... Que saudades eu já tinhaDo meu grande imperiozinhoSem racismo nenhum...Éramos todos tão unidosVieram as independênciasTivemos todos de fugir..._______________________________________________A segunda, 25/09/2023, 15:16, Alexandre Monteiro <alexandre.monteiro@gmail.com> escreveu:Claro que sim. Apesar de estarmos na net, nada melhor que citações de artigos contra declarações cheias de pontos de interrogação.Sim, fugiram da independência. Muitos milhares, como a Sita Valles e o José Van-Dunem, não conseguiram - ou não quiseram - fugir a tempo, e foram violados e assassinados pelos vencedores da luta colonial. Como aconteceu com milhares de ex-combatentes africanos, que lutaram no Exército Português e foram deixados para trás pelo Acordo de Argel, especialmente na Guiné-Bissau.Podemos continuar a discussão, que já retirei o ferrão de onde ele foi posto. :)Em seg., 25 de set. de 2023 às 15:06, Jacinta Bugalhão <jacintabugalhao@gmail.com> escreveu:A sério Alexandre?A enviar me citações?Logo, fugiram da independência???Vamos parar com isto. E deixar prosseguir a discussão séria.Que para variar está interessante.Tirando as ferroadas venenosas que não fazem falta nenhuma.JacintaA segunda, 25/09/2023, 14:40, Alexandre Monteiro <alexandre.monteiro@gmail.com> escreveu:" A segunda fase [de emigração africana], a partir de 1975 e até finais dos anos 80, corresponde aos novos fluxos gerados pela descolonização dos antigos territórios portugueses em África. É a fase da diversificação. Com as independências da Guiné-Bissau (1974), Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Angola (todas em 1975), aumenta o número de imigrantes africanos, mas sobretudo diversificam-se as suas origens. Os caboverdianos deixam de ser o único grupo com uma presença numérica significativa, formando-se contingentes de imigrantes de todas as cinco ex-colónias. Os novos imigrantes chegam ao mesmo tempo, e no mesmo movimento, que os mais de 500 mil portugueses e seus descendentes que residiam nas ex-colónias, nomeadamente em Angola e Moçambique, na altura designados «retornados», nome que entretanto passou à história. Os africanos que chegam nessa fase são como que retornados negros e mestiços. São pessoas que, no contexto da descolonização, por razões familiares, profissionais, políticas, optam ou são obrigados a vir para Portugal. Entre eles contam-se pessoas de famílias mistas, de portugueses e africanos; antigos funcionários de vários serviços da administração portuguesa nas ex-colónias; ou ainda homens que fizeram a guerra colonial do lado do exército português, especialmente na Guiné-Bissau, e que vieram para escapar à perseguição política, quando não à morte. Por todas estas razões, mais do que imigrantes laborais propriamente ditos, os protagonistas destes fluxos pós-descolonização podem ser mais adequadamente designados «luso-africanos»".Em seg., 25 de set. de 2023 às 13:21, Jacinta Bugalhão <jacintabugalhao@gmail.com> escreveu:Estava tudo a ir tão bem e certo, até que,... comunidades africanas racializadas estabelecidas hoje em Portugal - que resultam de (...) fugas à independência das ex-colónias africanas"Portantos, as comunidades africanas racializadas estabelecidas hoje em Portugal fugiram (entre outras causas) da independência das ex-colónias africanas.Maravilhoso!!!!