As famosas pinturas rupestres de Tchitundo-Hulo, na
província do Namibe, correm o risco de desaparecer a qualquer momento devido ao
estado avançado de degradação, resultante dos processos químicos a que a rocha que os suporta está
submetida por se encontrar ao ar livre.
O facto está a preocupar seriamente os estudantes e
habitantes da região que clamam por uma intervenção imediata das autoridades
governativas da província e do Ministério da Cultura, através do Instituto
Nacional do Património Cultural.
Trata-se sobretudo da estação rupestre de Tchitundo-Hulo Mulume, localizada em
Capolopopo, no Morro Granítico do Virei, a 137 quilómetros da
sede provincial. É um dos mais belos conjuntos da Pré-História de Angola, e
hoje parece esconder a tradição do que era. Conta-se que esta empolgante
estação rupestre começou a despertar a atenção dos especialistas há cerca de 50
anos, e em 1952 coube ao geólogo Camarate França iniciar o estudo da referida
estação.
Com um longo processo de observação às pinturas do Tchitundo-Hulo Mulume,
Herman Baumann, etnólogo alemão, descobre o TchitundoHulo Mucai. Apesar da
relevância do local que recebe visitas e é alvo de pesquisas em vários
domínios, Tchitundo-Hulo nunca beneficiou de qualquer intervenção ao nível
estrutural visando proteger e preservar os exemplares que ainda restam, uma vez
que o local tem sido motivo de estudo.
Quanto se sabe, existem em Tchitundo-Hulo gravuras com mais de dois mil anos.
São datadas do paleolítico e neolítico, e atribuídas aos povos que habitavam o
local antes da chegada dos bantus. Tem mais de quatro mil anos e é tida por
anciãos da região como ponto de partida das artes rupestres de África, tendo o
seu início nas terras desérticas do Namibe.
Estatísticas não confirmadas apontam a existência em TchitundoHulo Mulume de
cerca de duas mil gravuras, quase todas do tipo geométrico: associações de
circunferências e de traços retilíneos constituem figuras verdadeiramente
labirínticas, algumas delas de interpretação bastante difícil.
Na verdade, a situação é complexa e tende a agudizar-se a cada dia que passa,
uma vez que ainda é visível, na parte superficial da pedra que suporta as suas
gravuras, fragmentos causados pelo vento, erosão e aquecimento.
Insatisfeitos, estudantes e turistas apelam as entidades competentes para a
protecção do espaço e reunião de condições para inscrever a referida estação na
lista do Património Universal. Outra questão que também tem colocado sérios
embaraços aos técnicos da direcção local da Cultura e estudantes
nos trabalhos de fiscalização e investigação prende-se com o mau estado das
vias de acesso ao local.
A direcção local da Cultura tem já catalogadas 18 estações, incluindo rupestres
e arqueológicas. A par disso, existem outras não registadas por se encontrarem
localizadas a mais de 300
quilómetros, sendo que o acesso à área implica o uso
obrigatório de meios sofisticados como é o caso de Tchitundo-Hulo e Makama.
O director provincial da Cultura do Namibe manifestou-se preocupado com a
frequência de alguns turistas no local que, além de visitá-lo, levam material
inadequado às investigações e que, por vezes, ousam furtar os objectos ali
encontrados.
Tchitundo-Hulo divide-se em
duas estações. A primeira é TchitundoHulo Mukai e encontra-se
de baixo de uma O artista angolano Hélder Mendes realiza, hoje à noite, no
espaço cultural Elinga Teatro, um concerto musical ao vivo.
Neste espectáculo o cantor apresentará temas dos seus dois álbuns,
“África Okwaba” e “Vumbi”, com músicas compostas e interpretadas em Kikongo, Umbundu,
Kimbundo, Fiote, Kwanyama e Tchokwe. O concerto marca também o regresso de Hélder Mendes a
Angola, depois de alguns anos passados em Espanha, onde produziu grande parte
do seu trabalho que será apresentado hoje.
Numa Co-Produção da Mano a Mano Produções, Movimento X e Alliance Française, o espectáculo
inclui a actuação de uma banda que será composta por cinco elementos (Cloves na
guitarra ritmo e solo, Celso Costa na guitarra baixo, Nana na precursão e Jó
Pinto na bateria) e um convidado especial: o musico Venezuelano Jesús Chucho
Garcia.
Nascido há 29 anos, na província do Kwanza-Norte, Hélder Mendes apresenta agora
o seu segundo álbum, “Vumbi” (Espírito, em kikonBig Nelo, Yola Araújo, Cage One
e Dj Big Renas fazem parte do cartaz da quinta edição do “Blue Road Show 2011” que começa este fim de
semana, em Menongue, numa iniciativa da Refriando, detentora da conhecida marca
de refrigerantes angolana.
A caravana do “road show” (composta por quatro camiões, sete carros de apoio e
cinquenta pessoas) vai passar por diversas províncias do país. Os espectáculos
serão realizados no Kuito (1 de Abril), Huambo (3 de Abril), Lubango (9 de
Abril), Benguela (16 de Abril), Wako-kungo (23 de Abril), Ndalatando (29 de
Abril), Malange (1 de Maio), Saurino (6 de Maio) e Uíge (14 de Maio).
Para além do “cartaz de luxo”, segundo Eurico Feliciano, responsável pela
iniciativa, o road show apresenta outras novidades: o lançamento da marca “Blue
Music” que vai agregar todas as iniciativas relacionadas com música da
Refriango e o rocha que dá acesso ao interior da caverna onde se encontram as
figuras rupestres.
A segunda é Tchitundo-Hulo Mulume e está localizada no cimo de uma montanha. É
a que regista o maior índice de degradação das gravuras, devido aos processos
químicos a que a rocha
está submetida por estar exposta a céu aberto.
Novas
estações descobertas há 3 anos
A descoberta há três anos de 11 novas estações rupestres
naquela província abriram de espanto os olhos dos especialistas e funcionários
do Ministério da Cultura. Com esta descoberta, segundo técnicos do Ministério
da Cultura, as atenções do sector estarão nela direccionadas de modo a permitir
que se tenha na região uma presença acentuada de turistas e estudiosos em
vários os domínios.
O grande objectivo das autoridades locais é sobretudo inscrever Tchitundo-Hulu
na lista do Património da Humanidade. Nesta perspectiva, o Ministério da
Cultura elaborou um programa junto do governo da província do Namibe visando
proteger as estações rupestres da região.
Referências
Esta empolgante estação rupestre
começou a despertar a atenção dos peritos há cerca de 50 anos. Em 1952 o
geólogo, Camarate França deu início ao estudo da estação. Já em 1954, o
etnólogo alemão Herman Baumann observou as gravuras e pinturas do
Tchitundo-hulo Mulume e encontrou o Tchitundo-hulo Mucai.
Já na década de 70, coube ao professor angolano Carlos Ervedosa e ao professor
Santos Júnior (a quem se deve o registo de novas gravuras no Tchitundo-hulo
Mulume, assim como a descoberta da Pedra da Lagoa e da Pedra das Zebras)
visitar e efectuar pesquisas nesta estação.