A PEÇA DO MÊS O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo
de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objectos. Provêm eles
de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido
incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de
investigadores e coleccionadores. Todos os períodos cronológicos e culturais, e também
todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes,
neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA.
Às colecções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos
e regiões muito diversificadas. O MNA é ainda o museu português que possui no seu
acervo a maior quantidade de peças classificadas como “tesouros
nacionais”. Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas
colecções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que
fazemos, em cada mês que passa. PEÇA DO MÊS
COMENTADA Machado
Mirense Nº Invº 2005.180.1 Vale da Telha,
Alzejur A
apresentar por Luís Raposo, em 20 de Setembro de 2014 às 15h O Machado Mirense é uma das peças
mais características, e também mais enigmáticas, da Pré-História Portuguesa.
Possui uma distribuição geográfica limitada, já que se encontra somente no
litoral, entre as embocaduras dos rios Sado e Guadiana, com forte concentração
junto ao estuário do Rio Mira – e daí o seu nome. Pensou-se outrora que
poderia datar do Paleolítico, sendo uma peça para usar na mão, tal como o
biface ou o machado dessas épocas. Por isso se chama “empunhadura”
ao seu cabo e “cabeça” à sua parte activa. Mas sabemos hoje que
data de épocas mais recentes, podendo estender-se desde o Mesolítico até talvez
à Idade do Bronze. Neste contexto, tratar-se-ia de uma ferramenta encabada,
para usar em actividades agrícolas ou de marisqueiro, por exemplo, na escavação
de solos lamacentos, na recolha de bivalves. Este tipo de machados agrícolas,
fabricados por talhe e bojardagem da pedra, antepassados talvez do machado de
pedra polida, encontram-se em quase todas as culturas do Neolítico inicial da
bacia do Mediterrâneo e do resto do Mundo. Em Marrocos, são conhecidas peças
muito idênticas ao machado mirense, por vezes às centenas e até aos milhares,
em sítios arqueológicos do neolítico, sendo aí ligadas ao trabalho da terra e à
extracção de recursos como o sal. Machado mirense de tipo clássico. Grauvaque Alt.11cm; comp.21,5cm; esp.2,8cm Publ: Raposo e Penalva, 1987 Museu Nacional de Arqueologia – Sala Bustorff. Entrada
Livre
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