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Re: [Archport] Não chega já de precariedade na Arqueologia ?

To :   Archeo Red <archeored@gmail.com>
Subject :   Re: [Archport] Não chega já de precariedade na Arqueologia ?
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Tue, 3 Aug 2021 09:26:22 +0100

Enquanto houver arqueólogos dispostos a trabalhar por tostões, continuarão a receber tostões.

Em terça-feira, 3 de agosto de 2021, Archeo Red <archeored@gmail.com> escreveu:
Bom dia a todos.

Há muitos anos que sigo esta fantástica mailing list que tanto tem contribuído para a arqueologia portuguesa. Contudo, acho que não se tem abordado devidamente a temática da precariedade laboral na Arqueologia. 

Depois da Licenciatura e do Mestrado comecei a trabalhar há cerca de 5 anos numa empresa como "falsos trabalhador independente".  Acrescento que sempre trabalhei desde muito jovem de forma a garantir sustento para as minhas despesas pessoais e nunca assisti a nada igual. 

Gostaria de saber a opinião de boa parte dos utilizadores desta plataforma em relação à precariedade no sector da arqueologia empresarial / arqueologia em contexto de obra. 

Sei que é uma problemática que já dura há anos mas penso que é necessário fazer alguma coisa. Ao longo dos anos tenho vindo a assistir a um vai e vem de arqueólogos que acabam por desistir da profissão pela qual se dedicaram anos a estudar. Acho que estamos todos um bocado fartos disto. 

A precariedade laboral que se pratica no mundo da arqueologia tem-se revelado um enorme flagelo. Os recibos verdes não dão qualquer tipo de proteção social. Somos licenciados e mestres sem direito a férias, a subsidio de alimentação, a subsidio de natal, subsidio de desemprego, baixa médica, seguro de acidentes de trabalho, medicina no trabalho. Trabalhamos 8 horas por dia em ambientes perigosos e sem qualquer tipo de salubridade. E no final disto tudo, se tivermos sorte de trabalhar 21 dias por mês, porque toda a gente sabe como é que isto funciona " epá, agora esperas uma semaninha ou duas em casa e depois nós logo te chamamos", temos a felicidade de levar para casa um vencimento abaixo do ordenado mínimo nacional. 

Eu pergunto: NÃO CHEGA JÁ??

Não haverá nada que se possa fazer? Os profissionais de arqueologia encontram-se completamente desgastados. E no final de tudo quem paga é o património. 

Penso que os donos das empresas tem a obrigação de se sentar à mesa e discutirem esta matéria. É inadmissível continuarmos nestas condições. Tal como uma obra não se faz sem Engenheiros, também não se faz sem arqueólogos (quando necessário). Se esta obrigação está prevista na lei então como é que se explica tal disparidade salarial?? 
Eu não sei se já se aperceberam, mas nós temos a faca e o queijo na mão ou pelo menos podíamos ter. 

Eu não sei se isto vai para a frente que Ordens, Greves ou Sindicatos. Sei que este assunto merece a atenção de todos. É inaceitável continuarmos a tapar o sol com a peneira e continuar a assobiar para o lado.

Francisco Franzola 

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