O cavalo e o touro em congresso histórico! Está
a decorrer na Golegã, desde ontem, dia 15, no moderno centro Equuspolis,
e prosseguirá no Cineteatro da Chamusca, nos dias 18 e 19 (porque o dia de
amanhã, 17, está reservado a visitas), um congresso internacional, que reúne cerca
de 100 participantes, não apenas de Portugal,
mas também de Espanha, Itália, Grécia, Líbia, México e EUA, com 56
(!) comunicações previstas em torno da temática: o cavalo e o touro na Pré-história
e na História. Reveste-se
de particular interesse esta iniciativa - patrocinada, naturalmente, por ambos
os municípios, em que tanto o cavalo como o touro fazem parte da actividade económica,
social e comunitária quotidiana - precisamente porque se procurou juntar numa
mesma reunião científica, como poderá ver-se pelo programa em anexo,
toda uma panóplia de assuntos, vistos dos ângulos mais diversificados, o que enriquece
sobremaneira as perspectivas de análise. O
Doutor Fernando Coimbra, grande dinamizador do congresso, especializou-se na
investigação em arte rupestre e não admira, por isso, que logo a 1ª sessão haja
sido dedicada às representações desses dois animais desde os tempos paleolíticos
em sítios de Espanha, Grécia, Marrocos, Líbia… Entrando-se na História propriamente dita,
nas civilizações pré-clássicas e clássicas, falou-se do cavalo no Egipto faraónico
(como símbolo de poder, por exemplo), das quadrigas de Roma, do cavalo como
animal sagrado, para, no que à Idade Média e à Idade Moderna diz respeito, se
dizer de «los primeiros caballos llevados a América por españoles y portugueses»
e do papel deste animal na cultura islâmica e também na Revolução Industrial. A domesticação, tema perene, foi analisada; e igualmente
se proporcionou encarar o cavalo do ponto de vista museológico, ou seja, que exposições
há e podem vir a fazer-se: no Museu Nacional de Arqueologia, no Museu Ibérico
de Arqueologia e Arte de Abrantes, na Casa dos Patudos ( Alpiarça)… E, claro, como se compreende, «a criação
de cavalos e a sua utilização artística e desportiva» não podia deixar de estar
presente, encarando-se, inclusive, «a criação do cavalo Lusitano numa
perspectiva biológica». Os aspectos paleontológicos não foram
esquecidos assim como a «utilização militar do cavalo ao longo dos
tempos». Para o Cine-teatro da Chamusca (dias 18 e 19), o
touro vai ser o «rei», prevendo-se, a seu respeito, uma abordagem temática idêntica
à que se fez sobre o cavalo, ainda que, no final, ambos os animais se analisem:
em lendas, nos bestiários, nos fabulários (o centauro!), nos contos e, inclusive,
«en el imaginario mágico-religioso de los Mayas»! Inaugurar-se-á a expo sição de pintura «30
000 anos de História do Cavalo». E, no âmbito das visitas programadas para
amanhã, 17, os destinos são, em alternativa: a Ganadaria Assunção Coimbra e a Coudelaria
Veiga (Chamusca e Golegã); Abrantes (Museu D. Lopo de Almeida e castelo,
Museu de Arte Pré-Histórica de Mação); Vila Velha de Ródão (Centro de
Interpretação de Arte Rupestre do Tejo, castelo e miradouro do rei Wamba, passeio
de barco às Portas do Ródão, lagar de varas, conferência sobre o Paleolítico do
Ródão pelo Dr. Luís Raposo. Acrescente-se que estará presente a
tauromaquia, no domingo: a sua história, «Cartazes
tauromáquicos das décadas de 1960-70: intervenções de conservação e restauro
numa colecção particular», as festas de toiros em Portugal e em Espanha, de
ancestral valor (queira-se ou não). Por fim, cavalos e toiros nas artes plásticas:
pintura, escultura, azulejaria… Por conseguinte, em terras ribatejanas, uma
plêiade de investigadores está a demonstrar como o cavalo e o touro, afinal, além
das ‘funções’ utilitárias e de diversão que se conhecem, podem constituir
deveras interessante fonte de reflexão e de bem aprofundado estudo. José d’Encarnação |
Congresso Internacional O Cavalo e o Touro na História - Programa.pdf
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