From: amaro_goncalo@hotmail.com To: jde@fl.uc.pt Subject: RE: [Archport] RES: As estátuas da ilha de Páscoa, afinal, possuem corpos! Date: Mon, 19 Mar 2012 15:17:36 +0000 Estimado José,
Os meus comentários referiam-se única e exclusivamente a quem proferiu está frase: «São todas bem recentes algumas de 2011. Aliás era notório, para qualquer pessoa atenta, pelas roupas dos intervenientes e até pela qualidade das fotos, que eram fotos recentes. E essa foi também uma das surpresas que muita gente deve ter tido, pois não tenho conhecimento de nenhuma investigação recente sobre o assunto ter sido divulgada nos OCS. E a Ilha da Pascoa costuma ser assunto de primeira pagina. Também nunca vi nenhuma representação das estátuas em corpo inteiro».
Não me choca que a maioria dos arqueólogos portugueses não saiba que os moais tenham corpos, também não conheço o colega Gonçalo Cruz, e não me sinto na obrigação de o defender, no entanto, perante a referida frase achei por bem expor dados concretos. Na minha humilde opinião parece-me que, orgulhos à parte, deveriam ser feitas reprimendas a quem dá informações erradas e não a quem dá informações acertadas... por exemplo, ainda não vi um comentário seu às frases de Hans Daienhardt sobre extraterrestres na ilha e sobre as comparações do rongorongo com o linear A.
Um abraço
Gonçalo de Carvalho Amaro From: jde@fl.uc.pt To: archport@ci.uc.pt Date: Mon, 19 Mar 2012 00:19:31 +0000 Subject: [Archport] RES: As estátuas da ilha de Páscoa, afinal, possuem corpos! Agradeço todas as explicações que têm sido exaradas e também é para se desfazerem equívocos que o fórum archport existe. Mas vamos aos factos: a informação chegou-me através do Arq. Jorge Cruz, que escreveu (e eu transcrevi): «Não sabia disto e não sei se é novidade ou não, ou tampouco se esta descoberta é recente, mas que é interessante lá isso é. E as estátuas são excepcionais...». E seguia-se uma informação que começava assim: «Les statues de l'île de Pâques déjà mystérieuses possèdent un corps !». Entendi o ponto de exclamação como ele deve ser entendido: uma exclamação de admiração. Confesso que, não sendo eu um especialista nessa arqueologia (e, de resto, nem arrogo para mim especialidade noutras) e tendo visto, na Expo’98, réplicas dessas estátuas – só o que estava acima do solo –, nunca me pusera a questão de saber se algo haveria enterrado, caso se fizesse uma escavação. Por isso, também eu subscrevendo a dúvida sobre se seria, ou não, descoberta recente, ousei (e agora uso o termo, porque, ao que parece, terei ofendido alguns dos membros desta lista, designadamente Gonçalo de Carvalho Amaro, «Arqueólogo residente no Chile que justamente está a trabalhar sobre a Ilha da Páscoa», que me acusa de falta de pudor, e Gonçalo Cruz, que considera inexplicável a minha admiração, ainda que tolerada…) utilizar a archport para dar a conhecer o que, na realidade, muita gente não conhecia mesmo, acreditem, com o pormenor ‘gráfico’ aqui mostrado. «Não é descoberta recente; já se sabia disso há muito tempo»? - Encantados! Veio daí algum mal à dignidade da archport ter-se feito eco de uma notícia que, afinal, já era conhecida de muitos? E quem houve aí que afirmou a pés juntos que era uma descoberta recente? E quem anda por aí em histeria? Não apago as informações deste processo, que constam infra, para se verificar que – se anda histeria pela Net – na archport não é. E… o que é mesmo isso de histeria? Consciencialização de que estamos perante um património único, que até poderia ter sido classificado como uma das sete novas maravilhas, se acaso tivesse havido maior divulgação do seu real interesse ou se, porventura, alguém já tivesse logrado decifrar o rongorongo? Se o é, trata-se, a meu ver, de uma histeria benfazeja!
José d’Encarnação
Post-scriptum: Para que não restem dúvidas: o título em português «As estátuas da ilha de Páscoa, afinal, possuem corpos!» é de minha lavra e assumo inteiramente a sua exclusiva autoria – J. d’E.
