Eu acho que Tiberio quando construiu a sua Villa na ilha de Capri teve como modelo as ilhas dos açores. Isto ja parece o "arqueologo" brasileiro que descobriu as ancoras romanas e gregas na costa do brasil, pena foi nao ter tirado o numero de serie delas. > Date: Sun, 16 Sep 2012 08:38:35 +0100 > From: no.arame@gmail.com > To: archport@ci.uc.pt > Subject: [Archport] Açores: o Amenti, os Fenícios e outras fantasias > > O Amenti, os Fenícios e outras fantasias > > Daniel de Sá, Correio dos Açores, 12 Setembro 2012 [Opinião] > > Continua a assistir-se a um grotesco sensacionalismo de supostos > achados arqueológicos na Terceira. Que uma vez mais põem em causa a > primazia dos portugueses na descoberta dos Açores, que os também > supostos arqueólogos consideram que é devida aos fenícios, ou à sua > variante, os cartagineses. Mas há outros que apostam nos egípcios ou > nos romanos. E alguns nos víquingues ou nos chineses. Deste modo, > acabam por contribuir todos mutuamente para o seu próprio descrédito. > É como a questão da naturalidade de Colombo. Que é catalão, e é > galego, e é alentejano, e é madeirense, e é nórdico, e mais não sei o > quê. Perante tantas contradições, até os menos conhecedores da > História desconfiam. > > Já no ano passado haviam sido descobertos imaginários hipogeus no > Corvo e na Terceira. Sem mais nem menos, um qualquer Indiana Jones, em > versão metamorfoseada, num simples passeio encontrara uns quantos. O > que, no caso de os achados serem autênticos, faria com que estas ilhas > tivessem sido habitadas por pacóvios que durante mais de cinco séculos > nunca deram por tão estranhas sepulturas. Ou como se em História > bastassem as aparências para se tirarem conclusões imediatas. > > Mas para o delírio não existem limites. Há algum tempo, andou uma > senhora a escavar numa pastagem tentando provar que a Terceira seria o > Ovo Cósmico, onde teriam nascido os faraós. Pouco antes de ser posta a > andar dali para fora, a exploradora afirmara estar prestes a descobrir > o Amenti, o templo onde Osíris julgava os mortos. O templo estaria > soterrado devido a uma inundação, pelo que não se sabe se os > venerandos defuntos egípcios morreram uma segunda vez… E pensar que as > profanas vacas da Terceira se passeiam sobre tão divino monumento… > Ainda se fosse o sagrado boi Ápis ou ao menos bezerros do Espírito > Santo… (De preferência brancos, como o que António Dacosta pintou.) > Mesmo assim o trabalho não foi em vão. A esforçada investigadora, > sócia da Sociedade de Geografia de Lisboa, encontrara entretanto > “estatuetas do deus Seth, da vaca Hator, do falcão Hórus e macacos > (deus Thoth).” No seu blogue “Geometrias Variáveis”, Filipe Fernandes, > que tem tanto de humor quanto de cultura e de bem saber escrever, > disse que para chegar à conclusão de que a Ilha de Jesus seria o Ovo > Cósmico bastaram à lunática senhora o Google Earth, um antigo mapa > egípcio e quinze minutos… > > Quanto a uma construção, revelada no interior da Terceira e com algum > exagero chamada megalítica, pensemos um pouco. A primeira ideia de > quem vê os altos muros que cercam as quintas da Fajã de Baixo é a de > que se destinaram a protegê-las dos ladrões. Ora os habitantes daquele > lugar não são mais desonestos que os da Maia, e, no entanto, aqui as > propriedades são divididas com canas ou pouco mais que nada. O > problema da Fajã foi outro. Havia que limpar o chão da abundância de > pedras. Pondo-as umas sobre as outras poupava-se espaço e conseguia-se > algum abrigo contra o vento, além de que se dificultava o trabalho dos > gatunos. Pois que haveria de ter feito quem deu com aquelas lajes de > tamanho razoável no meio do mato? Aproveitá-las para construir um > abrigo contra chuva e vento frio. Se não foi isso não terá sido algo > muito diferente. > > Agora dêmos um passeio ao histórico Monte Brasil. Aí é de pasmar que > alguém tenha conseguido ver hipotéticos templos cartagineses. Eu, se > fosse arqueólogo, nunca procuraria sinais de culto de fenícios ou > cartagineses – o que vem a dar quase no mesmo – em grutas, quer > naturais quer escavadas por mãos humanas. E, se em alguma encontrasse > indícios de ter servido de templo, o primeiro povo que excluiria > seriam eles, precisamente. Por uma razão muito simples: os fenícios > adoravam ao ar livre! Só nas cidades faziam templos cobertos. E que > tenha sido dito que foram encontradas inscrições rupestres do tempo da > Idade do Bronze, isto só confirma que tal arqueólogo não percebe de > pedras nem de História. A Idade do Bronze, tal como qualquer outra das > antigas, não teve data marcada para acabar em todo o Mundo. A cultura > neolítica, por exemplo, manteve-se nas ilhas japonesas até à mudança > da era. E ainda há povos que vivem nela. Neste sentido universal, a > arte rupestre não coexistiu nunca com a Idade do Bronze. E, para além > de os fenícios só terem estado interessados em lugares conhecidos onde > pudessem comerciar e roubar, é inconcebível que viessem à Terceira > fazer umas garatujas quaisquer, eles que até tinham inventado o > alfabeto. Pois, e convém não esquecer que o que restava da civilização > fenícia no Médio Oriente morreu em 332 a. C., na então ainda ilha de > Tiro, quando Alexandre Magno conquistou a quase invulnerável cidade. > Quanto a Cartago, “delenda est” desde 146 a. C, por obra e desgraça de > Cipião, o Africano. > > Para ornamentar mais ainda o quadro, há a hipótese de uns quantos > caracteres romanos. Mas não é com tão duvidosas letras que se rescreve > a História. > > Autor: Daniel de Sá > > > http://www.correiodosacores.net/view.php?id=40793 > _______________________________________________ > Archport mailing list > Archport@ci.uc.pt > http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport |
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