As figuras
rupestres de Tchitundo-Hulo, no Namibe correm o risco de desaparecer do
património cultural, caso não forem tomarem medidas preventivas para evitar que
o pior aconteça.
Estas configurações existem desde o ano 2 mil antes de
Cristo, segundo relatos de Martinho Ganga, director Provincial da Cultura.
Martinho Ganga manifestou-se preocupado com o elevado índice de degradação das
figuras rupestres na Estação de Thitundo-Hulo Mulume naquela província,
sublinhando que as mesmas correm o risco de desaparecer da lista do património
cultural do país, caso não sejam tomadas medidas interventivas ao nível de
protecção da área para impedir que tal venha a acontecer.
Para o efeito, solicitou à Direcção Nacional do Património Cultural o envio de
técnicos especializados a região para intervir no caso. A Estação de
Tchitundo-Hulo divide-se em duas áreas . A primeira é TchitundoHulo Mukai e
encontra-se de baixo de uma
rocha que dá acesso ao interior da gruta onde se encontram as
figuras rupestres.
O segunda é Tchitundo-Hulo Mulume e está localizada no cimo de uma montanha. É
a que regista o maior índice de degradação das gravuras, devido aos processos
químicos a que a rocha
está submetida por se encontrar ao ar livre. Trata-se de um dos mais
belos conjuntos rupestres da Pré-História de Angola e estão localizadas em
Capolopopo, a 137
quilómetros a leste da província. “Muitas destas figuras
estão a desaparecer devido a exteriorização da rocha, ventos e dos processos
químicos que a mesma vai sofrendo. O fenómeno de erosão é muito acentuado no
processo de destruição”, disse o director.
De acordo com o responsável, a província do Namibe possui 14 figuras rupestres,
destas apenas quatro estão catalogadas. Estas gravuras existem há mais de dois
mil anos antes de Cristo e foram feitas pelas populações autóctones do antigo
povoamento angolano pré-bantu.
“Estamos preocupados com estas gravuras rupestres de TchitundoHulo porque as
gravuras estão postas sobre as rochas em céu aberto, e sofrem directamente a
acção erosiva dos ventos e de altas temperaturas”. O responsável apelou
as estruturas centrais com vista a encontrar mecanismos para salvar os
exemplares que ainda restam para a sua preservação e protecção, uma vez que têm
servido de estudo e têm sido visitados por turistas não só do país como do
estrangeiro.
Entretanto, a Direcção Provincial da Cultura do Namibe tem catalogadas
até ao momento 18 estações, incluindo rupestres e arqueológicas. A par disso,
existem outras não registadas por se encontrarem localizadas há mais de 300 quilómetros,
cujo acesso à área implica o uso obrigatório de meios sofisticados como é o
caso de Tchitundo-Hulo e Makama.
Não obstantes esses factores, o director manifestou-se igualmente
preocupado sobretudo, com a frequência de alguns turistas no local, que além
das visitas levam material inadequado as investigações nestas estações e que
por vezes ousam-se a furtar os objectos encontrados no local.
Namibe
e o património edificado
Terra secular, a cidade do Namibe
afigura-se sem margens de grandes debates como uma das pérolas do urbanismo e
paisagismo no país e ao mesmo tempo em nada fica a dever aos mais belos
exemplares em matéria de arte arquitectónica.
Namibe tem um traçado quadricular, a singularidade dos imóveis representativos
de uma arquitectura mediterrânica, lhe dá a homogeneidade de estilo. Praças e
largos em singelo tornam o núcleo urbano central da cidade num conjunto
arquitectónico preciso dos nossos dias que merece ser protegido e preservado.
Não se torna necessário ser um conhecedor especializado da mais antiga das
artes para descobrir a beleza de um perfil de construção que conjuga de forma
equilibrada, o núcleo urbano com a imponência do deserto e a beleza do seu mar,
rico em recursos.
O grande plano desta grande urbe testemunha sem necessidade
de excessos folheados a capacidade do ser humano de criar sociedades
culturalmente ricas, mesmo em ambientes diversos, produzindo riqueza material e
espiritual.
Gonçalo Pedro
madymilla@hotmail.com