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[Archport] Museu do Côa com grande afluência apesar dos problemas

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Museu do Côa com grande afluência apesar dos problemas
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Tue, 10 Aug 2010 23:19:05 +0100

Grandes limitações nos serviços de apoio aos visitantes

Museu do Côa com grande afluência apesar dos problemas

10.08.2010 - 08:01 Público, por Pedro Garcias


Até ao final da manhã da passada quinta-feira, já tinham passado mil
visitantes pelo Museu do Côa, que abriu no passado dia 30 de Julho.
Cada entrada custa cinco euros. A afluência tem sido grande, com uma
média de mais de 200 pessoas por dia, superando as melhores
expectativas.

Mas, como o PÚBLICO pôde constatar no local, alguns visitantes ficam
surpreendidos por encontrarem um museu ainda com grandes limitações no
seu funcionamento. O restaurante continua fechado (no concurso que foi
aberto, não apareceu nenhum interessado na exploração, devido ao
elevado preço pedido para a sua concessão) e o bar também. Apesar do
calor, não é possível comprar sequer uma garrafa de água. Há sistemas
de apoio ao visitante, como a utilização de áudio-guias, ainda por
estrear e o serviço do museu está a ser assegurado pelos mesmos
funcionários que já trabalhavam no Parque Arqueológico. A vigilância
de salas e outras tarefas são asseguradas por arqueólogos, guias e
desenhadores, com prejuízo para o trabalho de campo. Alexandra
Cerveira Lima, a directora do Parque Arqueológico do Côa, e que está a
assumir transitoriamente a gestão do museu, elogia a disponibilidade
de todos os funcionários para trabalharem "a mil à hora". Devido à
falta de funcionários, o museu tem funcionado com horário de função
pública. Fecha durante a hora de almoço e encerra às 17h30. O pessoal
não dá para mais, lamenta a directora. O dia de encerramento é à
segunda-feira, como acontece com todos os museus em Portugal.

Para funcionar em condições aceitáveis, seriam necessárias no mínimo
mais 10 pessoas. "Não é possível carregar num botão e meter dez
pessoas", diz Gonçalo Couceiro, o director do Igespar, recordando as
restrições à contratação de pessoas para a administração pública. O
Governo delegou esse recrutamento para a Fundação Côa Parque, a
entidade que vai gerir e coordenar o museu e o parque arqueológico do
Côa.

O problema é que ainda ninguém sabe como vai funcionar essa fundação,
que não possui sequer estatutos. A sua criação foi decidida em
Conselho de Ministros na véspera de inauguração do museu, para
surpresa geral, pois, durante muito tempo, foi dito que o museu e o
parque iriam ser geridos por uma sociedade anónima, mais ou menos
igual à que gere os parques de Sintra. Contactado pelo PÚBLICO, o
gabinete da ministra da Cultura informou que o procedimento
legislativo vai agora decorrer os seus termos, mas "cuja conclusão não
é neste momento previsível". Até lá, o museu continuará sob a tutela
do Igespar.

Ninguém compreende que o Governo tenha esperado pela inauguração do
museu para decidir criar uma fundação, quando dispôs de quase seis
anos para o fazer, o tempo que o edifício levou a construir. "É um
desleixo demasiado grave", critica Mafalda Nicolau de Almeida, membro
da direcção da Acôa - Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa,
que tem estado a tentar angariar voluntários para o museu. "O Côa já
tem uma história tão polémica e o parque já funciona de forma tão
precária [continua por criar formalmente] que o museu era a grande
oportunidade de atrair de vez a população a este projecto. Já não
havia espaço para errar mais uma vez e foi isso que aconteceu",
lamenta.

O museu não abriu nas melhores condições, mas Couceiro assegura que
seria muito mais gravoso adiar a inauguração. "A tecnologia
museológica fica obsoleta rapidamente e não podíamos adiar por mais
tempo a abertura deste museu, que tem equipamentos e software de
2007", justifica. E, depois, acrescenta, "inaugurar um museu não é o
mesmo que inaugurar uma estátua. Um museu é um ser vivo, está em
permanente mudança".

Gonçalo Couceiro não se quer pronunciar sobre o modelo de gestão
escolhido, que é da responsabilidade da tutela, mas sempre vai dizendo
que "toda a gente está de acordo que o modelo que der mais
flexibilidade é o melhor para a autonomia do museu". O pré-historiador
de arte António Martinho, que, além de integrar os quadros do Parque
Arqueológico, faz parte também da direcção da Acôa, vê com bons olhos
a opção do Governo. Ao contrário do que acontece com Altamira, por
exemplo, onde existe um museu e uma gruta, no Côa "o museu é apenas
uma parte de um território de 20 mil hectares", lembra. Daí apoiar o
envolvimento no futuro Côa Parque dos ministérios da Cultura, Ambiente
e Economia e das autarquias locais. "O mais importante é escolherem as
pessoas certas", acrescenta, por seu lado, Mafalda Nicolau de Almeida.
O nome mais falado para presidir à futura fundação é o de Rui Vieira,
ex-deputado socialista e marido de Edite Estrela. Próximo de José
Sócrates, Rui Vieira é natural do concelho de Foz Côa.



http://www.publico.pt/Cultura/museu-do-coa-com-grande-afluencia-apesar-dos-problemas_1450702

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