Re: [Archport] Reabertura do MNA em 1980 e a (im)pertinência dos números redondos

[Vitor Oliveira Jorge <vitor.oliveirajorge@gmail.com>]

Colegas

A 1ª  licenciatura em Arqueologia deu-se na Faculdade de Letras do Porto.

O 1º mestrado em Arqueologia no país também se verificou na mesma Faculdade, esse antes até da licenciatura, no ano lectivo de 1989/90 (na verdade, devido a atrasos burocráticos, as aulas iniciaram-se apenas no início de 1990). Foi uma experiência exultante.

As variantes de Arqueologia e de História da Arte (que chegaram de início a funcionar unidas - creio que em 1977-78- , numa só variante), criadas para compensar a eliminação inicial de cadeiras dessas matérias num curriculum do tempo do ministro Sottomaior Cardia, foram por assim dizer um "remendo" temporário de algo que parecia inevitável: arqueologia, história da arte, história, como cursos independentes, sempre com a possibilidade de quem neles se licenciasse procurar a interdisciplinaridade, mas abandonando um esquema obsoleto e bolorento de "ciências auxiliares de" ...

O desenvolvimento do ensino universitário no pós 25 de abril foi obviamente um grande avanço, criando a mais ou menos curto prazo autênticos arqueólogos, que se espalharam por todo o país. Era o começo de um volte face no amadorismo até então reinante. Mas como se sabe só com o caso Côa a arqueologia portuguesa foi reconhecida publicamente, sendo criada a profissão de arqueólogo. Por algum motivo o património arqueológico do Côa é o único em Portugal como tal reconhecido pela UNESCO.

O esquema de Bolonha, cidade universitária antiga e prestigiada tristemente ligada a tão grande erro, viria a revelar-se altamente prejudicial ao ensino, nomeadamente da arqueologia, ao contrário do êxito de outro programa europeu, o programa Erasmus. Entretanto, através de várias vicissitudes conhecidas, o Estado português nunca teve condições para administrar o nosso património arqueológico, o que desde logo implicaria algo a montante: a regionalização do território, que tarda. Claro que isto daria para longos debates e cada protagonista tem, saudavelmente, as suas posições e convicções. A arqueologia como serviço público é algo que falta cumprir em Portugal, e devido à tendência neoliberal tem também vindo a recuar em todo o mundo, mesmo em países com tradição secular, como sabemos.

Cordiais saudações

Vítor Oliveira Jorge

Em qua., 16 de dez. de 2020 às 13:12, Fernando Coimbra coimbra <coimbra.fernando2000@hotmail.com> escreveu:

 

1980 foi um bom ano!

Interessantíssimos os documentos enviados pelos colegas! Apesar de não ser arqueologia de campo, recordo que em Dezembro de 1980 teve início, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a Licenciatura em História, Variante de Arqueologia. Anteriormente existia apenas na Universidade de Coimbra, tendo começado, se não me falha a memória, em 1975.

Saúde!

Fernando Coimbra 

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De: archport-bounces@ci.uc.pt <archport-bounces@ci.uc.pt> em nome de jde@fl.uc.pt <jde@fl.uc.pt>
Enviado: terça-feira, 15 de dezembro de 2020 17:08
Para: archport <archport@ci.uc.pt>
Assunto: [Archport] Reabertura do MNA em 1980 e a (im)pertinência dos números redondos

 

Com todo o gosto, veiculo, a seu pedido, a reflexão do Dr. Clementino Amaro acerca da importância do ano 1980 para a história da Arqueologia em Portugal. – J. d’E.

 

O texto vai em anexo, assim como as duas imagens do PowerPoint.

 

De: Clementino Amaro <clementinoamaro@gmail.com>
Enviada: 15 de dezembro de 2020 16:53

Na conversa que tive com o António Carlos Silva sobre o conteúdo do texto, este diz-me a certo momento que  julga que o ano de 1980 marca definitivamente um antes e um depois na Arqueologia portuguesa.Verdadeiramente é o nosso "25 de Abril" com meia década de atraso...

Pertinente reflexão esta!

 

Um abraço,

Clementino Amaro

 

 

 

 

 

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