião indefectível dos ideais romanos, como se outra Roma fosse, a nova e
> heterogénea comunidade ?lusitana? entrou no bom caminho e, em muitos lances,
> partilhou com Roma os sucessos da sua imparável expansão.
> Uma vez assim constituída, a Lusitania repartiu-se em três
> conuentus, cujas capitais beneficiaram do invejável estatuto de colónias,
> muito embora outras cidades importantes gozassem, como municípios, de não
> menor prestígio e aceitação ante o poder romano. Era o caso, entre outras,
> de Lisboa e Évora. Só que a colónia, de base essencialmente militar no seu
> começo, era como um simulacro da própria Roma, que em cada uma delas se
> revia e sustentava.
> Com Mérida (Colonia Augusta Emerita) e Beja (Colonia Pax
> Iulia), a cidade de Santarém foi a outra capital escolhida
> para cabeça de conuentus em função seguramente do seu papel nas lides
> cesarianas ou até antes, nos primórdios da ocupação. Do nome indígena,
> paleohispânico, tirou o conuentus obviamente o epíteto de scallabitanus.
> Mas, que nome teve a sua capital na nomenclatura oficial romana
> ??
> *
>
> Sem outras fontes de informação fiáveis, a resposta só pode ser
> dada pelo mutilado monumento epigráfico há anos encontrado na própria cidade
> e estudado, em primeira mão, pelo Prof. Doutor Justino Mendes de Almeida em
> colaboração com o Dr. Fernando Bandeira Ferreira (Rev. de Guimarães, vol
> LXXVI, 1966, pp. 27-3l), os quais, sapientemente, lançaram as bases da sua
> melhor interpretação.
> Só que há um ponto em que me permito discordar em absoluto. É
> aquele em que se transfere para Mérida, capital da província, a referência à
> capital do convento escalabitano sob a forma onomástica de Colonia Augusta
> Iulia, um nome de prestígio a reaver.
> As fontes documentais são diversamente interpretáveis, mas não
> alteráveis, seja a que pretexto for. É uma regra de ouro da críttica dos
> textos. Se a letra que, no final das linhas 3 e 5 da inscrição, está gravada
> é claramente um I e não um imaginário E, como aliás os próprios autores não
> deixam de reconhecer (?? um traço vertical que deve ser o resto de um E,
> ainda que, tendo nós observado a inscrição primeiro de dia e depois de noite
> com luz rasante, não tivéssemos conseguido notar o menor vestígio de
> qualquer das barras.?), é sobre o indiscutível I que teremos de assentar as
> nossas reflexões, mesmo que elas nos conduzam a um beco sem saída. Mas tal
> não é o caso. E, assim sendo, as coisas mudam de figura. O que, de qualquer
> forma, está fora de questão é pretender-se ajustar o texto a critérios
> pessoais, apriorísticos, como se, em certa óptica, um E fosse preferível a
> um I.
> Posto isto, verifica-se que o monumento em apreço diz respeito a
> uma personagem, um concidadão, cujos bons ofícios à comunidade se cifram,
> para além do desempenho de um cargo de menor monta (praefectus fabrum), no
> exercício do duunvirato e, bem assim, do flaminado conventual e do
> provincial em torno do culto instituído em honra de uma dupla entidade
> imperial, não especificada, mas que, pela datação mais provável, deverá
> tratar-se de Cláudio e sua consorte ou familiar da sua estirpe.
> No que não atino é com o esforço dispendido para, sem qualquer
> objectividade, fazer do monumento um elo de ligação com a capital da
> província, ou seja, a Colonia Augusta Emerita, quando na verdade nem o seu
> nome é referido na epígrafe, a não ser por suposição, nem institucionalmente
> é preciso recorrer a ela para contextualizar o percurso burocrático do
> homenageado. Não há que fantasiar nem, com equívoca orientação, alardear
> erudição sem cabimento.
> No mínimo é estranho que, tudo apontando para uma verosímil relação
> do monólito com a cidade onde foi achado e para onde, pelo seu peso e
> dimensões, não foi seguramente acarretado, no mínimo é estranho que se pense
> em esvaziá-lo do sentido que à cidade mais convém ou interessa, terçando
> armas por uma leitura indefensável e contrária ao mais elementar
> senso-comum.
> Em tal conformidade e atendo-me no mais à autorizada proposta de
> 1966, resta-me concluir, com toda a convicção, que a colónia romana
> instalada em Santarém, que originariamente se chamou Scallabis, recebeu
> oficialmente o nome de Colonia Augusta Iulia, sem risco de onomasticamente
> se confundir com qualquer outra ainda que privada do cordão umbilical da sua
> matriz paleohispânica, não propriamente enjeitada, mas relegada para o uso
> vulgar, como no caso dos itinerários : augusta, por mercê do seu fundador;
> iulia, em memória do praesidium cesariano que, porventura, algum dia terá
> sido a cabeça da Ulterior.
>
>
> *
>
> Por ser este monumento, apesar de escalavrado, o mais importante
> documento escrito sobre a identidade romana de Santarém, que
> arqueologicammente se vai enriquecendo, dia após dia, com novos e valiosos
> testemunhos condizentes, não seria demais dar-se-lhe na cidade um lugar de
> realce em consonância com o nome de prestígio que, há cerca de dois mil
> anos, lhe foi atribuído pelos então senhores do mundo:
>
> COLONIA AVGVSTA IVLIA
>
>
>
>
> João de Castro Nunes
> --
> João de Castro Nunes
>