O mito do herói fundador em análise Teutates – El Héroe Fundador y El Culto Heroico
al Antepasado en Hispania y
en la Kektiké é o título do nº 36 da série Bibliotheca Archaeologica
Hispana editada pela Real Academia de la Historia (Madrid, 2011, ISBN:
978-84-15069-33-1). Os
seus autores, Martín Alamgro-Gorbeza e Alberto J. Lorrio Alvarado, compendiam
aqui dez anos de uma intensa investigação que teve como pontos de partida o
estudo acurado do templo poliádico do oppidum
de Termes (a que, no livro, são
dedicadas as p. 123-206) e a análise interpretativa do bronze ibérico da porta
de Segura, que representa um rex ibérico
a sacrificar um carneiro (p. 17-77). Este último estudo levou à observação
minuciosa dos altares domésticos e dos chamados «morillos rituales», começando
por um, de excepcional importância, o de Reillo (Cuenca), já conhecido, a que juntou
a descoberta de um segundo e ambos determinaram a necessidade de, para uma visão
de conjunto, se fazer a sistematização de todos os exemplares da Península Ibérica,
«dada su evidente relación con los testimonios existentes sobre las creencias
prerromanas referentes al culto al antepasado a través del fuego del hogar domestico,
para las que constituyen uno de los documentos arqueológicos de mayor interés»
(p. 79). Daqui se parte, pois, para a análise dos testemunhos acerca
do culto ao antepassado no mundo celta, e se conclui que Teutates, uma das
divindades mais discutidas do panteão celta, tida como «pai do povo» (p. 299),
seria, por conseguinte, «el Dios Supremo de todos los Celtas y uno de los más
antiguos, por proceder del panteón indoeuropeo». Assim fica confirmada também a
unidade da religião céltica: «Sob a aparente diversidade que ostenta – como
se verifica no campo da cultura material e, em certo sentido também, no âmbito
linguístico – subjaz a unidade ideológica etnocultural de toda a Keltiké, caracterizada por um sistema
cultural próprio que integrava a língua e, de modo especial, a sua religião e ideologia,
constituintes essenciais da sua identidade» (p. 300). Ao todo, 406 páginas densas, ilustradas, com vários apêndices
esclarecedores, exaustiva bibliografia, índices pormenorizados (de fontes literárias,
onomástico e mítico, toponímico e analítico). A Arqueologia cotejada a par e
passo com os textos e as sugestões da mitologia comparada. Síntese ponto de
chegada que é, sem dúvida, bom ponto de partida para novas e clarividentes reflexões. José d’Encarnação |
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