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[Archport] Assembleia da República - Contributo sobre o Acordo

Subject :   [Archport] Assembleia da República - Contributo sobre o Acordo
From :   "Ricardo Charters d'Azevedo" <ricardo.charters@gmail.com>
Date :   Sat, 9 Feb 2013 21:47:57 -0000

No Expresso de hoje:
O professor da Universidade de Coimbra defende que as novas regras de
escrita estão a fazer escola em todos os países de língua portuguesa

Acordo Ortográfico: um homem mordeu um cão (Prof Doutor Carlos Reis)
Não cabe aqui o meu espanto por ver reacesa a querela do Acordo
Ortográfico (AO). Aumenta esse espanto quando pessoas que estimo e
intelectualmente respeito enfileiram numa fúria contestatária baseada em
argumentos parciais, desinformados e não raro tendenciosos. Para nos
entendermos, lembro fac¬tos. O AO foi firmado em 1990 pelos (então) sete
países de língua oficial portuguesa; em 2004, Timor-Leste aderiu a ele.
Que eu saiba, nenhum dos países foi coagido. De então para cá, a
esmagadora maioria desses países tomou decisões jurídico-políticas de
ratificação, o último dos quais (Moçambique) em junho do ano passado.
Outros factos: no nosso sistema educativo o AO está em progressiva adoção,
sem notícias de estragos de monta; na comunicação social está
generalizada, salvo escassas exceções que confirmam a regra, a utilização
do AO. Alguns números: em meados de 2012, dos dez jornais e revistas
portugueses de maior circulação, oito usavam o AO; os dois que o não
faziam ocupavam a antepenúltima e a penúltima posição, nesse índice de
circulação. No caso das televisões, todas as de sinal aberto e
praticamente todas as do cabo seguem o AO. E já não falo em doeu mentos
oficiais, no "Diário da República", em incontáveis sites ou no facto de
estarem publicados ou em vias de o ser os vocabulários ortográficos que
alguns reclamavam com esgazeada ansiedade.
É isto significativo para desdramatizar (porque o que está em causa é uma
dramatização) a questão do AO? Claro que sim. Aquilo que contribui para a
estabilização possível do idioma e para a naturalização das suas mudanças
é o uso disseminado, não as sensibilidades de quem tem acesso a caixas de
ressonância disponíveis. O AO tem incongruências a reparar? Claro que tem.
A grande notícia é esta: a nossa língua, já antes do AO de 1990, registava
incongruências, no plano da grafia e noutros também. E as diferenças entre
variantes nacionais existem noutros grandes idiomas (no inglês, no
espanhol ou no francês) espalhados pelo mundo, os tais que não têm um
acordo ortográfico, argumento que já tive oportunidade de desmontar. Essas
são as limitações da congénita imperfeição que afeta produtos humanos como
as línguas que falamos e escrevemos. Para atalhar a imperfeição regulamos
a língua até onde isso é possível, sem que tal signifique mutilar
singularidades. A ortografia é um dos domínios onde isso é feito, sempre
(o passado mostra-o bem) com resistências, porque aí a mudança atinge a
epiderme da língua (é uma metáfora, claro). Voltámos a isto porque o
Brasil decidiu prolongar por algum tempo o período de transição para a
vigência obrigatória do AO, mas manteve-o em vigor. Só isso.
O que lemos em artigos inflamados? Que o Brasil suspendeu, recuou,
cancelou e ou¬tras coisas semelhantes. Isto é sério? Por mim, pude
testemunhar, durante um ano em que vivi no Brasil, que o AO está bem e
recomenda--se por aquelas terras. Foi generalizadamente adotado, não
suscitou histerias, ninguém rasgou as vestes. Falta Angola, claro, esse
país que alguns agora olham como um modelo de sensata democracia cultural.
Pois bem: Angola acabará por aderir ao AO; talvez a recente decisão
brasileira tenha a ver com isso mesmo, coisa em que deveríamos pensar, se
em Portugal houvesse pensamento estratégico sobre a língua, em vez dos
gritos lancinantes que só o fundamentalismo linguístico explica. Mas é
assim que por cá se faz: se um magistrado não gosta do , AO ou se uma mãe
decide que o filhinho fica traumatizado por escrever ativar, é disso que
se faz a notícia. Decididamente: um homem mordeu um cão.

Cumprimentos
RCA






Message: 
Date: Sat, 9 Feb 2013 00:00:47 -0000
From: José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Subject: [Archport] Assembleia da República - Contributo sobre o
Acordo Ortográfico

 Sou contra o Acordo Ortográfico, nomeadamente porque não vejo
nenhuma vantagem nele; se no meu computador, quando quero escolher o
idioma
alemão tenho de escolher o da Alemanha, ou o da Áustria, da Suíça, do
Luxemburgo ou do Liechtenstein? por que razão o nosso Português (que por
enquanto só aparece o de Portugal e o do Brasil) há-de ser menos que os
outros (pois com o Francês e o Inglês também aparece uma catrefada de
opções!...)?

  A criação deste grupo de trabalho no seio da Assembleia da
República (a ser verdade?) constitui boa oportunidade de nos
manifestarmos.

         Vamos a isso!

                                                                  J. d?E.


 

  _____  

Exmo. (a) Senhor (a)
                                                         
                      
Of. nº 84/8ª-CECC/2013
07.fevereiro.2013

A Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, na sequência da
aprovação de um requerimento do PCP, deliberou por unanimidade constituir
um
<http://www.parlamento.pt/sites/COM/XIILEG/8CECC/GTAAAO/Paginas/Composicao
.a
spx> Grupo de Trabalho para Acompanhamento da Aplicação do Acordo
Ortográfico, de que fazem parte deputados dos vários Grupos Parlamentares,
o
qual está a ouvir várias entidades sobre esta matéria e a receber
contributos escritos em relação à mesma.
Nesta sequência, tendo em vista recolher variadas posições para reflexão,
solicita-se que, caso entenda adequado, remeta um contributo sobre a
mesma,
até ao final do dia 28 de fevereiro.
Para uniformização da estrutura dos contributos e maior eficácia na sua
apreciação, solicita-se que, se possível, seja utilizada a sequência
constante abaixo:

1.                  Enquadramento da matéria
2.                  Objetivos do Acordo Ortográfico
 3.                  Vantagens decorrentes da aplicação do Acordo
Ortográfico
4.                  Inconvenientes e problemas resultantes da aplicação do
Acordo Ortográfico
5.                  Proposta que apresenta
6.                  Outras questões
 
Aproveito para informar que no site oficial da Assembleia da República foi
aberto  <http://app.parlamento.pt/forum/pub/IntervencoesDebate.aspx?ID=69>
um fórum de debate sobre a temática em apreço. 
Com a expressão dos meus melhores cumprimentos,
O Presidente da Comissão
(José Ribeiro e Castro)

  
Ana Maria Souza Barriga
Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura
Telef 21.391.94.72 
  <mailto:ana.barriga@ar.parlamento.pt> 

ana.barriga@ar.parlamento.pt 

 

 

Visite o site da Comissão de Educação, Ciência e Cultura
<http://www.parlamento.pt/sites/com/XIILeg/8CECC/Paginas/default.aspx>  na
Internet 


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