[Archport] Acerca do Portal

[joao tereso <jptereso@gmail.com>]

Boa tarde

 

sou completamente partidário do modelo que António Valera falou na primeira mensagem que escreveu aqui acerca do novo Portal do IGESPAR. Porque não submeter os relatórios on-line, como se faz com qualquer projecto na FCT? E disponibilizar esses mesmos relatórios para todos poderem ler? Certamente que a qualidade média dos relatórios iria aumentar.

Mas, tal como António Valera, também acredito que podem existir situações legais complicadas. Embora, como diz Alexandre Monteiro, o património cultural deva ser divulgado e isso tem de ser considerado uma prioridade, os relatórios frequentemente têm componentes descritivas do empreendimento que vai ser construído/alterado que, cuja divulgação massiva antes de tempo pode ser muito prejudicial para a empresa em questão. Nos EIA trata-se do ponto que usualmente se intitula “descrição do projecto”.

Embora a divulgação do património seja efectivamente uma prioridade, defendo uma perspectiva integradora da Arqueologia no restante mundo empresarial. Aliás, pensar a Arqueologia como uma actividade separada e até superior às restantes actividades empresariais é, quanto a mim, uma má atitude que, quando assumida em plena obra por profissionais da Arqueologia, só poderá conduzir a maus resultados, por vezes a curto prazo, por vezes a médio-longo prazo (sentidos pelos arqueólogos que, num trabalho seguinte, lidam com aquela entidade).

Acredito que as pessoas que aqui falaram deste tema teriam o bom senso para lidar com estas situações individualmente, mas efectivamente, estas questões não podem depender do bom senso.

Uma solução possível está na disponibilização de relatórios dentro de um prazo determinado. No caso dos EIA pode ser após a discussão pública do mesmo, pois nesta fase o projecto assume todo ele uma dimensão pública. No caso dos projectos de investigação pode ser estabelecido um prazo para que os arqueólogos mantenham a possibilidade de publicar os dados antes do relatório ser disponibilizado on-line (1 ano?). E isto relaciona-se com a questão de saber se os relatórios podem ser considerados publicações. É uma questão muito importante que, neste momento, só depende de cada um de nós. Qualquer um de nós pode pedir um ISBN para uma publicação - é gratuito – e disponibilizar on-line. Fazer disso uma norma pode ser prejudicial e fazer atrasar a entrega de relatórios por parte dos arqueólogos, para antes de tudo publicar numa revista. Afinal de contas, várias revistas recusam-se a publicar dados que já estejam publicados noutros locais, se os relatórios contarem como publicações, perde-se a originalidade dos dados…

Enfim, é um assunto importante que deve ser discutido e bem pensado, talvez nos termos que esta discussão tem assumido aqui na archport.

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João Pedro Vicente Tereso

http://sites.google.com/site/joaopedrotereso/

http://arqueociencias.blogspot.com/

CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos/Research Center In Biodiversity and Genetic Resources
Faculdade de Ciências - Universidade do Porto/Faculty of Sciences - University of Porto