Irá decorrer às 18 horas do próximo dia 13 de Dezembro de 2013 novo ciclo Territórios de Fronteira co-organizado pelo Grupo de Estudos em Evolução Humana (GEEVH), pelo Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e pelo Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia da Universidade do Algarve (NAP).
O ciclo inclui as palestras de:
Sandra Assis
Universo Microscópico: aplicação da paleohistopatologia ao estudo das alterações ósseas em populações humanas do passado
Universidade de Lisboa
CIAS
A paleopatologia, sumariamente definida como o estudo da doença no passado, tem no diagnóstico diferencial um importante desafio. A introdução de técnicas histológicas ofereceu a possibilidade de vislumbrar a microestrutura, normal e patológica, dos tecidos preservados (ossos, dentes, tecidos mumificados, etc.) para o diagnóstico de condições que afectaram as populações do passado, levando ao desenvolvimento de uma nova área de investigação – a paleohistologia ou paleohistopatologia. Contudo, e contrariamente ao que acontece em paleopatologia cujo percurso científico se encontra bem estabelecido, no domínio paleohistológico muitas lacunas de conhecimento persistem. Esta realidade parece resultar da aplicação não-sistemática da microscopia no estudo de alterações do esqueleto. Com esta apresentação pretende-se fazer uma incursão ao universo microscópico introduzindo as múltiplas aplicações da histologia no estudo de vestígios biológicos humanos, quais as suas vantagens e desvantagens, assim como a sua pertinência na análise de condições patológicas, nomadamente as de natureza infecciosa, que se manifestam no esqueleto através de reacções periósteas.
Ana Cristina Araújo
Mesolítico antigo: à volta dos factos, das definições e das interpretações
DGPC
Apesar do carácter mais ou menos arbitrário que qualquer limite ou definição comporta, os termos Epipaleolítico ou Mesolítico antigo têm sido aplicados, em Portugal, ao registo arqueológico produzido no decurso das primeiras fases do Pós-glaciar. A utilização de uma ou de outra das terminologias não é fortuita e depende, segundo os pontos de vista, da maior importância que devem assumir os aspectos que estão em continuidade com o anterior modo de vida (i.e., do final do Paleolítico) ou, numa óptica inversa, à ênfase que deve ser atribuída a determinadas características consideradas como inovadoras, singulares, e que são específicas ao lado Holocénico da sequência. Esta diferença de perspectivas, ou na hierarquia dos dados, produz naturalmente interpretações distintas sobre o mesmo processo histórico.
Sem que a continuidade do processo seja posta em causa, a percepção de que algo mudou na trajectória dos grupos humanos logo na transição para o Holocénico baseia-se no aparecimento de novos factos que não podem ser negligenciados porque se afastam dos padrões observados para as fases imediatamente anteriores e porque se manifestam à escala do território. Neste sentido, são as respostas inovadoras criadas pelo colectivo que devem ser realçadas e analisadas enquanto singularidades do processo histórico e que justificam um claro separar de águas.
Convidamo-vos todos a aparecer no MNA e assistir a este ciclo!