_______________________________________________Alexandre Monteiro <alexandre.monteiro@gmail.com> escreveu no dia segunda, 25/09/2023 à(s) 11:03:Na verdade, não se trata de arqueologia. A arqueologia trata de materialidades. Pelas declarações dadas ao Público:1) "por este monte terá passado"2) "não se identificou qualquer documentação que faça referência a trabalhadores de origem africana"3) encontraram-se apenas "materiais (...) como moedas (...) porcelana chinesa (...) faiança (...)" sem qualquer ligação a escravos4) "a chegada do arroz a este território é ainda um mistério"5) "é muito provável que esta propriedade tivesse escravizados"6) "de [Cacheu] saíram muitos que vieram para Portugal, talvez alguns para o Sado..."se verifica pelas reticências dadas ao Público pelo Investigador Principal, que deste monte veio uma mão cheia de nada e outra cheia de ativismo.Materialidades? Aparentemente, zero. O que faz sentido - não estamos no Brasil nem nos EUA. Todos os escravos - romanos, eslavos, mouros, subsaarianos - que entraram no que hoje é território português foram há muito fenotipicamente absorvidos pelo resto da população, não podendo nós estabelecer um nexo causal direto entre as comunidades africanas racializadas estabelecidas hoje em Portugal - que resultam esmagadoramente de emigrações do século XX, fugas à independência das ex-colónias africanas e emigração laboral dos anos 90 - e a escravatura da Idade Moderna e Contemporânea.Quiçá por isso mesmo, por não haver materialidades, o Observador se tenha visto obrigado a ilustrar a notícia da Lusa que surgiu no seu site com as imagens de uma múmia pré-inca, encontrada no Peru....Na minha opinião, todas estas notícias em jornais são um mau serviço à arqueologia e à História, nada mais que um péssimo contributo científico, bom apenas para obter cliques nos jornais, construído sobre os velhos clichês de que há um tabu sobre a escravatura em Portugal - não há, tenho aqui em casa três estantes cheias de livros sobre o assunto - e assente na ignorância de quem lê Foucault e Frantz Fanon, não lendo fontes primárias e desprezando quem realmente sabe destes assunto - investigadores a sério, pessoas como Isabel Castro Henriques, Arlindo Caldeira, João Pedro Marques e Valentim Alexandre.Do meu ponto de vista, ao contrário do que afirma o IP, para se resolverem "as desigualdades sociais que continuam a marcar a sociedade portuguesa, do ponto de vista étnico-racial, étnico económico e social” é preciso agir com o nosso voto e a nossa agência cidadã, não instrumentalizando a arqueologia e a História, como fizeram Hitler e Estaline, aqui há umas décadas atrás. Até porque os fachos também gostam de mentir às cavalitas da arqueologia...Em dom., 24 de set. de 2023 às 18:12, Isabel Luna <misabel.luna@gmail.com> escreveu:_______________________________________________"Cada vez mais pesquisadores revelam que houve escravidão africana também na metrópole."
Alguém andou a faltar às aulas de História de Portugal ou, então, nunca consultou, sequer, coisas tão simples como registos paroquiais.Quando a Arqueologia precisa de notícias bombásticas para revelar ignorância e verdades de La Palice, é a própria disciplina que cai em descrédito.
---------- Forwarded message ---------
De: Rui Gomes Coelho <ruigomescoelho@gmail.com>
Date: domingo, 24/09/2023 à(s) 09:47
Subject: [Archport] Escavações arqueológicas revelam o passado escravagista de Portugal
To: Archport <archport@ci.uc.pt>_______________________________________________Escavações arqueológicas revelam o passado escravagista de PortugalAs imagens que mais vêm à tona quando se pensa em africanos escravizados é a do Brasil colonial, especialmente com as imensas plantações de cana e os engenhos. Faz sentido: estudos recentes estimam que foram trazidos da África para a colônia estabelecida por Portugal no Novo Mundo pelo menos 5,8 milhões de indivíduos escravizados entre os século 16 e 19 — quase a metade do total de toda a América.
Mas o passado escravagista português não se resume ao emprego de mão-de-obra forçada nas colônias. Cada vez mais pesquisadores revelam que houve escravidão africana também na metrópole — ou seja, em Portugal — no mesmo período.
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--_______________________________________________Alexandre MonteiroInstituto de Arqueologia e Paleociências (UNL)Av. Berna 26C1069-061 LisboaPortugal
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