Quando se fala em projectos culturais destinados a “reabilitar” o património ou “valorizá-lo”, surgem muitas vezes apenas duas soluções tipicamente portuguesas - ou se deixa cair ou se faz um Mega Projecto que pretende colocar “provincianamente” a cidade ou o Promotor no mapa, procurando um sucesso tipo Guggenheim. Acontece que um dos maiores valores que temos como país é o nosso património arquitectónico, o valor dos conjuntos, dos centros históricos, a relação da arquitectura e dos monumentos com a envolvente etc, etc. Nesta linha de pensamento lamento que se continue a apostar, mesmo em tempos de crise (e isso deixa-me ainda mais confusa), em projectos culturais como estes que agora apresento e que gostaria de ver mais discutidos. Importa lembrar que estes dois Mega Projectos surgem em zonas com grande valor histórico e junto a imóveis classificados. Uma das razões porque julgo importante que se discutam estes assuntos é porque, apesar de tudo, os arqueólogos ainda fazem ouvir a sua voz no meio de uma apatia generalizada. Veja-se a recente notícia do Público sobre as mudanças ao nível da tutela do Património - quem são os que se preocupam ? Os arqueólogos…. Gostava de deixar claro que apesar de me encontrar ligada a uma das Instituições que tem como missão pronunciar-se sobre estas matérias, sempre expus as minhas ideias (dentro e fora da Instituição) com toda a liberdade que sempre defendi e defenderei e porque considero que é urgente discutir e argumentar solidamente sobre este tipo de projectos pois eles perduram e impõem-se nas cidades por muitos e muitos anos.
- O primeiro surge junto a um notável monumento classificado – A Central Tejo – demolindo, ao que parece, partes do conjunto para edificar esta “Pala”. Centro Cultural – Fundação EDP, projecto de Amanda Levete. Vejam em anexo imagens retiradas da Agenda Cultural de Lisboa, páginas 122 e 123. Pormenores do texto que destaco: conceito de “democraticidade” que dizem estar subjacente ao projecto e a possibilidade de circulação pedonal pelo tecto do edifício, o que me faz lembrar outro projecto onde essa intenção saiu gorada pelo perigo que representava para os visitantes - o “Museu do Côa” obrigando a colocar vedações que desfiguraram a ideia inicial dos arquitectos. Julgo que conhecem outra Pala mais à frente junto ao rio, por baixo da Ponte 25 de Abril, aquela onde se gastou milhões e que depois nunca serviu para nada. Muito próximo também ergue-se outro Mega Projecto agora parado – O Museu dos Coches – lembram-se ? Aquele que desalojou o ex Instituto Português de Arqueologia e que quase provocou a saída do Museu Nacional de Arqueologia dos Jerónimos, entre outros efeitos colaterais. - O segundo é um projecto de Carrilho da Graça – o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes que tem por missão "apresentar as colecções de Arqueologia, de História e de Arte, desde os tempos Pré-Históricos até à Época Contemporânea, tanto de origem local, regional e nacional como de origem internacional". Este edifício, em forma de paralelepípedo com Sobre este caso deixo-vos também em anexo umas imagens que, a meu ver, ilustram bem o que tentei aqui debater.
E não me falem de fundamentalismos que não percebemos nada de modernidade nem de património etc e tal... estou farta de ouvir só esses argumentos ! Estes debates surgem em todos os países e é importante que existam para mostrar que não somos todos amorfos, um bando de carneiros atrás dos " Archistars " !! Maria Ramalho |
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