[Archport] Publicações credenciadas.
Eis uma boa notícia:
Nos últimos anos, a análise bibliométrica
da produção científica tem vindo a ganhar peso em processos de avaliação
individual e institucional, como instrumento para a aferição de produtividade
e impacto. Esta é, obviamente, uma análise que permite gerar indicadores
quantitativos, não substituindo análises de qualidade de cada uma das publicações.
Os instrumentos bibliométricos têm sido
alvo de crítica na avaliação da produção em Ciências Sociais e Humanidades,
uma vez que as bases de dados tradicionalmente mais utilizadas (Web
of Science e Scopus) cobrem muito insuficientemente a produção
nestes domínios, não refletindo de forma significativa os outputs
reais nestas áreas. Acresce que estas bases de dados incluem poucas publicações
nas línguas nacionais – para além do inglês – o que também contribui
para uma anulação de alguns indicadores de produção já que, em algumas
disciplinas, a produção nas línguas nacionais é relevante e tem impacto
mais elevado do que a publicação em inglês.
Conscientes destas limitações, alguns países
têm vindo a promover a construção de instrumentos alternativos para avaliação
da produção científica em Ciências Sociais e Humanidades. Na Noruega, foi
desenvolvido um procedimento que permitiu uma cobertura quase total da
produção científica.
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia,
em articulação com a Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
(DGEEC), à semelhança do que tem vindo a ser feito em outros países, pretende
implementar um sistema de recolha da produção científica em Ciências Sociais
e Humanidades, inspirado no modelo norueguês, mas construído a partir do
input dos investigadores.
Espera-se que, através deste projeto se
obtenha, por um lado, o registo de produção científica em Ciências Sociais
e Humanidades e, por outro lado, o desenvolvimento de um instrumento que
permitirá extrair um indicador de publicação adequado a estas áreas.
Neste sentido, será implementado um modelo
com as seguintes características:
1. Lista de revistas
e editoras relevantes construída a partir do input dos investigadores.
2. Classificação das
revistas e editoras em dois níveis: nível 1, englobando aproximadamente
80%, e nível 2, correspondendo aos 20% de qualidade superior.
A metodologia de implementação do modelo
será a seguinte:
A. Cada investigador
(que tenha respondido ao inquérito Careers of Doctorate Holders
2012 promovido pela DGEEC), receberá uma solicitação para responder a um
inquérito. Este tomará como ponto de partida a listagem de revistas e de
editoras de livros construída na Noruega.
Após selecionar a sua área de investigação,
cada investigador poderá adicionar ou remover revistas e editoras da lista.
B. Os critérios de
inclusão de revistas são, cumulativamente, a revisão por pares, a distribuição
acessível a uma audiência vasta e relevante de investigadores e publicarem
um número significativo de artigos de autores de mais do que uma instituição.
A adição de títulos com as características
indicadas é sempre aceite.
A remoção de títulos é bloqueada sempre
que uma publicação seja legitimada por pelo menos um investigador.
C. Numa segunda fase,
os investigadores receberão as listas de revistas e editoras resultantes
da primeira inquirição e serão convidados a identificar as que pertencem
aos 20% mais relevantes, isto é, aquelas que são consideradas pela comunidade
científica como mais prestigiadas na sua área e que publicam trabalhos
de excelente qualidade.
D. Na terceira fase,
a pontuação atribuída no modelo Norueguês a cada publicação em função do
canal e do nível é enviada para o universo de respondentes da 2.ª inquirição.
Esta classificação irá ser analisada e a pontuação final a atribuir a cada
publicação será a que reunir maior consenso entre investigadores.
Para que esta metodologia bottom-up
seja viável, é fundamental que todos os investigadores respondam ao inquérito,
sob pena de não se obter uma amostra suficientemente representativa.
Este trabalho está a ser coordenado pela
Fundação para a Ciência e a Tecnologia, em articulação com o Conselho Científico
das Ciências Sociais e Humanidades e a seguinte equipa:
João Costa (FCSH-Universidade Nova de Lisboa)
(coord.)
António Feijó (Universidade de Lisboa)
Cláudia Sarrico (ISEG – Universidade de
Lisboa)
Isabel Capeloa Gil (Universidade Católica
Portugesa)
Manuel Carmelo Rosa (Fundação Calouste
Gulbenkian)
António Carlos Valera
Direcção do Núcleo de Investigação Arqueológica - NIA
ERA Arqueologia SA.
Cç. de Santa Catarina, 9C,
1495-705 Cruz Quebrada - Dafundo
antoniovalera@era-arqueologia.pt
www.era-arqueologia.pt