Mas claro que não posso deixar de estar mais de acordo com o escrito pela nossa confrade deste Forum, a Maria José de Almeida trabalhos inúteis, injustificados e injustificáveis existem sempre e existirão sempre, se o profissional não for capaz de o reconhecer a tempo. E claro concordo consigo que “o problema é que esses trabalhos causam danos sérios na credibilidade da disciplina e na confiança nos profissionais” que trabalham em arqueologia. Claro que concordo e sublinho a sua nota de que “devemos construir fundamentos sólidos para as nossas decisões que sejam perceptíveis por quem não tem os mesmos conhecimentos que nós. Devemos saber quantificar e avaliar riscos e propor as melhores soluções, ou seja, as que melhor servem o interesse comum. Que é o nosso”. Pois é isso que eu pretendo: que sejamos claros nas conclusões dos trabalhos arqueológicos que se realizem e que o comum dos mortais, que é o cidadão que os paga, perceba para que servem e que foram minimizados os seus custos, nomeadamente consultando fontes e peritos em outras áreas, o que permitirá reduzir o trabalho de campo e de laboratório (que como sabemos são sempre longos e consequentemente caros). A inscrição automática na carta concelhia, como sitio de interesse arqueológico, de um local que foi explorado, sem se verificar se se encontrou qualquer “coisa” de relevante, “est malsain”… “Mailsain” e perigoso para a profissão pois se infere que os arqueólogos terão aí futuras áreas de trabalho, mas cuja pesquisa levará sempre a que nada de relevante se encontre. È esse o meu ponto… pois o cidadão comum o compreenderá muito mal. E dará um estalo em alguém… Cumprimentos e um bom fim de semana Ricardo Charters d’Azevedo Date: Fri, 6 May 2011 14:53:56 +0100 From: Maria Jose de Almeida <mariajosedealmeida@gmail.com> Subject: Re: [Archport] Como se inscre um sitio arquelógico na carta concelhia... To: archport@ci.uc.pt Message-ID: <BANLkTi=ftvmSSyL_JpXei2KzbGBhySE+Uw@mail.gmail.com> Content-Type: text/plain; charset=windows-1252 Esta questão é demasiado importante para ser tratada com extremismos. Para os dois lados, naturalmente. A pergunta mais irritante que se pode fazer a um arqueólogo (pelo menos, a esta arqueóloga) é: ?e como é que tem a certeza que isso é antigo?? Dá vontade de pregar um par de estalos no interlocutor (para quem seja mais dado à violência física) ou dar uma resposta do género ?vá estudar o que eu estudei e depois venha cá falar comigo? (para quem seja mais dado à violência verbal). Contudo - e salvaguardadas as devidíssimas proporções! - temos que saber fazer o mesmo que o médico quando o doente lhe pergunta: ?e como é que tem a certeza que isto é cancro?? (acredito que também perguntam). Antes de qualquer resposta, temos que aceitar a legitimidade da pergunta, exactamente porque é feita por quem não tem os mesmos conhecimentos que nós. Depois, temos que saber responder. Com linguagem que o interlocutor entenda e com argumentos sólidos. E a clareza de linguagem e solidez da argumentação têm que se entender à fase da proposta de solução do problema que pode ir, continuando a comparação grosseira, do placebo à quimioterapia. Pondo a mão na consciência colectiva, acredito que a maioria de nós reconhece que não somos muito eficazes nesta matéria. E todos conhecemos também casos de trabalhos inúteis, injustificados e injustificáveis. O problema é que esses trabalhos causam danos sérios na credibilidade da disciplina e na confiança nos profissionais. A luta é desigual: costumo dizer que, por cada mês de trabalho inútil, andamos para trás cinco anos no caminho feito por trabalhos úteis. (chamo a atenção que considero que a utilidade se mede nos muitos tipos de retorno que a actividade arqueológica pode ter; essa é, contudo, uma outra discussão) Mas, lá por ser desigual, não tem que ser necessariamente uma luta perdida. Devemos, os arqueólogos, reflectir maduramente sobre a relação que temos com os nossos clientes (atenção, mais uma vez: estou a usar este conceito no sentido mais amplo possível) e alterar o que for necessário em função de objectivos que, contendo os da disciplina e dos profissionais que a exercem, não se esgotem nesse âmbito. Devemos construir fundamentos sólidos para as nossas decisões que sejam perceptíveis por quem não tem os mesmos conhecimentos que nós. Devemos saber quantificar e avaliar riscos e propor as melhores soluções, ou seja, as que melhor servem o interesse comum. Que é o nosso. Assim, acredito que chegamos lá. Insistindo no ?é importante porque eu sei? ou ?tem tudo a protecção máxima porque sim?, estamos a dar os tais passos atrás no bom trabalho que somos capazes de fazer. Maria José de Almeida |
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