De:
archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de gonçalo amaro
Date: Sun, 18 Mar 2012 18:30:11
+0000 Estimado Gonçalo,
Tem toda a razão, de facto é um pouco estranho que não se tenha pudor em "postar" estes comentários sobre os moais. Parabéns pela sua explicação mostra conhecimento sobre a cultura megalítica rapa nui. Tolera-se que se fale da extraordinária descoberta de moais com corpos em curiosos interessados por arqueologia, também se tolera a "admiração" por arqueólogos que não estão familiarizados com as culturas do Pacifico, agora não se compreende que se afirme a pés justos (sobretudo arqueólogos) que se trata de uma novidade quando não o é. Algumas das fotos de facto são recentes, outras dos anos 80, mas sempre se soube que os moais tinham corpos, até porque, para além das gravuras dos séculos XVIII e XIX, a população de origem rapa nui (que todavia persiste), sempre contou que as estátuas tinham corpos e até que "depois de prontas caminhavam desde Ranu raraku (pedreira) até ao seu respectivo ahu)
Um abraço
Gonçalo de Carvalho Amaro Arqueólogo residente no Chile que justamente está a trabalhar sobre a Ilha da Páscoa no Consejo de Monumentos Nacionales (espécie de IGESPAR cá do sítio).
……………………………… A admiração pelo assunto não é compreesível, é inexplicável!
Sempre se soube que as estátuas da ilha de Páscoa têm corpos, porque parte delas sempre estiveram de pé... Encontrará aqui duas imagens do século XVIII onde elas estão representadas com corpos:
E encontrará aqui uma fotografia do "el gigante", o maior moai que se conhece, não terminado, ainda na pedreira onde estava a ser esculpido:
Como poderá verificar, se estiver atento, tem um corpo.
Logo, se as esculturas inacabadas têm corpo, e se as que se encontram no seu local de destino (as plataformas de pedra, ou "ahu", onde eram colocadas), também têm corpo, é evidente que as estátuas que ficaram pelo caminho, e que estão parcialmente enterradas, não eram "bustos". Mas mesmo que se colocasse a hipótese de não terem corpo, esta "descoberta" já foi feita há décadas...
Recorrendo ao seu palavreado é "notório, para qualquer pessoa atenta, pelas roupas dos intervenientes e até pela qualidade das fotos" que algumas destas fotos são da década de 1980. A última fotografia deste e-mail, encaminhado pelo Prof. José d'Encarnação, e que mostra várias pessoas em volta de um moai em escavação, foi tirada na campanha de 1986. No último patamar, junto ao perfil da sondagem, vê-se um senhor vestido com um uniforme azul, encostado à estátua. Trata-se do Sr. Thor Heyerdahl, referido pelo Alexandre Monteiro, e que faleceu em 2002, com 87 anos.
As informações recolhidas no âmbito do projecto Easter Island Statue Project (EISP) são efectivamente interessantes. Entre outras conclusões, apurou-se que as decorações (que também já eram conhecidas) dos corpos das estátuas que estão semi-enterradas, estão em excelente estado de conservação.
Mas é evidente que não se descobriu agora que estátuas têm o resto do corpo esculpido. Afirmar, no século XXI que "As estátuas da ilha de Páscoa, afinal, possuem corpos!" é o mesmo que afirmar "A esfinge de Guizé afinal não tem nariz!". Tal me parece tão evidente que, sim, não compreendo esta histeria, que circula pela net, e que me parecem e-mails não veiculados pelos responsáveis do EISP.
Na minha opinião, acho que já é mais do que tempo de acabarmos com esta cultura da "Arqueologia bombástica" e do "faro para a descoberta", que apenas prolifera numa sociedade onde a promoção, seguida de aproveitamento, da ignorância generalizada é prática corrente.
Não condeno, contudo, que este e-mail tenha sido colocado na Archport. Acho até que foi uma boa oportunidade para rebater este assunto.
Gonçalo Cruz
………………………………………………. 2012/3/15 Jorge Cruz <jpsc@sapo.pt> Claro que é compreensivel a admiração pelo assunto, não só apenas porque é novidade para muita gente, como pela surpreendente qualidade do corpo das estátuas. Pelo que se pode consultar aqui... O “Easter Island Statue Project” pegou na tocha do Mulloy - o local onde se podem encontrar os últimos artigos e as últimas fotos e notas de escavação, é este: http://www.eisp.org/ ... é claro que nenhuma das imagens é dos anos 80. São todas bem recentes algumas de 2011. Aliás era notório, para qualquer pessoa atenta, pelas roupas dos intervenientes e até pela qualidade das fotos, que eram fotos recentes. E essa foi também uma das surpresas que muita gente deve ter tido, pois não tenho conhecimento de nenhuma investigação recente sobre o assunto ter sido divulgada nos OCS. E a Ilha da Pascoa costuma ser assunto de primeira pagina. Também nunca vi nenhuma representação das estátuas em corpo inteiro. Obrigado ao Alexandre MIonteiro pelas informações enviadas. JC ---------------------------
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