[Archport] REF: Arqueologia no Famelab 2011
Parabéns, Leonor!
Eu sigo sempre o lema do Mortimer Wheeler: "os arqueólogos desenterram pessoas, não artefactos". Enquanto continuarmos a produzir em exclusivo o discurso pseudo-tecnicista do caco quem tem esta ou aquela pasta e tantos mm de espessura e enquanto continuarmos a só produzir esse para os não-arqueólogos ou a continuar a tapar os estaleiros de escavação em meio urbano com tapumes e a escarnecermos do cidadão que nos indaga se estamos a escavar múmias ou tesouros ao invés de lhe contarmos uma história sobre o carácter humano dos seus antepassados, onde por acaso ele até se pode rever, continuaremos a bramar contra a falta de emprego e o desleixo para com o património cultural.
Enviado do meu HTC
De: Leonor Medeiros <leo.amarilis@gmail.com>Enviado: segunda-feira, 23 de Maio de 2011 9:35Para: archport@ci.uc.ptAssunto: [Archport] Arqueologia no Famelab 2011
Bom dia,
O FameLab é uma iniciativa em que vários cientistas têm 3 minutos para comunicar a sua ciência a um público não especializado.
Este ano a Arqueologia também teve os seus 3 minutos, e foi premiada com o 1º lugar.
Na semi-final tentei principalmente quebrar estigmas, dizer que os sítios arqueológicos não são tão mais importantes quanto mais exótica é a localização ou quanto mais ouro sai da escavação. E que não escavamos dinossauros. Na final foi tudo sobre contar uma história e explicar como produzimos o conhecimento que produzimos.
Tenho-me deparado, tal como todos certamente, no enorme interesse que gera a menção à palavra Arqueologia. Uma ciência tão fascinante e apelativa como a nossa não devia nunca sofrer da pouca atenção que geralmente temos.
Espero que quanto mais aparecermos mais as pessoas tomem consciência da importância do nosso trabalho.
Algures no meio daqueles que nos ouvirem haverá certamente alguém que um dia poderá mostrar mais tolerância quando tivermos de lhe parar a obra, ou ser mais receptivo a um projecto de valorização patrimonial.
Gostava que este pequeno sucesso da Arqueologia instigasse mais gente a comunicar mais e melhor a ciência arqueológica. Pela minha experiência, e mesmo nem sabendo bem o que disse ontem no meio de todo o nervosismo, posso apenas dizer que não há ninguém insensível a uma boa história se a soubermos contar, e que haverá mais umas quantas pessoas que a partir de agora já se vão lembrar que o que fazemos é ciência. E que é o máximo!
[Não está incluída a mensagem original completa]