Lista archport

Mensagem

Re: [Archport] Saqueadores numa história sem culpados.

Subject :   Re: [Archport] Saqueadores numa história sem culpados.
From :   NOSTRAE SPES VNICA <nostrae.spes@gmail.com>
Date :   Mon, 8 Nov 2010 18:05:43 +0000

Senhor arqueólogos e demais interessados,

O grande "saque" feito ao património arqueológico nacional, surge na
sequência de obras de engenharia civil, trabalhos agrícolas e
florestais. Tudo o resto são pequenas gotas no oceano.
A minha proposta representa grande parte da solução para este
pequenino problema, não sendo necessário ao estado gastar 1 ou 2
milhões de euros em estudos.
- Para o património conhecido e inventariado que se ache por bem
proteger, apelo à criação de uma sinalética específica que dê a
conhecer às pessoas os sítios onde não se pode utilizar charruas,
maquinaria, picaretas ou detectores de metais, esta sinalética deve
delimitar o raio de influência do sítio arqueológico, pelo que não
poderá ser trespassada com equipamento proibido sem autorização prévia
por parte da tutela.
- Sensibilizar o povo para o significado da sinalética e da sua
importância para identidade portuguesa, principalmente os donos dos
terrenos e habitantes mais próximos. Secundariamente, penalizar com o
estatuto de crime punido até 3 ou 5 anos de prisão quem trespassar com
maquinaria ou objectos ilegais, notar que as leias que gerem pessoas e
bens não têm efeito sem o apoio do povo.
- Incentivar o achador fortuito a divulgar sítios de contexto
arqueológico que tenha descoberto, simplesmente cumprindo a lei,
nomeadamente a portaria nº 51/98 que prevê as seguintes compensações
para a descoberta de novo sítio arqueológico:

«portaria nº51/98 - art.3 — Nos termos do número anterior, a recompensa
a atribuir ao achador de um contexto arqueológico coerente
e delimitado situa-se entre os seguintes limites:
Nível 1 — até 5 000 000$, para os contextos arqueológicos
de excepcional relevância;
Nível 2 — até 3 000 000$, para os contextos arqueológicos
de grande relevância; e
Nível 3 — até 1 000 000$, para os contextos arqueológicos
de elementar relevância.
»

- Incentivar o detectorismo fora de sítios demarcados com a sinalética
proposta anteriormente, realizando simbioses entre a arqueologia e o
detectorismo. Devem ser criados projectos de clubes de detectorismo
regionais com apoio directo do IGESPAR e dos arqueólogos municipais.
Os arqueólogos poderão ministrar acções de formação aos detectoristas
na área da história e arqueologia, enquanto os detectoristas poderão
formar os arqueólogos na área do detectorismo, de modo a que utilizem
estes conhecimentos em ambiente controlado da sua tutela, quando
necessário à busca em sítios demarcados.

- Revisão à lei do património subaquático que proíbe o detectorismo
nas praias portuguesas com a premissa dos territórios alagados
permanentemente e intermitentemente. Grande parte dos detectoristas
está mais interessado em apanhar uns euros e umas jóias de ouro
perdidas pelos banhistas do que andar ao sol e à chuva pelo campo à
procura de antiguidades. Em termos de retorno, a praia é o grande
"el-dorado" do detectorismo, as pessoas que receberam um detector pelo
Natal e são repelidas pela polícia marítima, algumas sem quaisquer
conhecimentos de história e arqueologia, não podendo apanhar moedas de
euro e jóias na praia recorrem à via fácil de procurar jóias em sítios
arqueológicos.

- Promover exposições e valorizar os achadores e coleccionadores
portugueses, caso contrário, se estes se sentirem apertados pelo seu
próprio país não hesitarão em vender os seus objectos a museus e
coleccionadores pelo mundo fora. Atenção que os chineses estão em
força e alguns museus já se preocupam em arranjar objectos autênticos
da história ocidental, pelo que irão surgir propostas tentadoras.

- Volto a insistir nas praias, o país está completamente destruído
socialmente, os desempregados são muitos e já começam a comprar
detectores, estas pessoas sem quaisquer noções de história e
revoltadas com o país são complicadas de gerir, por favor liberalizem
as praias para o detectorismo, é uma fonte de rendimento contínuo pois
todos os anos são perdidos milhões de euros em jóias e moedas nas
praias.
De facto em Portugal é uma aberração o uso de detectores em superfície
terrestre apenas ser proibido nestas zonas, para além dos sítios
arqueológico classificados ou em vias.

- Com a crise económica, mais pessoas voltarão ao campo para cultivar
as terras deixadas pelos seus antepassados, vai ser uma época negra
para o povo, mas uma oportunidade única em termos de descobertas
arqueológicas. Cabe aos arqueólogos e entendidos na matéria, estimar e
dar condições aos achadores fortuitos, quer seja por motivos
ocasionais, quer seja na prática do desporto denominado detectorismo.

- Nunca esquecer que não se pode colocar um polícia atrás de cada
cidadão, pelo que as medidas devem ser sempre dirigidas à consciência
das pessoas.

- As pessoas são o bem mais precioso de uma nação, não as que estão
mortas, mas as que estão vivas. A arqueologia parece-me que se
preocupa demais com os mortos. Há coisas incríveis como embargar uma
casa, um projecto de vida de um casal, porque eles cometeram o erro de
alertarem para a presença de meia dúzia de objectos antigos, estas
situações devem ser geridas o mais rápido possível, já hoje quando
aparecem objectos ou estruturas na construção de vivendas, quem lá vai
tirar as coisas é um qualquer vizinho que percebe um bocado de
história. Nunca se devem hipotecar os projectos de uma família por
causa da arqueologia, contrariando as pessoas. Caso contrário, nada
mais fácil do que o homem pegar num tractor e lavrar aquela “porcaria”
que os romanos deixaram.

-Relativamente ao resto, trabalhos de engenharia civil, agrícolas e
florestais, onde na minha opinião se faz o maior "saque" à nossa
história, deixo para quem vive esses problemas a apresentação de
soluções.

- No baluarte da arqueologia portuguesa existe um lobby que se opõe a
todas as medidas anteriores por razões que desconheço, todas as bases
do estado português estão a cair, pelo que este baluarte mais cedo ou
mais tarde também vai cair. Nestas pequenas gotas que compõem um tão
vasto oceano, o tempo urge.

- Este país foi destruído porque começou a ser gerido por uns safados
com ligações partidárias que não conhecem os problemas do povo, nas
cidades, vilas e aldeias, perdeu-se a completa noção de senso comum, é
estudos para tudo e para nada quando algumas soluções se encontram na
taberna mais próxima por entre conversas de quem vive os problemas.

Saúde,
SPES

Mensagem anterior por data: Re: [Archport] Portugal: saqueadores numa história sem culpados_Lorga de Dine Próxima mensagem por data: [Archport] Nomenclatura
Mensagem anterior por assunto: [Archport] Saqueadores numa história sem culpados. Próxima mensagem por assunto: [Archport] Saquean patrimonio histórico en costas