[Archport] Hipótese que levanta dúvidas
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ajpa.21446/pdf
Num artigo publicado no «American Journal of Physical Anthropology»,
uma equipa de arqueólogos e antropólogos israelitas defende a hipótese
de ter encontrado a mais antiga prova da existência do Homo sapiens
(arcaico) - dentes humanos com 400 mil anos. Esta hipótese polémica,
que a confirmar-se alteraria as actuais teorias sobre a origem do
homem moderno, está já a ser criticada por outros investigadores.
A equipa da Universidade de Telavive faz, desde 2004, escavações na
gruta de Qesem, no centro de Israel. Os investigadores afirmam que os
dentes agora encontrados são idênticos a outros vestígios de Homo
sapiens encontrados no país, nomeadamente os das grutas de Qafzeh,
perto da cidade de Nazaré, que têm, aproximadamente, entre 80 mil e
120 mil anos.
A teoria aceite actualmente pela comunidade científica é que o humano
moderno apareceu em África há 200 mil anos e daí partiu para
“colonizar” outros continentes. Por isso, a afirmação de que os dentes
podem ser de um Homo sapiens, provocam muitas dúvidas.
Paul Mellars, especialista em Arqueologia da Universidade de
Cambridge, afirmou à Associated Press, citada pela Agência Lusa, que o
estudo é respeitável e que a descoberta é “importante” porque são
raros os vestígios deste período crítico, mas sublinhou que é
prematuro afirmar que têm origem humana. Na sua opinião, os dentes são
indicadores pouco fiáveis e as análises de restos de crânios
permitiriam identificar com mais certeza a espécie encontrada na gruta
de Qesem.
“Com base nas provas que apresentaram, é uma possibilidade ténue e
francamente remota”, disse Mellars, que considera que estes vestígios
estão provavelmente relacionados com os Neandertais. No artigo, a
equipa liderada por Avi Gopher afirma que os dentes não têm
características Neandertais, apesar de alguns traços sugerirem
afinidades com membros da linhagem evolutiva daquela espécie. No
entanto, têm mais semelhança com os vestígios dentários encontrados em
Qafzeh.
A equipa examinou os dentes com raios X e TAC, datando-os de acordo
com os estratos de terra onde foram encontrados. Avi Gopher sublinhou
que é necessário aprofundar a investigação para confirmar a hipótese.
Se se confirmar que estes vestígios estão relacionados com os
antepassados do homem moderno, pode significar que este surgiu naquela
zona geográfica e não em África, tendo assim de se fazer uma revisão
da história das origens do Homem.
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Saúde e fraternidade,
António Correia
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