Um
pouco desfigurado pelo online mas cá está, vale a pena ler.. e se são fantásticas,
não só a história da percentagem das peças genuinamente falsas, como também a nóvel
definição de “peças arqueológicas”. Arte
falsa chega à Câmara de Abrantes
Diário de Notícias, 13/05/2011
A
Câmara de Abrantes vai investir 13 milhões de euros num museu para acolher a
colecção de arte da Fundação Ernesto Lourenço Estrada, Filhos. O projecto, com
impacto arquitectónico na cidade, arrancou em 2007, depois de celebrado um
protocolo entre a Fundação e a autarquia. Mas o director do Museu Nacional de
Arqueologia (MNA), Luís Raposo, garante que a colecção contém peças falsas,
algumas delas adquiridas a Joaquim Pessoa. Tal
como a colecção de Pessoa, também a colecção da Fundação Estrada se estende
pelos períodos pré e proto-históricos. Ambos garantem que as suas peças foram
encontradas em território nacional e espelham a riqueza arqueológica do
Sudoeste peninsular. Contudo,
as dúvidas apontadas à colecção vendida ao BPN por Joaquim Pessoa são as mesmas
que Luís Raposo levanta relativamente às peças da fundação: "Algumas devem
ser verdadeiras, embora tenha dúvidas quanto à legalidade da proveniência.
Outras são falsas ou de autenticidade muito duvidosa", disse ao DN,
sublinhando: "Admito que na colecção Estrada haja uma maior percentagem de
peças autênticas do que na colecção do BPN." Contactada
pelo DN, a vereadora da Câmara de Abrantes Isilda Jana admite que o protocolo
com a fundação foi o que impulsionou o projecto do novo Museu Ibérico de
Arqueologia (MAAI). Quanto à existência de peças falsas na colecção Estrada,
admite: "É evidente que existem peças falsas. São cerca de 5000,
adquiridas de diversos modos, e existem de certeza falsas. Todos o sabemos. Mas
as verdadeiras são muito mais." O
projecto, avaliado em 13 milhões de euros, em parte financiado por fundos
públicos, está em marcha. "Contamos lançar o concurso na 2.ª quinzena de
Junho", adiantou Isilda Jana. E
justifica-se? Para Luís Raposo, não. "Eu diria que não se gastasse
dinheiros públicos nesse tipo de museus, com essas colecções." E explicou:
"Como foram solicitados financiamentos públicos para o projecto, foi-nos
pedido um parecer. Dissemos que uma parte das peças não era verdadeira, outra
era duvidosa e uma terceira parte poderia ser verdadeira, mas púnhamos reservas
quanto à legalidade da origem." Isilda
Jana contesta: "Não tenho conhecimento de parecer nenhum do MNA sobre a
construção do MIAA. O director do MNA efectivamente não conhece a
colecção." João Estrada, presidente da fundação, contactado pelo DN,
recusou comentar, frisando que considerações sobre a genuinidade da arte são
para especialistas. O
conjunto de artefactos arqueológicos vendido por Joaquim Pessoa ao BPN, segundo
apurou o DN, é constituído por 176 peças de arte pré-histórica, alegadamente
proveniente de diversos achados arqueológicos em território português, com
origens entre os 4.º milénio e o 2.º milénio antes de Cristo. As peças integram
uma colecção única denominada "O Culto da Deusa". Esse espólio é
constituído, designadamente, por 107 deusas-mãe, 18 peças de ourivesaria e
joalharia e ainda uma cabeça de Zeus de bronze, 1 xorca de bronze, 1 vaso
canopo egípcio de alabastro, entre outras. Segundo o arqueólogo António
Cavaleiro Paixão, a maior parte das peças foi encontrada em território
alentejano, nas décadas de 1950 e de 1980. http://www.dn.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1850880&page=-1 Poeta
e coleccionador de arte
Denúncia
Joaquim Pessoa
"O mercado das peças de arte arqueológicas é um
regabofe"
por LICÍNIO LIMA P: Para o director do
Museu Nacional de Arqueologia (MNA), a colecção que vendeu ao BPN tem um valor
arqueológico nulo... As
afirmações infelizes que o dr. Luís Raposo fez em relação à colecção demonstram
que ele não é um arqueólogo, mas um funcionário público da arqueologia. E daí o
MNA estar no marasmo em que está há vários anos, sobretudo desde que é
director. P: Desvaloriza
a apreciação do director do MNA? Ele
nunca se interessou por ver as peças, ao contrário de outros directores de
museus. Só Luís Raposo achou que não valia a pena, que não tinha tempo. P: Mas
viu imagens da colecção... A
única coisa que viu foram fotografias que lhe mostrei. Quando as viu ficou tão
entusiasmado que me convidou para fazer uma palestra no MNA. Convidar-me-ia se
considerasse as peças falsas? P: O
director diz que baseia a sua opinião no relatório de uma conservadora do
MNA... A
conservadora é outra funcionária pública da arqueologia. Tem medo até da
própria sombra. Se querem dizer coisas nos jornais, que digam, por exemplo,
como aconteceu com essa conservadora, que o MNA comprou peças de ouro a uma senhora,
pretensamente achadas numa herdade do Alentejo, e depois veio a saber-se que
foram roubadas em Espanha. P: Mas
porque não confia no parecer de uma conservadora? Quis
oferecer ao MNA seis peças de ourivesaria, das quais não constam paralelo na
sala do tesouro. Essas peças representavam quase três quilos de ouro. Falei com
a conservadora dizendo que queria fazer a doação. Não obtive resposta até hoje.
