[Archport] Arqueologia na FCSH.

[Manuel Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com>]

Grande parte dos subscritores desta lista conheceu-me de picareta nas mãos, há mais de trinta e cinco anos. De picareta nas mãos ou a manobrar carrinhos de terra, pela torreira do calor ou pelo fresco matinal.

Tudo o que sei acerca de Arqueologia foi ouvido e memorizado nesta condição, entre o arrancar da picareta do solo, atrás costas, até ao desfecho do engenho na terra, à frente dos meus pés. Sei pois portanto pouco de Arqueologia, mas sei muito bem como é que se faz.

Entre uns exercícios de picareta e umas manobras de carrinho de mão, ainda transpus um ciclo de elevação de estatuto e fiz um tirocínio, em Angola, com o Victor Oliveira Jorge. Foi então que me dei conta de que umas certas leituras que pensava serem úteis apenas para enriquecer a cultura política, poderiam servir também a Arqueologia.

Ainda hoje fico boquiaberto quando registo algum desapreço pela a forma de o Victor Oliveira Jorge ‘’fazer’’ a Arqueologia e como é votada ao menospreço pela maioria dos arqueólogos a sua prospecção e desassossegos epistemológicos. O VOJ é filósofo e poeta.

Mas, quando vem em jeito, uma leitura descontextualizada de VOJ dá sumo para uma rodada.

Não enxergo onde VOJ possa sustentar que é irrelevante ou louvável que os júris de concursos públicos ou provas académicas em Arqueologia tenham mais doutorados em História do que em Arqueologia.

Ai… Alexandre Monteiro… Eu nem quero acreditar no que estou a ver e rogo-lhe que pondere, em nome do respeito que nos acostumou a ter, no que está a fazer.

Tinha ainda cerca de seis anos quando pude assistir a uma visita do Salazar à minha terra. Lá tive que fazer esse papel, de ir bater palmas, com bandeirinhas.

Bem, a sua ingenuidade impele-me a deixar-lhe aqui um forte abraço de solidariedade.

Caramba! Todos somos humanos.

-- 
Manuel de Castro Nunes