A PEÇA DO MÊS O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo
de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objectos. Provêm eles
de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido
incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de
investigadores e coleccionadores. Todos os períodos cronológicos e culturais, e também
todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes,
neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA.
Às colecções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos
e regiões muito diversificadas. O MNA é ainda o museu português que possui no seu
acervo a maior quantidade de peças classificadas como “tesouros
nacionais”. Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas
colecções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que
fazemos, em cada mês que passa. PEÇA DO MÊS
COMENTADA Inscrição em
honra do imperador Augusto Nº E 6329 A apresentar
por José d’Encarnação, em 5 de Julho de 2014 às 15h Bloco paralelepipédico, de granito moscovítico,
com inscrição em honra do imperador Augusto. Foi descoberto por Borges de
Figueiredo na Academia das Belas Artes de Lisboa; publicou-o na sua Revista Archeologica e Historica (II 1888
p. 69), com a indicação de que, «pelas informações que pude obter», fora
encontrada A epígrafe reza o seguinte: IMP(eratori) · CAESARI · DIVI · F(ilio) · AVGVSTO PONTIFICI · MAXVMO · CO(n)S(uli)
· XII TRIB(unicia)
· POTESTATE · XVIIII VICANVS · BOVTI · F(ilius) SACRVM Ao imperador César Augusto, filho do
Divino, pontífice máximo, cônsul pela 12ª vez, no 19º poder tribunício –
Vicano, filho de Búcio. Consagrado. Datada do período entre 1 de Julho do ano
5 e 30 de Junho do ano E toda essa atmosfera culmina na escolha,
como remate, de um vocábulo impregnado de religiosidade: consagrado! Por outro lado, o facto de o dedicante
– porventura o notável indígena de quem partiu a iniciativa da construção
– singelamente se identificar através de nomes comuns mais acentua essa
fácil penetração da ideologia oficial. No ano em que se comemora o bimilenário da
morte do imperador, oportunamente se realça o valor documental desta epígrafe,
nesse âmbito a mais significativa da Lusitânia romana. José
d’Encarnação Museu Nacional de Arqueologia – Salão Nobre. Entrada
Livre Maria Praça do Império – Mosteiro dos
Jerónimos 1400-206 Lisboa |
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