[Archport] Património subaquático em questão

[José D´Encarnação <jde@fl.uc.pt>]

Imagine que dois ministros em gestão, já de malas feitas, decidem, com admirável sentido de urgência institucional, criar sub-repticiamente por despacho um “grupo de trabalho” que entrega o inventário e a implementação de medidas de monitorização, salvaguarda e proteção do património arqueológico do continente e ilhas à alçada militar.

Imagine que o que antes era exclusiva competência científica de arqueólogos do Estado passa agora a ser missão do Exército Português, com coordenação entregue ao Museu do Exército, mais a colaboração activa da GNR, da Polícia do Exército e, claro, do Batalhão de Paraquedistas.

Bom, na verdade não se trata do Exército. Mas sim da Marinha de Guerra.

E não é do Museu do Exército que se fala, mas sim do Museu da Marinha.

Usei esta analogia de forma deliberada - para que quem não é especialista em arqueologia subaquática possa ter uma noção clara da enormidade do que está em causa.

Mas a imagem mantém-se: basta imaginar o Exército a inventariar ruínas romanas em terra, com o apoio de blindados, para que se perceba melhor o grau de disparate que este despacho instituiu: https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/despacho/5725-2025-918884615

Anteontem enviei um alerta, com parecer técnico fundamentado, ao Ministério da Cultura e ao Ministério da Defesa.

Hoje saiu esta entrevista minha ao Açoriano Oriental.

Resistimos.

…..

Anexos: A entrevista de Alexandre Monteiro ao Açoriano Oriental, assim como o seu parecer em relação ao despacho.

 

(20250608-PT) Açoriano Oriental_page-0001.pdf
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Parecer_Despacho_Amonteiro_Junho_2025.pdf
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