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[Archport] "Os cartagineses num artigo do Dr. Carlos Batata"

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] "Os cartagineses num artigo do Dr. Carlos Batata"
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Sun, 14 Oct 2012 16:48:52 +0100

Os cartagineses num artigo do Dr. Carlos Batata

Autor: Daniel de Sá
Correio dos Açores, 08 Outubro 2012 [Opinião]
http://www.correiodosacores.net/view.php?id=41133


Alguns leitores terão pensado que foi um grande atrevimento, fruto
talvez de uma certa inconsciência, eu ter escrito sobre Arqueologia. E
teriam razão, se de facto a Arqueologia fosse o tema do artigo a que
me refiro – “O Amenti, os Fenícios e outras fantasias”. Mas não, o
assunto era de História. E, desta, modéstia à parte, sei duas ou três
coisinhas.

Penso que o meu maior erro nem sequer estará em nada do que eu disse,
mas em ter omitido, por uma espécie de pudor, o nome do arqueólogo a
que me referia. Este pormenor acabou por provocar um equívoco em duas
pessoas que eu não pretendi de modo algum ofender, mas que reagiram
como se essa tivesse sido a minha intenção. Tão-pouco quis ofender o
dito senhor, mas apenas repor a provável verdade valendo-me das tais
duas ou três coisinhas que aprendi sobre História.
Uma das características desse arqueólogo é a deturpação das
informações recebidas. Pormenor curiosamente referido num artigo
escrito em Julho de 2011 pelo arqueólogo Dr. Carlos Batata, e que na
sua maior parte transcreverei a seguir. Aliás, as suas principais
obsessões estão lá retratadas. O que me serviu um tanto ou quanto de
lenitivo, porque me fez pensar que, afinal, eu talvez não estivesse
muito enganado…

Ora leia-se, por favor:

“Cartagineses nos Açores? Onde é que eu já ouvi algo semelhante?
Há 20 anos atrás, apareceu-me um jovem com uma foto de uma inscrição
que dizia ser fenícia. Tinha quatro caracteres apenas. Virada a
fotografia, o que se lia era I7.. e qualquer coisa. Atribui tal facto
à juventude do dito senhor e à sua fraca experiência, dado que ainda
não concluíra a licenciatura, creio que em História.
Alguns anos depois, ouvi estupefacto, numa visita guiada a vários
sítios arqueológicos do concelho, chamar a uma lagareta, um lugar de
culto fenício. Os muros das propriedades em volta, com 40 cm de
largura e 1 m de altura eram os muros de povoado fenício.
Depois, no mesmo lugar, a um eremitério escavado na rocha, com
abundante material visigótico, ouvi o dito senhor chamar hipogeu
fenício, tendo ilustrado o artigo (que se encontra publicado) com um
belo vaso de resina, a que chamou um vaso de libações fenícias.
Posteriormente, em Góis, um batólito de granito, que um operário da
Câmara Municipal com custo moveu para a berma com uma máquina,
apresentava uma grande quantidade de sulcos recentes, a que o dito
senhor chamou serpentes, vestígios de um culto ofiolátrico. Não fora a
minha pronta intervenção pública, através de denúncia num jornal
local, o Município pensava criar um Museu para albergar a “descoberta
extraordinária”.
Qual não é o meu espanto, ao verificar recentemente, num centro
interpretativo que este senhor e a sua “associação” montaram no
concelho de Seia, que lá se encontra o batólito com as marcas dos
dentes da máquina do Sr. Celestino, operário da referida câmara.
Depois deste historial, não me espanta que ele faça semelhantes
afirmações. Tenho dito muitas vezes entre amigos, que ele tem uma
fixação (“uma pancada”) por fenícios, e pelo que vejo agora, pelos
cartagineses, na versão de deuses e cultos ofiolátricos”. Na sua
loucura, está convencido de que é verdade aquilo que interpreta (sem
sustentação científica) e consegue enganar muita gente de boa-fé.
É, digamos, um charlatão da arqueologia, que denigre a imagem de quem
faz um trabalho sério, e vai conseguindo enganar uns e outros,
lucrando com isso. /…/”

É caso para repetir, a seu respeito, o famoso “acredite quem quiser”.
Eu, por mim, já não acreditava. E, depois de ter lido isto há dias,
passei a acreditar ainda menos.

Curioso é o Dr. Carlos Batata também ter, com alguma clemência,
omitido o nome do arqueólogo em causa. Que, no entanto, é
imediatamente reconhecível no primeiro parágrafo e na referência ao
museu do concelho de Seia. E, se ele também não diz o nome da
freguesia que acreditou nas suas “descobertas”, e gastou boa parte do
seu erário para expor seixos e pedregulhos, eu sigo-lhe o respeitoso
exemplo. Mas peço desculpa aos leitores por o principal deste artigo
não ser trabalho meu, para dar a palavra a quem sabe.

Com isso creio que lucramos todos.





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