> Concordo em absoluto com tudo o que a Maria expressa abaixo e saúdo-a pela coerência e frontalidade.
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> Com efeito, a notícia de do “Expresso” constitui uma peça importante que vale a pena ser lida com atenção.
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> Está disponível na Internet versão, sob a forma de entrevista, em:
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http://ex-dgemn.blogspot.pt/2012/11/elisio-cultura-deve-integrar-economia.html
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> De uma vez por todas fica clara a intenção do “pinhismo” (do Pinho, Ministro da Economia, de tão má memória) e dos seus seguidores, não sei se por oposição ao “carrilhismo”, mas certamente por oposição a todos os que temos da Cultura e especificamente do Património Cultura uma visão de construção cidadã do País.
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> Tudo, na óptica dos promotores do mercado, deve ser reduzido a dinheiro. É uma questão de opção ideológica, de capitalismo quimicamente puro. O cinema, por exemplo, porquê continuar a ser enquadrado pela Cultura e porque não pela Economia, tanto mais que se trata de uma indústria ? E o Teatro, a Música ou a Dança, que todos sabemos poderem dar dinheiro, como bem o demonstram numerosos “empresários de variedades” (ou “showbusiness” como preferirão dizer os pinhistas) ?
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> Quanto ao Património Cultural, caramba, basta aumentar um poucinho mais as taxas que já são extorquidas aos pobres diabos que vivem em centros históricos (Évora inteira, dentro de muralhas, por exemplo), ou nas áreas de protecção dos monumentos classificados, para obterem da tutela meros papeis a dizerem nihil obstat, basta que se entreguem à exploração de privados uns quantos e que se fechem as portas ou enterrem de novos outros… para que deixe de ser um peso para o Estado e até possa dar lucro lateralmente, por exemplo através do aumento do Turismo (afinal, esse será o nosso futuro: ser paisagem para turistas). Restam os museus, é certo, chatos e caríssimos. Mas ainda aqui tudo será diferente com o aumento dos preços dos bilhetes (mesmo se forem para o dobro será ainda muito menos do que nos Guggenheim, por exemplo), o encerramento de uns quantos e o “restyling” dos outros à maneira do que se fez para o novo Museu dos Coches, a grande obra da Economia na Cultura (30 milhões de euros, ou mais, mas com retorno garantido: pelo menos 1 milhão de visitantes por ano !).
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> Abaixo a Cultura, pois. Viva a Economia. [se estivesse noutro tempo, até diria que quando ouço falar em Cultura, puxo logo da pistola]
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> Na realidade, porquê um Ministério da Cultura ou até o seu sucedâneo pobrezinho, uma SEC ? Nos EUA não existe Ministério da Cultura ou coisa que o valha. Nem existe Ministério da Educação. Para quê ? Basta que existam mercados, bolsas e os departamentos do Estado que melhor os sirvam (ou "nos" sirvam, os que já lá estivermos): Economia, Negócios Estrangeiros, Tesouro... e Forças Armadas, está claro.
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> Afinal o pinhismo tem alguma coisa de erudito: é panglossiano. Assim é que está bem e nem podia ser de outra maneira. Ou foi Salazar quem disse isto ? Enfim, já não sei.
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> Mas, por bizarra coincidência, hoje mesmo o novo sítio Internet do jornal Publico alarga a secção da Cultura e assumidamente inclui nela não apenas as Artes, o Cinema, o Teatro, a Dança e o Património (sim, o Património, pasme-se !) como até a Arquitectura !
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> Estão loucos ou são passadistas, certamente.
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> “Ponhamo-nos na Economia” – digamos todos em uníssono. E os que não puderem, emigrem.
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> A menos que... bom, a menos que queramos sair do buraco em que nos meteram, aprendamos a distinguir o trigo do joio, a causa pública do arranjinho amiguista, a seriedade da charlatanice, enfim, e honradez da vilania.
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> Dito de outra forma: Ponham-se eles na Economia e reergamos nós a Cultura.
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> Luís Raposo
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> ----- Original Message -----
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> From: Maria Moreira Baptista de Magalhães Ramalho
> To: ARCHPORT
> Sent: Thursday, November 22, 2012 6:53 PM
> Subject: [Archport] O Património deve ir para a Economia !!
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> A jeito de BALANÇO o Dr. Elísio Summavielle (ES) ex. Presidente do IPPAR e do IGESPAR, ex. Secretário de Estado da Cultura e ex. Director da DGPC revela-nos a sua preocupação com o futuro do Património no JORNAL EXPRESSO do último fim-de-semana (em anexo) e, tal como afirmou, obrigou-me a “pensar um bocadinho ”….
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> Lembro que numa das primeiras entrevistas que deu como responsável da área do Património - Revista IMOBILIÁRIA (junho 2006) - falou da importante REFORMA que iria implementar com a extinção dos organismos IPPAR, IPA e DGEMN. Lembre-se que a sua tomada de posse como Presidente do IPPAR foi há exatamente 7 anos!
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>
> Quem acompanhou a sua obra ao longo destes 7 penosos anos habituou-se a ouvir falar da sua vontade em “realizar a utopia”, do “trabalho invisível”, do excesso de classificações, da vantagem do património visto como negócio, da importância da regionalização, mas também dos seus projetos mais acarinhados - a Rota das Catedrais e o Cheque Obra - projetos estes que, como se sabe, nunca chegaram a ser concluídos. Ao longo dos anos tivemos também o desprazer de o ver destruir o existente sem qualquer planeamento ou avaliação das consequências, obrigando a que se procedessem a contínuos ajustes sem que nada fosse criado de lógico em sua substituição – não se vislumbrou uma estratégia, um programa, nada, tudo soluções avulso e medidas de remedeio, acabando como começou, a lembrar os anos de “carrilhismo serôdio e passadista” sim, os anos onde de facto se construiu tudo o que ES se dispôs a destruir – afinal o seu verdadeiro desígnio sabe-se lá porquê...
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> Se no meio deste verdadeiro tufão algo se conseguiu manter, apesar de muito debilitado, foi o sector da arqueologia isto porque ainda existe na casa um saber fazer e um compromisso com o serviço público mas também porque, nos últimos tempos (desde 2001), se tem contado com o empenho profissional e pessoal da Subdiretora entretanto nomeada.
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> Lendo este artigo/entrevista muito se pode retirar do pensamento de ES, do seu conceito de Património, onde destaco sobretudo a ideia de um Património visto como negócio, como investimento, a tábua de salvação da construção civil através da Reabilitação Urbana. Curiosamente a nova Lei da Reabilitação Urbana entrega a gestão das zonas históricas às Câmaras, retirando quase por completo, o poder de decisão às Tutelas do Património…
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> Se por cá ficasse mais uns tempos ES iria certamente continuar nesta utopia galopante e realizar mais uma revolução fantástica e original – passar tudo para a Economia !
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> Já que é ele próprio que pede “Ponham-me na Economia “ esperemos que alguém se lembre de lhe fazer a vontade !
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> Maria Ramalho
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