A PEÇA DO MÊS O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo
de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objectos. Provêm eles
de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido
incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de
investigadores e coleccionadores. Todos os períodos cronológicos e culturais, e também
todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes,
neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA.
Às colecções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos
e regiões muito diversificadas. O MNA é ainda o museu português que possui no seu
acervo a maior quantidade de peças classificadas como “tesouros nacionais”. Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas
colecções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que
fazemos, em cada mês que passa. PEÇA DO MÊS
COMENTADA ESTÁTUA DE GUERREIRO E 3398 (cat. 24) Outeiro
do Lezenho. Boticas. Vila Real A apresentar por Thomas Schattner, 8 de Novembro de
2014, às 15h A estátua de guerreiro,
sobre o qual se centra a nossa atenção pertence ao grupo tipológico dos
guerreiros lusitano-galaicos, que estão entre os maiores monumentos que o MNA
possui. Este grupo tem vindo
ultimamente a ganhar novo protagonismo na investigação devido à ligação que
evidentemente têm com estátuas do centro da Europa, pertencentes à escultura
monumental celta, evidenciando assim conexões através de toda a Europa em época
precoce. Os achados sensacionais destas esculturas celtas, que se conheceram,
também através da imprensa internacional, tal como as estátuas em tamanho
natural do Glauberg, no país de Hesse/Alemanha ou o “Homem de Hirschlanden” bem
como o “Guerreiro de Capestrano” (Alemanha/Itália) propulsionaram a
investigação e colocaram o tema da escultura monumental celta novamente no
centro das atenções. Há perguntas sobre a sua difusão, sobre a formação de
grupos regionais (estilos regionais), sobre os contextos, as dependências e nem
por último, sobre os critérios para uma datação. Trata-se de figuras
masculinas de pé em tamanho sobrenatural feitas de granito grosso. São
caracterizados como guerreiros através do escudo redondo que sustêm à sua
frente, da espada curta, bem como do capacete apertado. A base da figura é
formada por um plinto ou zócalo.
Os braços mantêm-se juntos ao corpo, as pernas esticadas. Usam uma vestimenta
curta tipo camisa que acaba por cima dos joelhos. No pescoço trazem um anel
aberto com as pontas engrossadas (torques). A expressão da cara é imutável.
Além destes paralelismos formais com a escultura céltica, existem outros como o
lugar de erecção da estátua ou a colocação das estátuas em pares. Realmente surpreendente
é a execução uniforme tanto quanto se refere ao seu tamanho como à sua difusão,
uma vez que se encontram no Norte de Portugal e na Galiza numa região pequena a
Norte do rio Douro até Pontevedra. Por diversas razões, as
estátuas não receberam no passado a atenção científica que lhes cabe. Depois da
primeira menção feita por Emil Hübner na Archäologische
Zeitung de Museu Nacional de Arqueologia – Religiões da Lusitânia. Entrada
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