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[Archport] Destruição do património em Castelo Branco

Subject :   [Archport] Destruição do património em Castelo Branco
From :   lefay@sapo.pt
Date :   Mon, 27 Jun 2011 12:55:18 +0100



http://castelobrancocidade.blogspot.com/2011/06/casa-de-cha-do-jardim-e-arqueologia-da.html

Domingo, Junho 26, 2011
A "CASA DE CHÁ" DO JARDIM E A ARQUEOLOGIA DA CIDADE

Começaram as obras na casa que está ligada ao Jardim do Paço. O edifício albergou desde a década de oitenta do século passado o Museu Académico interessantíssima colecção da vida académica da cidade que entretanto desapareceu da vista. Ao que sabemos, ainda agora, quando alguém da Romagem de Saudade perguntou pelo seu espólio teve como resposta um cúmplice silêncio. A casa estava em estado de completo abandono desde as últimas obras e intervenções realizadas em em 2002 no jardim quando este hino à Natureza deixou de ser verde natural para se transformar numa nave de reboco e de cimento pintado de branco. Nessa ocasião desobstruíram-se alguns dos arcos do passadiço dando outra leitura a esta zona do complexo monumental. Na casa agora em obras vai surgir a nova bilheteira, o centro de interpretação do jardim e uma casa de chá. «A casa de chá é uma invenção do século XX. Não há nenhum documento histórico que aluda a essa função. E mesmo as parcas referências ao assunto revelam mais uma intenção de quem as proferiu do que uma realidade histórica». Realmente mais um café, para quê? Para fazer concorrência directa aos da zona histórica? Aí realmente a palavra chá assume outros significados. O produto não tem lá muita saída a não ser o chá de limão e o de camomila às vezes. Quando se vai tomar um chazinho geralmente isso diz respeito à reunião e à camaradagem duma bucha com queijo e chouriço cá da terra, acompanhada de "chá" tinto ou branco. Mas isso são coisas populares, de cá, nossas, pouco interessam para quem pensa isto do turismo e do desenvolvimento económico das zona antiga da cidade... Os turistas o que querem é chá. Em duas visitas que recentemente fizemos ao jardim deu para constatar que as obras, que não estão identificadas quanto ao seu promotor, não estavam a ter nenhum acompanhamento ou monitorização, nomeadamente arqueológico. A não ser que os trabalhadores que estavam com a picareta a remexer a terra e com o camartelo a destruir os muros sejam os técnicos do património presentes. Não me parece. O muro histórico que ligava a casa ao jardim alagado e do qual há fotografias antigas está a ser demolido sem se recolherem, como nos disseram quaisquer informações dos seus rebocos ou estuques e tentar perceber o seu desenvolvimento face à arquitectura do local . A casa tem vãos chanfrados o que, parece-nos, denota poder ser uma construção muito mais antiga que o jardim setecentista. Já há cantarias trabalhadas pelo chão sem qualquer contextualização. Apenas uma pergunta não é obrigatório, segundo a Lei, o acompanhamento arqueológico desta empreitada? Então onde é que ele está? Não esqueçam que sempre se podem vir a encontrar vestígios das folhas dos chazinhos bebidos pelos senhores bispos em amenos finais de tarde. Enfim. Uma pergunta, o Jardim de Castelo Branco é monumento Nacional não é? PS- Face ao observado, em companhia de um amigo, dirigi-me à Delegação de Cultura do Centro de Castelo Branco. Aí fomos prontamente recebidos por um diligente funcionário que nos informou, depois de nos mostrar o despacho, que, efectivamente, estas obras têm de ter acompanhamento arqueológico. Subentende-se que esses acompanhamento é efectuado desde o começo das mesmas ou não será assim?
O Albicastrense


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