Sou aluno do curso de Arqueologia da FCSH-UNL e não me revejo na tomada de posição da maioria dos meus colegas que endereçaram a este fórum o respectivo descontentamento por estar a haver lugar a semelhante discussão sobre o curso de arqueologia e a faculdade. A meu ver, poucas coisas são mais bafientas e prejudiciais para o funcionamento transparente das instituições públicas do que a “despreocupação” dos seus membros.
Porque é disso que se trata, de falta de transparência na actuação da chefia do Departamento de História da FCSH, quando exonera da direcção do curso de Arqueologia, a meio do ano curricular, os dois professores com maior e melhor currículo científico-pedagógico na área, em pura deslealdade institucional. Porque a ideia que transparece é a de que na FCSH, não é o mérito ou o currículo que norteiam as decisões das chefias do departamento, mas as quezílias pessoais, suponho, num claro abuso dos princípios que, juridicamente, devem tutelar a actuação e as decisões das instituições públicas. Porque, em todo este caso se percebe que é o interesse individual ou corporativo que veicula as decisões tomadas, no que toca ao assegurar por cada qual o seu lugar na faculdade, a sua carreira, o seu percurso, num claro indício de clientelismo e abuso de posição. É por isso que os júris dos concursos públicos a que o prof. Mário Varela Gomes se referiu são da mesma área científica da da chefia do departamento, porque é, na minha opinião, a forma que a chefia tem de controlar quem entra para os quadros da faculdade. Ora um concurso público é e tem de ser, de lei, aberto para o público e não para pessoa específica. Face a estes indícios, não consigo perceber como a maioria dos meus colegas acha que tudo isto é normal e que as coisas são assim e é assim que devem ser. O trazer o debate deste tipo de assunto, por mais melindroso que seja, para a esfera pública da sociedade civil é a forma que se tem de perscrutar a actuação das instituições públicas, no sentido de se saber se, como é juridicamente imposto, é prosseguido o interesse público e não o interesse privado. São estes indícios que concorrem para o desprestígio e falta de integridade da nossa instituição e não o facto de os debatermos.
Por fim e no seio deste debate que apaixona tanta gente, não posso deixar de lamentar, mais uma vez, a atitude de liquefacção mental dos meus colegas que, perante um possível rol de ilegalidades no seio da instituição a que, quase todos os dias, acorremos, consideram não ser motivo de preocupação. E aqui se vê o quanto a Universidade escorrega em formar gente lúcida e cidadãos conscientes, livres e zeladores dos ideais que devem consubstanciar o nosso Estado de Direito Democrático de que todas as instituições públicas são devedoras.
Outro cidadão/aluno preocupado.
Dário Ramos Neves |
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