Seguindo a onda, aproveito a ocasião para fazer também a minha
homenagem. Conheci o professor Vitor Jorge em 2004, quando
o sondei sobre a possibilidade de realizar o meu doutoramento em Pré-História
na Universidade do Porto. Por vários motivos, entre os quais o mais importante,
se calhar, foi a falta de dinheiro, acabei por abandonar a ideia doutoral; que
regressou um ano mais tarde com a insistência e ajuda do Michael Kunst ao levar-me (quase
literalmente) para Madrid. No entanto, esses 4 meses de “negociações”, no
Porto, com muitas discordâncias à
mistura, foram extremamente importantes para a minha formação. O Professor
Vítor Jorge, obrigou-me a ler muito, e despertou em mim o gosto pela teoria arqueológica:
que quando acabei a licenciatura até
cheguei a pensar que não existia (é certo que estou a exagerar). Nesse tempo o
professor trouxe ao Porto, vários investigadores estrangeiros, entre os quais:
Julian Thomas e Tim Ingold (o último teve aqui agora no Chile), possibilitando,
na altura, a vários alunos a participação em mesas de discussão com essas “personalidades”...
uma iniciativa extraordinária. Muitas vezes é criticado por ser excessivamente
teórico, como se a Arqueologia fosse apenas uma ciência prática, sem interpretação...
e não será também esse o papel do professor universitário? A capacidade de reflexionar não só sobre o
registro arqueológico, mas também sobre a própria forma de fazer Arqueologia? A produção do professor Jorge tanto pela sua
quantidade como qualidade é notável, o facto de ter trazido para Portugal o
pós-processualismo, quando outros ainda andavam deslumbrados com Renfrew e
Sherratt – sem nunca terem passado por Clarke, Binford e até Leroy-Gourhan –
dá-lhe a razão, com a resalva (e despertando discussões antigas) de que o Castanheiro
do Vento e o Castelo Velho não são o Zambujal J. É uma homenagem merecida. Cordialmente Gonçalo Date: Fri, 30 Nov 2012 14:56:34 +0000 From: 3raposos@sapo.pt To: archport@ci.uc.pt Subject: Re: [Archport] Homenagem a VOJ. Como se costuma dizer, faço minhas as palavras do "orador" precedente. Tive o privilégio de despertar para a arqueologia com o Vítor (não me atrevo a dizer "pela mão", porque seria abusivo da minha parte). Tive o privilégio de aprender a gostar de teoria (histórica, arqueológica, antropológica, sociológica, linguística... até cibernética) com o Vítor. Tive o privilégio de ser recebido, eu o "rapaz dos liceus", num grupo - o GEPP - onde o Vítor, o Jorge (Pinho Monteiro) e o próprio Francisco (Sande Lemos) pontificavam e aos quais se juntaram o Zé (Mateus), o António Carlos (Silva), o Mário (Varela Gomes), o João (Zilhão), o Luiz (Oosterbeek) e alguns outros que por lapso momentâneo de memória não estarei a recordar. Esta foi a minha arqueologia universitária, aprendida fora da Universidade. A outra, a arqueologia da vida e do terreno, foi também aprendida fora de quatro paredes. Já um dia disse que na Universidade só sinto ter tido um mestre, quer dizer uma pessoa que realmente me impressionou e fez pensar, o Padre Manuel Antunes. Fora da Universidade, tive outro, o "Mestre Zby". Poderia agora acrescentar, retrospectivamente, que mais próximo de mim, discutindo Althusser, Saussure ou Levi-Strauss, passando tardes inteiras a descrever analiticamente "calhaus", tive outro mestre, o Vitor. Obrigado, Vitor. Luís Raposo Quoting Francisco Sande Lemos <sandelemos@gmail.com>:
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