L’Année Épigraphique 2010 Louve-se,
desde logo, o facto de estar já disponível, em 2013, o volume que se reporta às
publicações saídas em 2010. Representa
tal facto um enorme esforço por parte da equipa encarregada de passar a pente
fino o que vai sendo publicado – e cada vez mais! – sobre temas
epigráficos em todo o mundo em que a disciplina de Epigrafia continua a ser
considerada fundamental para a compreensão do mundo greco-romano e, até, dos
primórdios da Idade Média, com as epígrafes ditas «paleocristãs». O
nosso aplauso, portanto, e, necessariamente, o maior reconhecimento, porque, além
de nos facultarem, em síntese comentada, o conteúdo das publicações, é
elaborado um mui substancial índice de matérias (p. 765-985!), que resulta da
maior utilidade, pois inclui «periódicos, obras e autores modernos», «proveniências»,
«assuntos». E, no âmbito dos assuntos, se discrimina o que ao epigrafista mais
interessa: gentilícios; cognomina
e nomes únicos; tribos; deuses, deusas e heróis; sacerdotes e temática
religiosa; nomes geográficos; reis, imperadores, príncipes e princesas; poderes
públicos e administração romana; corpos de tropas (especificadamente); administração
provincial e municipal; colégios e ofícios; autores antigos; particularidades
dignas de menção (como, a título de exemplo, aclamações, agricultura, animais, artesanato,
grafitos, pesos e medidas…); concordâncias com os vários corpora e referências bibliográficas. Um trabalho
ingente, como facilmente se deduz, que enormemente facilita a consulta. Multiplicam-se
os achados epigráficos e, consequentemente, os estudos que têm na ciência epigráfica
o seu principal suporte documental. Não admira, por isso, que os responsáveis
por L’Année Épigraphique hajam
decidido – e oxalá continuem a ter capacidade para tal! – não
obedecer ao limite há uns anos fixado de apenas 1000 entradas. L’Année Épigraphique 2010 tem… 1871! São
127 as entradas de «generalidades», ou seja, aquelas referências abrangentes que
se não relacionam com um espaço geográfico preciso, pois que a obra está
organizada, tanto quanto possível, de acordo com as divisões administrativas
romanas. À cidade de Roma (128-228) competem 101 entradas; a Itália e ilhas
adjacentes estão tratadas desde o nº 229 ao 621; as províncias ibéricas, desde o
622 ao 754… Chamará porventura a atenção o capítulo dedicado à Ásia (números
1527-1617), pelas novidades que apresenta: «as cartas de Júlio César em
Mitilene» (nº 1534); o novo corpus
da ilha de Cós, com nova edição da lex
Fonteia (nº 1541); há também referência à nova edição do tratado
entre Éfeso e Sardes (nº 1546) proposta por Umberto Laffi, e a reanálise das embaixadas
de Alabanda a Roma (nº 1610). No
que concerne à Península Ibérica, cumpre-nos salientar as sínteses cuidadosamente
elaboradas acerca do conteúdo, por exemplo, de duas publicações datadas desse
ano de 2010: os estudos relativos à tradição humanista reflectida nos estudos epigráficos,
que Marc Mayer inseriu em Sylloge
Epigraphica Barcinonenis 8, 2010, e que são eco dum encontro temático
realizado na Faculdade de Letras de Lisboa (nº 624); e o conteúdo das actas (de
edição coordenada por Jean-Gérard Gorges e Trinidad Nogales) da VII
Mesa-redonda sobre a Lusitânia romana, que se realizou, em Toulouse (Novembro
de 2007), sob o tema geral de «Naissance de la Lusitanie romaine» (nº 637). Bastam
seguramente estas singelas alusões para se ajuizar do elevado interesse do volume
e justificar o voto de congratulação com que o seu aparecimento deve ser
saudado.
José d’Encarnação |
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