Dois artigos meus foram
publicados sobre artefactos de couro artístico de fabrico estrangeiro
existentes em museus portugueses:
Fun in the vegetable garden – aesthetics of machine-embossed gilt
leather - revista “Leather Artisan”
nº 148 (Setembro 2013), pág 15, editada pela Associação de Artesãos do Couro da
Nova Zelândia (onde escrevo regularmente desde 1992). Trata de estofos em
cadeirão e almofada - em guadameci dourado e pintado -, relevados por molde,
com cenas de animais e insectos da horta; considero ser obra francesa do século
XIX. Encontram-se no Palácio Nacional da Ajuda.
German leather art in Portugal
– the work of Hendrik Schulze - “Newsletter” nº 122 (Outono 2013),
págs. 16-20, publicada sazonalmente pela “The Tool and Trades History
Society”/Inglaterra (onde escrevo regularmente desde 1990). Foca-se no painel,
fixo em estrutura de madeira, em couro lavrado, pintado, com folha de ouro, relevado
e com cortes sob a derme, assinado pelo mestre alemão Hendrik Schulze (discípulo
de George Hulbe); encontra-se no Palácio de Mafra, e existe uma foto do rei D. Luís
tocando violoncelo, frente a esse painel, datando de 1889. Refiro ainda um
biombo, também na Ajuda, com técnica semelhante, que admito ser da mesma procedência.
Graças à revista “Jornal da Mulher” e catálogos de exposições na Sociedade Nacional
de Belas-Artes, de inícios do século XX, torna-se possível admitir a influência
da arte do couro vinda da Alemanha no desenvolvimento de artistas portugueses
(melhor dizendo, portuguesas), em particular na época da Arte Nova. O “Jornal
da Mulher” chega a referir artistas alemães de circa 1880, que desenvolveram as
artes do couro, espalhando-as pela França, Suécia, Noruega, Áustria, Inglaterra
e Holanda, antes de atingir Portugal. Note-se, também, que a corte lusitana ornamentava
os interiores palacianos com obras estrangeiras, além das peças portuguesas
(nomeadamente cadeiras lavradas).
A publicação no estrangeiro destes
(e de outros) pequenos artigos – já inseridos num grande estudo sobre couros
portugueses, redigido enquanto bolseiro da Fundação Gulbenkian em 1997-98 – prende-se
com a dificuldade em encontrar suficientes revistas nacionais abertas a este
serviço de estudo e divulgação do património.