A PEÇA DO MÊS O
Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na
verdade centenas de milhares, de objectos. Provêm eles de intervenções
arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido incorporados por
iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e
coleccionadores. Todos
os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a
mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as
peças etnográficas, estão representados no MNA. Às colecções portuguesas
acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito
diversificadas. O
MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de
peças classificadas como “tesouros nacionais”. Existe,
pois, sempre motivo de descoberta nas colecções do Museu Nacional de
Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa. A PEÇA DO MÊS COMENTADA Máscara Dembo (Angola) Nº E 6 882 A apresentar por Manuela Cantinho , em 21 de Junho de 2014 às
15h O
núcleo africano de âmbito etnográfico do MNA, embora modesto em termos
quantitativos, integra alguns objectos de extrema importância antropológica. A
chamada “região dos Dembos”, situada entre os rios Dande (Danje) e Bengo
(Nzenza), sofreu ao longo dos séculos uma evidente influência económica,
política e cultural do Reino do Congo. Influência identitária que se projectou
necessariamente na sua cultura material. Alguns Dembos (chefes) reclamavam a
sua ascendência neste reino, prestando-lhe “vassalagem” durante longos
períodos. Portugal
manteve com vários dembados (chefaturas), que constituíam e controlavam esta
vasta região a norte de Luanda, relações por vezes bastante tensas. Foi
precisamente durante uma campanha militar portuguesa ao dembado de Cacula
Cahenda (1913) que a máscara Dembo do MNA foi recolhida. De salientar que na
mesma acção punitiva os militares apreenderam outros objectos, que viriam a ser
oferecidos ao Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa. A
escassa literatura que existe sobre a etnografia dos Dembos das primeiras
décadas do séc. XX refere a existência de máscaras faciais de madeira pintada,
utilizadas pelos adivinhos-curandeiros. Cerca de sessenta anos depois, no
âmbito dos levantamentos etnográficos realizados na região, já só foi possível
obter meros testemunhos orais sobre estes objectos. Neste
sentido, entre as diferentes tipologias de máscaras utilizadas pelos Dembos,
esta será aquela que mais curiosidade suscita dada a sua raridade.
Circunstância que nos permite atribuir ao exemplar do MNA um interesse
reforçado. Museu
Nacional de Arqueologia – Salão Nobre. Entrada Livre |
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