Re: [Archport] A arqueologia forense sugere que em torno de 15% dos indivíduos nas sociedades "pré-estatais" morriam de maneira violenta
Boa Noite:
Numa aplicação ortodoxa do conceito julgo que Cláudia Santos tem razão porque o objectivo primeiro da Arqueologia Forense é a recolha de evidências a fim de serem presentes nos tribunais (corrijam-me se estou errado). O facto do procuradores dos USA e UK preferirem levar a foro casos em que as probabilidades da acusação ganhar, baseada em provas sólidas para além da confissão, estimulou o desenvolvimento da Arqueologia Forense que na verdade é pouco aplicada em Portugal porque o modelo de funcionamento da Justiça é outro. Nos USA as carreira políticas começam frequentemente pelo cargo de procurador o qual pretende demonstrar ao eleitorado que é eficaz, não perdendo casos em tribunal e defendendo com vigor o povo contra os criminosos.
Por outro lado a transposição dos métodos da Arqueologia Forense, numa perspectiva mais lata, para épocas passadas foi um caminho natural. Trata-se de apurar a violência como um indício material, registável, mesmo que já não se trata de um caso criminal ou seja matéria de uma investigação jurídica. Enfim podemos convocar o Tribunal da História ou casos específicos como a Lei da Memória Histórica em Espanha que não tem por objectivo abrir processos mas apenas determinar as modalidades da violência durante a Guerra Civil e sobretudo identificar as vítimas.
Por outro lado julgo que as conclusões dos investigadores são algo temerárias, pois as percentagens de morte violenta entre 1914 e 1945, tanto na Europa como a Ásia são muito elevadas.
Saudações,
Francisco Sande Lemos
2011/10/20 António Correia
<avantecomuna@iol.pt>
Ora viva,
A arqueologia forense suger que em torno de 15% dos indivíduos nas sociedades "pré-estatais" morriam de maneira violenta
Novo livro do psicólogo de Harvard defende que apesar de sentirmo-nos rodeados por violência, ela diminuiu ao longo da história
A história da humanidade representa uma evolução na qual as pessoas são cada vez mais inteligentes, e em consequência disso, menos violentas, diz artigo publicado nesta quarta-feira (19) no último número da revista Nature.
O psicólogo canadiano Steven Pinker argumenta que o aumento da inteligência, que se reflecte em pontuações médias cada vez mais altas nos teste de raciocínio abstrato, e também o desenvolvimento da empatia entre os seres humanos, propiciaram um declive da barbárie nos últimos séculos.
Além disso, a alfabetização e o cosmopolitismo favoreceram uma troca de ideias em nível global que "possibilita a compreensão do mundo e facilita os acordos" entre distintas sociedades.
"Apesar de atualmente sentirmos-nos constantemente rodeados pela violência, em séculos anteriores a situação era muito pior. Impérios em colapso, conquistadores maníacos e invasões tribais" eram comuns, afirma Pinker.
A arqueologia forense e a demografia sugerem que em torno de 15% dos indivíduos nas sociedades "pré-estatais" morriam de maneira violenta, uma proporção cinco vezes maior à registrada no século XX, apesar de suas guerras, genocídios e crises de fome.
Nesse sentido, Pinker aponta que a afirmação popular de que "o século XX é o mais sangrento da história" é uma mera "ilusão" que dificilmente pode ser apoiada em dados históricos.
A barbárie diminuiu comparada a épocas anteriores não só em relação a conflitos armados, mas também a comportamentos sociais, diz o investigador..
No século XIV, 40 em cada 100 mil pessoas morriam assassinadas, enquanto atualmente essa taxa se reduziu a 1,3 pessoas.
"Além disso, nos últimos séculos, a humanidade abandonou progressivamente práticas como os sacrifícios humanos, a perseguição de hereges e métodos cruéis de execução como a fogueira, a crucificação e a empalação", lembra o psicólogo.
Pinker atribui essa evolução ao aperfeiçoamento da racionalidade e não a um "sentido moral" dos seres humanos, que por si só serviu para "legitimar todo tipo de castigos sangrentos".
"A propagação de normas morais tornou frequentes as represálias violentas por faltas como a blasfêmia, a heresia, a indecência e as ofensas contra os símbolos sagrados", afirma.
O estudo ressalta que com o tempo o ser humano foi diversificando sua tendência ao comportamento agressivo, presente desde os primeiros Homo sapiens.
"A racionalidade humana precisou de milhares de anos para concluir que não é bom escravizar outras pessoas, exterminar povos nativos, encarcerar homossexuais e iniciar guerras para restaurar a vaidade ferida de um rei", diz o psicólogo.
O autor do estudo apoia sua tese sobre o aumento da inteligência em pesquisas anteriores, que mostram como o Quociente Intelectual (QI) médio aumenta a cada geração.
"As empresas que vendem testes de inteligência têm que normalizar os seus resultados periodicamente. Um adolescente médio de hoje em dia se voltasse a 1910 marcaria um QI de 130, enquanto uma pessoa típica do século XX não passaria da pontuação 70 atualmente", explica Pinker.
http://www.scientificamerican.com/podcast/episode.cfm?id=steven-pinker-violence-is-lower-tha-11-10-18
http://www.csmonitor.com/Books/Book-Reviews/2011/1020/The-Better-Angels-of-Our-Nature-Why-Violence-Has-Declined
_______________________________________________
Archport mailing list
Archport@ci.uc.pt
http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport