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Re: [Archport] Homenagem a VOJ.

Subject :   Re: [Archport] Homenagem a VOJ.
From :   Vítor Oliveira Jorge <vitor.oliveirajorge@gmail.com>
Date :   Mon, 03 Dec 2012 17:04:12 +0000

Title: Re: [Archport] Homenagem a VOJ.
Muitíssimo obrigado!
Vítor


On 12/11/30 21:02, "gonçalo amaro" <amaro_goncalo@hotmail.com> wrote:

Seguindo a onda, aproveito a ocasião para fazer também a minha homenagem.


Conheci o professor Vitor Jorge em 2004, quando o sondei sobre a possibilidade de realizar o meu doutoramento em Pré-História na Universidade do Porto. Por vários motivos, entre os quais o mais importante, se calhar, foi a falta de dinheiro, acabei por abandonar a ideia doutoral; que regressou um ano mais tarde com a insistência  e ajuda do Michael Kunst ao levar-me (quase literalmente) para Madrid.


No entanto, esses 4 meses de “negociações”, no Porto, com muitas discordâncias  à mistura, foram extremamente importantes para a minha formação. O Professor Vítor Jorge, obrigou-me a ler muito, e despertou em mim o gosto pela teoria arqueológica: que quando acabei a  licenciatura até cheguei a pensar que não existia (é certo que estou a exagerar). Nesse tempo o professor trouxe ao Porto, vários investigadores estrangeiros, entre os quais: Julian Thomas e Tim Ingold (o último teve aqui agora no Chile), possibilitando, na altura, a vários alunos a participação em mesas de discussão com essas “personalidades”... uma iniciativa extraordinária.


Muitas vezes é criticado por ser excessivamente teórico, como se a Arqueologia fosse apenas uma ciência prática, sem interpretação... e não será também esse o papel do professor universitário?  A capacidade de reflexionar não só sobre o registro arqueológico, mas também sobre a própria forma de fazer Arqueologia?


A produção do professor Jorge tanto pela sua quantidade como qualidade é notável, o facto de ter trazido para Portugal o pós-processualismo, quando outros ainda andavam deslumbrados com Renfrew e Sherratt – sem nunca terem passado por Clarke, Binford e até Leroy-Gourhan – dá-lhe a razão, com a resalva (e despertando discussões antigas) de que o Castanheiro do Vento e o Castelo Velho não são o Zambujal
J.


É uma homenagem merecida.


Cordialmente


Gonçalo





Date: Fri, 30 Nov 2012 14:56:34 +0000
From: 3raposos@sapo.pt
To: archport@ci.uc.pt
Subject: Re: [Archport] Homenagem a VOJ.

Como se costuma dizer, faço minhas as palavras do "orador" precedente.
Tive o privilégio de despertar para a arqueologia com o Vítor (não me atrevo a dizer "pela mão", porque seria abusivo da minha parte). Tive o privilégio de aprender a gostar de teoria (histórica, arqueológica, antropológica, sociológica, linguística... até cibernética) com o Vítor. Tive o privilégio de ser recebido, eu o "rapaz dos liceus", num grupo - o GEPP - onde o Vítor, o Jorge (Pinho Monteiro) e o próprio Francisco (Sande Lemos) pontificavam e aos quais se juntaram o Zé (Mateus), o António Carlos (Silva), o Mário (Varela Gomes), o João (Zilhão), o Luiz (Oosterbeek) e alguns outros que por lapso momentâneo de memória não estarei a recordar. Esta foi a minha arqueologia universitária, aprendida fora da Universidade. A outra, a arqueologia da vida e do terreno, foi também aprendida fora de quatro paredes. Já um dia disse que na Universidade só sinto ter tido um mestre, quer dizer uma pessoa que realmente me impressionou e fez pensar, o Padre Manuel Antunes. Fora da Universidade, tive outro, o "Mestre Zby". Poderia agora acrescentar, retrospectivamente, que mais próximo de mim, discutindo Althusser, Saussure ou Levi-Strauss, passando tardes inteiras a descrever analiticamente "calhaus", tive outro mestre, o Vitor.
Obrigado, Vitor.
Luís Raposo

Quoting Francisco Sande Lemos <sandelemos@gmail.com>:

Caro Vítor:

 

Infelizmente  não me é possível, por  imperativas razões de ordem pessoal,  deslocar-me ao Porto a fim de participar nas cerimónias organizada para homenagear a tua obra em prol da Arqueologia.

 

Quero no entanto registar publicamente o meu apreço pela incessante actividade que desenvolveste ao longo de várias décadas, na investigação e como professor universitário, construindo e divulgando novos conhecimentos, propondo uma outra leitura mais profunda e complexa da Arqueologia. O teu afã como editor e publicista tem sido excepcional.

 

Recordo os  trabalhos pioneiros em que estivemos juntos, há 40 anos. Lembro a descoberta das Arte Rupestre do Vale do Tejo. Ou a missão de estudo a Paris, na Primavera de 1972, onde contactámos com André Leroi-Gourhan, A. Laming Emperaire e vários outros investigadores franceses. Ou ainda as prospecções nas formações quaternárias do litoral da Extremadura (na zona de Torres Vedras) ou na costa da Arrábida. Bem como as numerosas e extensas conversas sobre Teoria, acerca do Estruturalismo então em voga, na sala do GEPP, no Museu Nacional de Arqueologia.

 

O teu extenso e laborioso percurso, como professor e investigador têm contribuído indiscutivelmente para o progresso da Ciência e da Cultura portuguesas contemporâneas.

 

Faço votos para que continues nos próprios anos, com vigor e saúde, prosseguindo o caminho que delineaste.

 

 

Um abraço amigo,

 
 
Francisco Sande Lemos




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