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[Archport] O santuário de Cabeço das Fráguas (Lusitânia)

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] O santuário de Cabeço das Fráguas (Lusitânia)
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Tue, 17 May 2011 12:36:55 +0100

O santuário de Cabeço das Fráguas (Lusitânia)

A 23 de Abril de 2010, reuniram-se na Guarda especialistas em História Antiga, nomeadamente no domínio da religião, a fim de reflectirem em conjunto sobre o santuário de Cabeço das Fráguas, onde, como se sabe, uma inscrição em língua dita lusitana se encontra gravada num penedo, a dar conta do sacrifício a divindades indígenas. Interessava, de modo particular, contextualizar o conteúdo informativo dessa epígrafe não só no local (foram realizadas escavações) como no âmbito, mais geral, da religiosidade dessa época.

Sob coordenação de Thomas G. Schattner e de Maria João Correia Santos, essas contribuições vieram a lume no nº 6 (2010) de Iberografias, revista do Centro de Estudos Ibéricos (Guarda, ISSN 1646-2858).

Assim, no quadro do contexto arqueológico, coube a João Carlos de Senna-Martínez apresentar aspectos da sociedade, da metalurgia e das relações inter-regionais com o chamado «grupo Baiões / Santa Luzia» (p. 13-26). E traçou Vítor Pereira uma panorâmica do povoamento romano no concelho da Guarda (p. 27-43).

Quanto ao contexto epigráfico-linguístico, Manuel Salinas de Frias referiu os santuários rurais documentados pela epigrafia romana da província de Salamanca (p. 45-53); Michael Koch apresentou três exemplos da romanização na parte indo-europeia da Hispânia antiga (Postoloboso, Cabeço das Fráguas e Monte do Facho) (p. 55-62). Coube a Blanca Prósper reflectir sobre as características dos sacrifícios rituais no quadro dos Indo-europeus, inserindo nelas o que de Cabeço das Fráguas se conhece (p. 63-70). Num domínio em que muito têm investigado, a Linguística pré-romana, Joaquín Gorrochategui e José María Vallejo abordaram questões de língua e de onomástica nas inscrições «lusitanas» (p. 71-80). Jürgen Untermann, por seu turno, debruçou-se sobre aspectos ainda mais específicos: o que, mediante a análise dos teónimos patentes na inscrição de Cabeço das Fráguas, se poderá concluir acerca de aspectos da gramática da «língua lusitana» (p. 81-88).

            Sobre o Cabeço das Fráguas propriamente dito, coube aos coordenadores do volume, responsáveis também pelos trabalhos arqueológicos ali levados a efeito, apresentarem as suas provisórias conclusões, partindo, inclusive, dos dados que a Arqueologia lhes proporcionou (p. 89-108). Desta forma, as suas observações versaram sobre «a representação processional no Ocidente hispânico» (p. 109-129) e «a concepção de espaço sagrado na Hispania indo-europeia» (p. 131-141).

            Estamos, pois, perante a primeira grande análise de conjunto de um sítio arqueológico invulgar, a que a epígrafe de Arronches, também ela em língua dita lusitana e ora motivo de novas reflexões depois de ter sido dada a conhecer (veja-se, por exemplo, http://hdl.handle.net/10316/10754 ) veio trazer novos desafios científicos!

                                                                                                                                                                                                        José d’Encarnação

 


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