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Re: [Archport] A propósito e despropósito dos Açores de de Ciência

To :   Maria da Conceição Lopes <conlopes@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] A propósito e despropósito dos Açores de de Ciência
From :   Jacinta Bugalhão <jacintabugalhao@gmail.com>
Date :   Sat, 16 Mar 2019 12:36:10 +0000

Subscrevo a opinião dos meus dois ilustres colegas.
Nas não me parece que sejam diversas do espírito que subjaz ao texto de opinião publicado num jornal (ou seja, dirigindo a um público alargado) pelo nosso colega e meu amigo Diogo Teixeira Dias.

Saudações arqueológicas

Jacinta Bugalhão

A sábado, 16/03/2019, 09:36, Mail UC <conlopes@ci.uc.pt> escreveu:
Raramente me pronuncio mas, neste caso, porque é da arqueologia como ciência e da ciência em geral que se trata, que me desculpe o António Valera pela apropriação, mas subscrevo totalmente a sua posição.


Maria da Conceição Lopes


No dia 14/03/2019, às 19:56, António Valera <antoniovalera@era-arqueologia.pt> escreveu:

Esta afirmação apareceu hoje na Archport, a propósito de alguns despropósitos sobre arqueologia nos Açores.

“A ciência não é uma democracia porque não se vale do número de vontades. Vale-se de factos, das hipóteses formuladas a partir deles e das conclusões. Tudo o resto é admissível em “conversas de café”. Não em congressos ou em revistas científicas."

Pois se estou completamente de acordo com a denúncia do que se afigura como um conjunto de fantasias e até posturas eticamente reprováveis, já não apecio a redacção no que respeita à noção de ciência que transmite. Porque o cohecimento científico também é (deve desesperadamente ser) democracia, ainda que restrita (à moda Grega clássica, onde só alguns se podem pronunciar sobre as formulações das suas verdades - já na aplicação destas o quadro alarga-se drasticamete).
A ciência constrói factos, levanta hipóteses e concluiu. Mas depois da conclusão há a fase do debate e da validação. E essa é feia por pares e de forma democrática, e não é infrequente as posições dividirem-se e a verdade ser “múltipla” e ver essa multiplicidade publicada e esgrimida em congressos e revistas científicas. Essa é, aliás, umas das virtudes do conhecimento científico face ao ortodoxo, que não admite desafio.

Em suma, que se denuncie o carácter acientífico e se desmontem os propósitos não muito claros das fábulas açorianas (recusando-as como indemonstradas, cientificamente pouco plausíveis e eventualmente maipuladaras e até pouco honestas relativamete ao que deve ser uma postura científica). Mas que com isso não se transmita uma visão ortodoxa de ciência, pois a sua mais valia reside, não apenas no método de investigação e anáise, mas também na dimensão de debate, questionamento e discordância que permite. E de onde retira grande parte da sua capacidade de progressão.

António Valera



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