Caros Colegas Arqueólogos,
Vimos, mais uma vez, expressar o nosso profundo descontentamento e desagrado para com todas as polémicas expressas nesta lista. Parece que poucos perceberam o alerta que aqui viemos deixar, preocupando-se apenas com os “meninos que são diferentes” e se sentiram profundamente ofendidos. Querem marcar pela diferença rasca? Criar o vosso próprio rebanho? Façam-no! Têm toda a liberdade para isso. Contudo, e não nos coibindo de usar os clichés que quisermos, afirmamos, peremptoriamente, que “a vossa liberdade acaba onde a nossa começa”. E não, não queremos levar com o vosso cheiro, nem queremos ser conotados como vadios, drogados ou arruaceiros. Não temos medo de ser votados ao ostracismo por causa da nossa posição. Ela será, com toda a certeza, defendida com mais veemência do que vós defendem o vosso visual e ideologias. Vamos a um exemplo prático: se vos for proposto um bom contrato de trabalho, bastando para isso mudarem o vosso aspecto, não o fariam? Temos a certeza que bastaria um contrato mediano e acabavam-se os vossos discursos em defesa da igualdade da diferença e outros blá, blá, blá. Diz-nos a experiência e o muito que já vimos.
Todos nós saímos do nosso local de trabalho (escavações, acompanhamentos, gabinete etc.), com as roupas sujas de terra, pó, lama, com calor e com frio. Todos saímos, por vezes, de forma deplorável, mas tudo isso faz parte do final de um dia de trabalho e não de uma prática comum ou de uma forma de estar na vida.
Quando mencionamos, a título meramente elucidativo, a ética e postura pela qual a classe dos engenheiros e arquitectos se pautam é no sentido de pertencerem a classes distintas e respeitadas a nível profissional e sócio cultural, como poderíamos enunciar, também, médicos e advogados, não sendo, nunca, nossa intenção querer identificar-nos com os mesmos. Não nos esqueçamos que temos sempre os ícones bonitos e intemporais como são o caso da Lara Croft e Indiana Jones. (Isto é apenas uma brincadeira para aligeirar, por favor não façam “tempestades em copo de água”. Nem com o cliché.)
Também nós queremos marcar pela diferença, mas uma diferença que marque uma distinguida classe. Queremos ter orgulho na classe a que pertencemos. Brio, no desempenho das nossas funções. Queremos fazer da arqueologia uma profissão respeitada, digna, distinta. É para isso que lutamos e continuaremos a lutar. O estado a que chegamos, em todos os aspectos (e mais alguns) enumerados no nosso primeiro comunicado, é inconcebível.
Continuamos a pensar que, assim, não chegaremos a lugar algum. Debatamos o que realmente interessa para a nossa dignificação. Criemos de um verdadeiro órgão legislador, defensor e fiscalizador dos arqueólogos portugueses e da sua conduta ética e deontológica.
Somos a favor de a criação de um Sindicato que, repetimos, nunca deverá convergir no sentido inquisitório tendo somente o papel de defensor da classe trabalhadora de arqueólogos através dos mecanismos legais como também, promover acções no sentido de sensibilizar os profissionais por forma a incentivar que estes não aceitem condições de trabalho pouco dignas para consigo.
No entanto, mais do que de um sindicato, somos a favor da criação da Ordem dos Arqueólogos, órgão que reconhecemos como o mais idóneo para defender e legislar sobre a prática arqueológica e fiscalizar as condutas éticas e deontológicas de todos arqueólogos que operem em território nacional. Consideramos que, enquanto este órgão não for criado o estado da arqueologia portuguesa agravar-se-á de forma galopante quer em vencimentos, em condições laborais quer em conhecimentos científicos aplicados no desempenho da nossa profissão. Acreditamos existirem “Lobbies” que surgiram no sentido de bloquear e minar a criação da tão necessária Ordem dos Arqueólogos, devido ao facto de pretenderem continuar a explorar a mão de obra barata dos arqueólogos que acabam de sair das faculdades, continuarem a aproveitar-se, por razões diversas, dos baixos salários cobrados por arqueólogos especulando em torno do mercado profissional da arqueologia. Junta-se a isto o facto de saberem que não irão pertencer aos quadros da Ordem dos Arqueólogos, que é como quem diz, não terão um “tacho”. Deverão alguns, ainda, ter desmedido medo de fazer o tão falado exame de acesso à Ordem. Porquê? Não estão seguros dos seus conhecimento? Nós o faríamos de bom grado. Afinal, na Ordem só ingressa quem prova ter capacidades e só exerce quem demonstra ter competências para tal. No Sindicato inscreve-se quem quer e se quiser. A tão necessária Ordem dos Arqueólogos não inviabiliza a existência de um Sindicato. Capacitem-se que muitos arqueólogos estão a precisar que a Ordem os ponha na “ordem”, para bem de todos nós e do bom desempenho das nossas funções.
Quem quiser, por curiosidade ou por outro motivo qualquer, vá consultar os estatutos propostos pela APA para a criação da Ordem dos Arqueólogos. Para arranque, e como documento preliminar, tem o nosso inteiro apoio. Força APA. A Ordem tem que ser criada. (Atenção: nós também não somos da APA, nem sócios sequer. Não voltem às acusações infundadas e caluniosas)
Colegas Arqueólogos desempenhemos, sempre, com o máximo de decoro e orgulho a nossa actividade profissional.
Obrigado e um abraço a todos os que, por mensagens públicas ou privadas, manifestaram o seu apoio para com os objectivos do Mov4. Nunca citando identidades, pelos motivos óbvios, mas contabilizando, pala além dos 4 juntam-se mais 17.
Igual Abraço a todos os arqueólogos, com ideais sócio culturais divergentes e que se têm manifestado neste Portal.
MOV4
21 arqueólogos descontentes, mesmo muito descontentes.
Estamos abertos e receptivos a qualquer divergência com as nossas ideias. No entanto não respondemos a ataques gratuitos e insignificantes.
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