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[Archport] A peça do mês de Novembro - Estátua de Guerreiro - A apresentar pelo Prof. Doutor Thomas Schattner

Subject :   [Archport] A peça do mês de Novembro - Estátua de Guerreiro - A apresentar pelo Prof. Doutor Thomas Schattner
From :   Maria Albuquerque <malbuquerque@mnarqueologia.dgpc.pt>
Date :   Tue, 28 Oct 2014 17:44:58 +0000

 

A PEÇA DO MÊS

 

O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objectos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e coleccionadores.

Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às colecções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.

O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças classificadas como “tesouros nacionais”.

Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas colecções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.

 

 

PEÇA DO MÊS COMENTADA

ESTÁTUA DE GUERREIRO E 3398 (cat. 24)

Outeiro do Lezenho. Boticas. Vila Real

A apresentar por Thomas Schattner, 8 de Novembro de 2014, às 15h

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A estátua de guerreiro, sobre o qual se centra a nossa atenção pertence ao grupo tipológico dos guerreiros lusitano-galaicos, que estão entre os maiores monumentos que o MNA possui.

Este grupo tem vindo ultimamente a ganhar novo protagonismo na investigação devido à ligação que evidentemente têm com estátuas do centro da Europa, pertencentes à escultura monumental celta, evidenciando assim conexões através de toda a Europa em época precoce. Os achados sensacionais destas esculturas celtas, que se conheceram, também através da imprensa internacional, tal como as estátuas em tamanho natural do Glauberg, no país de Hesse/Alemanha ou o “Homem de Hirschlanden” bem como o “Guerreiro de Capestrano” (Alemanha/Itália) propulsionaram a investigação e colocaram o tema da escultura monumental celta novamente no centro das atenções. Há perguntas sobre a sua difusão, sobre a formação de grupos regionais (estilos regionais), sobre os contextos, as dependências e nem por último, sobre os critérios para uma datação.

Trata-se de figuras masculinas de pé em tamanho sobrenatural feitas de granito grosso. São caracterizados como guerreiros através do escudo redondo que sustêm à sua frente, da espada curta, bem como do capacete apertado. A base da figura é formada por um plinto ou zócalo. Os braços mantêm-se juntos ao corpo, as pernas esticadas. Usam uma vestimenta curta tipo camisa que acaba por cima dos joelhos. No pescoço trazem um anel aberto com as pontas engrossadas (torques). A expressão da cara é imutável. Além destes paralelismos formais com a escultura céltica, existem outros como o lugar de erecção da estátua ou a colocação das estátuas em pares.

Realmente surpreendente é a execução uniforme tanto quanto se refere ao seu tamanho como à sua difusão, uma vez que se encontram no Norte de Portugal e na Galiza numa região pequena a Norte do rio Douro até Pontevedra.

Por diversas razões, as estátuas não receberam no passado a atenção científica que lhes cabe. Depois da primeira menção feita por Emil Hübner na Archäologische Zeitung de 1861, a investigação arqueológica só começou a dedicar-se a elas de uma forma efémera a partir de princípios do século XX. A partir daí formou-se uma opinião que as data em época romana, sobretudo devido às inscrições latinas, que se encontram em alguns dos mais que 30 exemplares conhecidos, e que foram o motivo porque Hübner se interessou pelos guerreiros lusitano-galaicos. No entanto, recentes observações permitem uma maior precisão na datação, pelo que se mostra claramente a sua origem pré-romana e parcial reutilização por médio da aplicação das mencionadas inscrições em época romana.

 

Museu Nacional de Arqueologia – Religiões da Lusitânia. Entrada Livre

 




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