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Re: [Archport] Açores: o Amenti, os Fenícios e outras fantasias

Subject :   Re: [Archport] Açores: o Amenti, os Fenícios e outras fantasias
From :   Tiberius Claudius Druso Nero Germanicus <claudio_kintas@hotmail.com>
Date :   Sun, 16 Sep 2012 21:46:53 +0000



Eu acho que Tiberio quando construiu a sua Villa na ilha de Capri teve como modelo as ilhas dos açores. 
Isto ja parece o "arqueologo" brasileiro que descobriu as ancoras romanas e gregas na costa do brasil, pena foi nao ter tirado o numero de serie delas.


> Date: Sun, 16 Sep 2012 08:38:35 +0100
> From: no.arame@gmail.com
> To: archport@ci.uc.pt
> Subject: [Archport] Açores: o Amenti, os Fenícios e outras fantasias
>
> O Amenti, os Fenícios e outras fantasias
>
> Daniel de Sá, Correio dos Açores, 12 Setembro 2012 [Opinião]
>
> Continua a assistir-se a um grotesco sensacionalismo de supostos
> achados arqueológicos na Terceira. Que uma vez mais põem em causa a
> primazia dos portugueses na descoberta dos Açores, que os também
> supostos arqueólogos consideram que é devida aos fenícios, ou à sua
> variante, os cartagineses. Mas há outros que apostam nos egípcios ou
> nos romanos. E alguns nos víquingues ou nos chineses. Deste modo,
> acabam por contribuir todos mutuamente para o seu próprio descrédito.
> É como a questão da naturalidade de Colombo. Que é catalão, e é
> galego, e é alentejano, e é madeirense, e é nórdico, e mais não sei o
> quê. Perante tantas contradições, até os menos conhecedores da
> História desconfiam.
>
> Já no ano passado haviam sido descobertos imaginários hipogeus no
> Corvo e na Terceira. Sem mais nem menos, um qualquer Indiana Jones, em
> versão metamorfoseada, num simples passeio encontrara uns quantos. O
> que, no caso de os achados serem autênticos, faria com que estas ilhas
> tivessem sido habitadas por pacóvios que durante mais de cinco séculos
> nunca deram por tão estranhas sepulturas. Ou como se em História
> bastassem as aparências para se tirarem conclusões imediatas.
>
> Mas para o delírio não existem limites. Há algum tempo, andou uma
> senhora a escavar numa pastagem tentando provar que a Terceira seria o
> Ovo Cósmico, onde teriam nascido os faraós. Pouco antes de ser posta a
> andar dali para fora, a exploradora afirmara estar prestes a descobrir
> o Amenti, o templo onde Osíris julgava os mortos. O templo estaria
> soterrado devido a uma inundação, pelo que não se sabe se os
> venerandos defuntos egípcios morreram uma segunda vez… E pensar que as
> profanas vacas da Terceira se passeiam sobre tão divino monumento…
> Ainda se fosse o sagrado boi Ápis ou ao menos bezerros do Espírito
> Santo… (De preferência brancos, como o que António Dacosta pintou.)
> Mesmo assim o trabalho não foi em vão. A esforçada investigadora,
> sócia da Sociedade de Geografia de Lisboa, encontrara entretanto
> “estatuetas do deus Seth, da vaca Hator, do falcão Hórus e macacos
> (deus Thoth).” No seu blogue “Geometrias Variáveis”, Filipe Fernandes,
> que tem tanto de humor quanto de cultura e de bem saber escrever,
> disse que para chegar à conclusão de que a Ilha de Jesus seria o Ovo
> Cósmico bastaram à lunática senhora o Google Earth, um antigo mapa
> egípcio e quinze minutos…
>
> Quanto a uma construção, revelada no interior da Terceira e com algum
> exagero chamada megalítica, pensemos um pouco. A primeira ideia de
> quem vê os altos muros que cercam as quintas da Fajã de Baixo é a de
> que se destinaram a protegê-las dos ladrões. Ora os habitantes daquele
> lugar não são mais desonestos que os da Maia, e, no entanto, aqui as
> propriedades são divididas com canas ou pouco mais que nada. O
> problema da Fajã foi outro. Havia que limpar o chão da abundância de
> pedras. Pondo-as umas sobre as outras poupava-se espaço e conseguia-se
> algum abrigo contra o vento, além de que se dificultava o trabalho dos
> gatunos. Pois que haveria de ter feito quem deu com aquelas lajes de
> tamanho razoável no meio do mato? Aproveitá-las para construir um
> abrigo contra chuva e vento frio. Se não foi isso não terá sido algo
> muito diferente.
>
> Agora dêmos um passeio ao histórico Monte Brasil. Aí é de pasmar que
> alguém tenha conseguido ver hipotéticos templos cartagineses. Eu, se
> fosse arqueólogo, nunca procuraria sinais de culto de fenícios ou
> cartagineses – o que vem a dar quase no mesmo – em grutas, quer
> naturais quer escavadas por mãos humanas. E, se em alguma encontrasse
> indícios de ter servido de templo, o primeiro povo que excluiria
> seriam eles, precisamente. Por uma razão muito simples: os fenícios
> adoravam ao ar livre! Só nas cidades faziam templos cobertos. E que
> tenha sido dito que foram encontradas inscrições rupestres do tempo da
> Idade do Bronze, isto só confirma que tal arqueólogo não percebe de
> pedras nem de História. A Idade do Bronze, tal como qualquer outra das
> antigas, não teve data marcada para acabar em todo o Mundo. A cultura
> neolítica, por exemplo, manteve-se nas ilhas japonesas até à mudança
> da era. E ainda há povos que vivem nela. Neste sentido universal, a
> arte rupestre não coexistiu nunca com a Idade do Bronze. E, para além
> de os fenícios só terem estado interessados em lugares conhecidos onde
> pudessem comerciar e roubar, é inconcebível que viessem à Terceira
> fazer umas garatujas quaisquer, eles que até tinham inventado o
> alfabeto. Pois, e convém não esquecer que o que restava da civilização
> fenícia no Médio Oriente morreu em 332 a. C., na então ainda ilha de
> Tiro, quando Alexandre Magno conquistou a quase invulnerável cidade.
> Quanto a Cartago, “delenda est” desde 146 a. C, por obra e desgraça de
> Cipião, o Africano.
>
> Para ornamentar mais ainda o quadro, há a hipótese de uns quantos
> caracteres romanos. Mas não é com tão duvidosas letras que se rescreve
> a História.
>
> Autor: Daniel de Sá
>
>
> http://www.correiodosacores.net/view.php?id=40793
> _______________________________________________
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> Archport@ci.uc.pt
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