Resolveu, por ela, não aceitar... e não acontece nada a esta funcionária
pública que prejudicou o MNA em pelo menos 10 milhões de euros? P: O
MNA tem peças que não foram achadas? Se
pegar nos catálogos de ourivesaria, verifica que na sala do tesouro há três ou
quatro, das mais insignificantes, que foram achadas. As outras foram compradas
a ourives e a coleccionadores particulares. E algumas não são mais do que
fragmentos. A pergunta é pertinente: então, onde estão as coisas achadas pelos
arqueólogos? Onde estão? Ou só os particulares acham peças de ouro? Não me
parece credível. Mas quero ressalvar que há arqueólogos muito sérios. P: Há
quanto tempo não se acha nada em Portugal? A
primeira compra de ourivesaria no MNA foi feita pelo director Leite de
Vasconcelos, em finais do século XIX, e depois nada mais se achou. Ou seja, em
mais de 110 de anos, os arqueólogos portugueses não acham peças de ouro? P: Não
acham mesmo? Se
calhar acham, mas onde estão? Quando se usavam mulas e arados para remover as
terras, achavam-se peças de ouro. E agora, nas escavações dos arqueólogos, não
se acham peças de ouro? Toda a gente sabe do regabofe que houve de venda de
peças a particulares durante muitos anos. P: O
País tem sido muito escavado... O
País foi retalhado desde os tempos de Cavaco Silva - são milhares de
quilómetros de estradas. Não se acharam peças? Acharam-se? Onde foram
entregues? As obras têm de ser acompanhadas por empresas de impacto
arqueológico. Mas não se sabe se foram encontradas algumas peças. P: Há
relatórios das escavações? Escolha
uma entre as várias escavações realizadas em Portugal nos últimos anos e veja
se consegue um relatório do que foi achado. É tudo muito abafado. Houve algum
achado durante as obras do Chiado, em Lisboa, depois do incêndio em 1988? Ficou
a saber-se que no local existiu uma igreja bizantina e não acredito que nada tivesse
sido encontrado. Se foi encontrado, onde está? Porque é que nos museus há
sobretudo cacos e nos coleccionadores particulares vêem-se peças completas? P: Há
um mercado negro na arqueologia? Há
muitas peças que são achadas cá, vão para Espanha e depois voltam... Ando há 36
anos nisto e tenho autoridade para contar histórias de peças encontradas por
arqueólogos e postas no mercado. Eu sei bem o que se passa... P: Os
autores que contactou para emitir pareceres sobre a sua colecção vendida ao BPN
aceitam a opinião do director do MNA? Um
deles, Castro Nunes, confrontou o dr. Raposo, que lhe disse taxativamente:
"Eu não tinha opinião. Eu disse o que tinha de dizer." P: Está
a falar de pressões? Mas
pressionado por quem? Por aqueles que têm medo de ser atingidos por esta coisa?
Eventual- mente até já conheciam as peças, porque foram eles que as
introduziram no mercado? Há aqui um medo terrível, não só da minha colecção,
mas de todos os coleccionadores particulares. P: A
sua colecção é toda autêntica? É
toda autêntica. Não são peças arqueológicas, é preciso que isto seja dito. São
peças antigas de arte móvel e foram todas encontradas em contexto português. O
que se passa com a minha colecção é o mesmo que se passa com as peças da sala
do tesouro do MNA. Eles também andam a comprar a populares e a feirantes.
Portanto, não venham com a história do contexto arqueológico, senão acabem já,
mas já, com a sala do tesouro. Tudo aquilo está descontextualizado. P: Considera
justo o negócio que fez com o BPN? Só
não foi justo porque as peças valem muito mais. Mas já manifestei a minha
intenção de readquirir a colecção.” http://www.dn.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1850924&page=-1 *** ******* This message contains information which may be confidential and privileged. Unless you are the addressee (or authorized to receive for the addressee), you may not use, copy or disclose to anyone the message or any information contained in the message. If you have received the message in error, please advise the sender by reply e-mail and delete the message. |
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